Eu fico chocada com a falta de empatia de alguns profissionais que trabalham na área da saúde. Eu me coloquei muito no lugar da Flávia quando a vi sem informações sobre o filho dela. Obviamente que eu não estou comparando acidente de carro com o autismo do meu irmão, mas o fato de alguns profissionais não fazerem o mínimo esforço para te explicar algo ou te passar uma informação é real e é desesperador. Foram anos até fecharem o diagnóstico do Caetano e toda vez que eu reflito sobre esse processo, eu fico angustiada e ansiosa para eu estar logo formada em psicologia e ser diferente desses "profissionais" que mais servem para fazer um "des"serviço. O Cae precisou de muitos psicólogos, psiquiatras e fonoaudiólogos diferentes até conseguirmos achar quem se preocupasse de verdade em nos transmitir as informações de forma clara e com humanidade. Foi difícil achar profissionais que não o tratasse como um dado estatístico, mas sim como um indivíduo com sentimentos, qualidades e dificuldades. Meu irmão não é um número, assim como esses adolescentes não são só mais um grupo que dirige embriagado.Cada um deles tem família e pessoas que os querem bem e tendo em vista que isso não é nenhuma pesquisa científica, eles não devem ser tratados como números ou como se tivessem menos importância que um adulto que quebrou o pé caindo da escada. Seja quem for, eu vou defender o direito dessa pessoa de ser bem tratada, mesmo que esse alguém seja pessoas que claramente não querem o meu bem. Isso para não falar da Flávia, coitada.
Que tipo de ser humano (obviamente a Ângela) é capaz de ver uma mulher chorando sozinha de desespero pelo filho e não buscar uma informação concreta para oferecer? Ou ao menos um copo d'água! Isso é desesperadamente desesperador! O mundo precisa de mais empatia...
A Ângela não demorou muito a voltar e estava acompanhada de uma mulher, dada a cor da roupa parecia uma enfermeira. A cara da recepcionista não estava nada agradável, mas, pelo menos, trazia informações. A enfermeira, por sua vez, parecia mais amigável e empática.
-Bom dia, Sra. Soares. -Nós três levantamos quando a enfermeira Lívia (assim escrito no seu crachá) se dirigiu a nós. -Meninas. -Ela nos cumprimentou.
-Bom dia. -Respondemos juntas.
Notei que a recepcionista se afastou lentamente sem falar nada.
-Eu sou uma das enfermeiras que está acompanhando a cirurgia do seu filho e a Ângela me disse que não deram nenhuma informação para a senhora, por isso estou aqui. A Doutora Cláudia ainda está com o seu filho, mas assim que possível virá trazer informações.
A Flávia me entregou a xícara de chá e limpou o rosto.
-Como ele está? -Passei a xícara para a Liara e abracei de lado a Flávia, pronta para encarar qualquer resposta da enfermeira. Eu tinha que ser forte ao lado dela, ser seu porto seguro naquele momento. Em falar em porto seguro e apoio será que o Hugo vem? Será que um acidente do próprio filho será um bom motivo para fazê-lo voltar para casa?
-A Doutora pediu para informar que o seu filho está passando em uma cirurgia na perna esquerda, ele a fraturou em três pontos diferentes. Ele teve outros machucados também na pele, mas já foram limpos e suturados. Como ele teve que ir às pressas para a cirurgia, por estar com uma fratura bem feia, mas controlada, não conseguimos ainda realizar outros exames como uma radiografia e tomografia.
-Ele vai ficar bem?
-Confiamos em uma boa recuperação. -Essas pessoas que trabalham com emergências sabem como dar uma informação para não serem mal interpretadas. Essa resposta da Lívia não dizia que o Bernardo iria se recuperar com toda certeza, mas sim que tinha grande chance de se recuperar.
-A cirurgia vai demorar muito ainda?
-Não sei dizer ao certo, mais algumas horas.
A Flávia assentiu sem ter muito mais o que falar ou perguntar. A Lívia se despediu e sumiu em um dos corredores.
-Eu vou dar notícias do Bernardo para o pai do Giovanni, ele está preocupado também. -A Liara falou e a Flávia assentiu sorrindo, feliz por se preocuparem com a saúde do filho.
A Liara se afastou e nós sentamos.
-Acredita que o Hugo disse que não vem? -Ela havia conseguido parar de chorar, pelo menos por enquanto.
Meus amores, desculpa por não ter postado ontem!!
Mas vim aqui hoje e, como pedido de desculpas, soltei 3 partes para vocês !!!
Obrigada por todos os comentários e curtidas, continuem assim isso me ajuda bastante !!! E não esqueçam de deixar a opinião, sugestão e crítica de vocês !!!
Beijinhos e até amanhã
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De repente tudo mudou
RomanceAnne é uma menina inteligente, amiga e dedicada que dá duro para conseguir ajudar os pais a cuidar do seu irmão mais novo. Ela, com a sua família, mora na casa da família Soares, onde vive Bernardo, um garoto mimado, sem noção e que não dá valor as...