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Uma semana se passou sem grandes novidades. Meus dias foram resumidos em ir para a escola, aturar os amigos do Bernardo, levar meu irmão na terapia, brincar com ele e estudar. 

Não vi muito o Bernardo essa semana, mas também não é como se eu tivesse ficado o procurando. Eu preciso focar no vestibular se eu realmente quiser passar para psicologia, não posso ficar arrumando motivos para me distrair nem usar tempo de estudos  para ficar pensando no meu vizinho. 

No sábado eu acordei com batidas na minha porta. 

-O que foi? -Minha mãe entrou no meu quarto e eu logo fiquei assustada. Ela não costuma me acordar nos finais de semana e o meu irmão não costuma bater na porta para me acordar.

-A Flávia falou que vai vir aqui com o Bernardo em 10 minutos. Ela disse que ele quer falar com você.

Comigo? O que o Bernardo quer falar comigo?

-Estou indo. -Joguei o edredom no rosto, não queria ter que acordar cedo hoje, pois ontem fiquei à noite inteira revisando geografia. Eu só queria dormir, mas admito que fiquei curiosa para saber o que o Bernardo quer comigo. 

Minha mãe saiu do quarto e eu não tardei para levantar. Fiz minha rotina matinal o mais rápido que eu consegui e logo estava na sala arrumando a mesa de jantar para receber a Flávia e o Bernardo, enquanto minha mãe preparava um café da manhã super elaborado para os nossos convidados. 

Ouvimos uma batida na porta e o Cae se prontificou a atender. 

-Oi, Cae. -Era a voz da Flávia. Ela estava carregando uma caixa embrulhada. 

Ele saiu correndo para o sofá, sem dar muita atenção para os convidados.

-Cae. - O repreendi. -Vamos falar com a Flávia? -Ele levantou do sofá e deu um abraço nela.

-Fala ai, Cae. -O Bernardo cumprimentou, mas meu irmão saiu correndo. Dessa vez não o repreendi. 

A Flávia e o Bernardo entraram. O Bernardo pegou a caixa da mão da mãe com dificuldade, pois segurava as duas muletas. A Flávia me cumprimentou com um abraço e foi até a cozinha encontrar a minha mãe, mas parecia que ela estava fugindo, querendo me deixar sozinha com o Bernardo.

-Você quer ajuda? -Perguntei ao ver que ele parecia quase cair com a caixa na mão. 

-Na verdade, isso é para você. -Ele não estendeu a caixa para mim, mas eu entendi que era para eu pegar. Isso ou ele ia acabar se desequilibrando e caindo no chão. 

Peguei a caixa com uma certa pressa. Em partes porque eu queria saber o que tinha ali dentro e em partes porque eu não queria que ele caísse no chão da minha casa. Era um pouco pesada. 

Abri um espaço na mesa que tinha acabado de arrumar e coloquei a caixa ali. O Bernardo se aproximou. 

-Obrigada. -Falei, embora sem saber o que tinha ali.

-Abre antes de me agradecer. -Ele estava com um sorriso enorme, tinha certeza que o quer que fosse eu iria gostar. 

Procurei a parte que o durex tinha sido colado, pois não queria rasgar a embalagem.

-Vai, abre logo! 

-Calma, Bernardo. -Falei rindo.

Abri a embalagem com carinho, sem rasgar e quando eu consegui ver o que era eu não acreditei. Não sabia se ficava feliz, assustada ou se recusava educadamente. 




De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora