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A apresentação foi muito legal e nos rendeu boas risadas. Eu não lembrava que gostava tanto assim de circo, principalmente dos palhaços. Há quem diga que eles são assustadores, mas eu acho que eles têm o seu valor e sabem como tirar boas risadas de quem tiver disposto a lhes dar uma chance. Assim que o espetáculo acabou, decidimos ir jantar em um rodízio de esfirras, mas não foi uma decisão fácil, já que cada um queria comer em um lugar diferente. O Bernardo desempatou.

-A minha mãe e o pai do Giovanni vão casar em um mês e eles deixaram eu chamar quem eu quisesse. -O Caique enfiou uma esfirra inteira na boca. -Quando eu chegar em casa envio o convite para vocês. Por favor, não me deixem aturar aquele inferno sozinho.

-Eu não dispenso uma boa comida de graça. -A Liara disse.

-Eu não sei se quero encontrar os amigos do Giovanni. -O Bernardo falou.

O Caique engoliu toda a esfirra antes de falar.

-Até onde eu sei, ele ainda não chamou ninguém. -Olhei para ele sem entender. Aquele grupinho não fazia nada um sem a companhia do outro. -Acho que o Bernardo cabeça de vento está fazendo bem para aquele idiota.

-Sério? -O Bernardo pareceu verdadeiramente surpreso.

-Nenhum babaca foi mais lá em casa recentemente, o que é ótimo.

-Será que você pode dormir lá em casa hoje? -A Liara aproveitou a conversa paralela que surgiu para sussurrar no meu ouvido. -Eu preciso conversar. -Ela olhou para o Caique e eu logo entendi o conteúdo da conversa.

Assenti sem pensar duas vezes.

O resto da noite correu bem. O legal desse grupinho recém formado com pessoas que antes nunca pensaram em ser amigos é que sempre temos assunto. Não é sempre que precisamos usar a falta de memória do Bernardo para engatar em boas conversas, a gente realmente tem assunto.

Na hora de ir embora, fomos em dois Ubers fazendo paradas para deixar cada um na sua casa. A última parada foi na casa da Liara.

-Pode falando. -Joguei-me na cama dela, após termos tomado banho e escovado os dentes.

Ela suspirou.

-Tenho certeza que ele é o cara da carta. -A Liara deitou a cabeça no meu colo sem olhar para o meu rosto, o que foi ótimo, pois não consegui disfarçar minha expressão.

-É? -Foi a primeira coisa que eu consegui pensar em dizer. -E se não for?

Ela levantou do meu colo bruscamente e me olhou.

-E se não for, eu juro que eu não me importo em quem seja.

Arregalei os olhos e abri um sorriso. Minha amiga está apaixonada.

-Por que você não fala com ele o que está sentindo?

-Eu tenho medo...

-Do Caique? -Ela olhou ao redor, confusa.

-Eu estou sendo uma idiota?

-Claro que não, Liara. Você sofreu no seu antigo relacionamento e isso te deixou um medo em confiar nas pessoas, mas isso não quer dizer que não tenha uma pessoa que seja digna da sua confiança.

-Ele é?

-Ele não chegou em você querendo ficar com você, chegou querendo ser seu amigo. Foi carinhoso quando vocês ficaram. Ele te mandou uma carta! -Falei essa parte empolgada demais.

-Então foi ele?

-Eu não disse isso! -Respondi rápido demais.

Droga.

-Não vem ao caso. -Completei. -O que importa é que dá para ver que ele se preocupa com você. -Segurei suas mãos. -Dá para ver que ele gosta de você.

-Igual o Bernardo gosta de você? -O que? Que? De onde a Liara tirou essa ideia ridícula?

-O que? Não! Ele não gos...

A Liara caiu na gargalhada.

-Você pode negar e até se fingir de desentendida, o que é super compreensível, mas não tem como dizer que o Bernardo não sente nada por você.

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora