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Um mês depois...

Já faz um mês que eu comecei a falar com o Bernardo civilizadamente e isso é tudo. Nada aconteceu nesse meio período que vocês não saibam. Eu passava as manhãs indo para a escola, aturando desaforo do grupinho do Bernardo, mas com um porém... O Giovanni. Ele está tentando ser melhor agora e se afastou um pouco daquelas pessoas tóxicas. Toda semana ele vai na casa do Bernardo e eles passam o dia inteiro juntos fazendo sei lá o que. 

As minhas tardes continuam sendo voltadas para os estudos e para as terapias do meu irmão. Não deixei de estudar uma tarde sequer e na semana passada e nessa semana eu estudei até a parte da noite, pois eu tive uma semana de provas corrida na escola. Por isso, já faz mais de uma semana que eu vi o Bernardo pela última vez. A gente continuou se vendo à noite para ver filmes dias de semana e nos fins de semana, nos vemos esporadicamente, já que eu tenho outras ocupações para passar o meu tempo e ele também. 

Com esse mês que passou, você nem consegue mais dizer que o Bernardo acabou de sofrer um acidente. Ele tirou o gesso e está andando quase perfeitamente bem e se não fosse a longa cicatriz no rosto, ninguém diria que ele sofreu um grave acidente. Ele ficou de voltar para a escola há umas duas semanas, mas preferiu esperar as provas acabarem. 

Elas finalmente acabaram, digo, as provas. Hoje. E nada melhor para comemorar o final de duas longas semanas estressantes do que uma festa, ou melhor, um casamento. É amanhã que a mãe do Caique vai casar com o pai do Giovanni e eu estou muito empolgada para comer de graça. Outra novidade que rolou nesse mês é que a Liara e o Caique estão namorando e isso fez com que a mãe dele, colocasse minha melhor amiga para ser madrinha de casamento junto com o filho. Fiquei muito feliz pela Liara, ela merece tudo de bom que está vivendo.

Senti meu celular vibrar no bolso enquanto arrumava o meu quarto que ficou esquecido por duas semanas.

"Será que hoje podemos ver um filme?"

"Estou com saudade."

O Bernardo mandou duas mensagens, mas apagou a segunda em seguida. Tarde demais. 

Mas como ele apagou, eu não precisei pensar se eu seria sincera e responderia que também senti saudades dele. Mesmo com ele apagando a mensagem, eu não consegui deixar de sorrir ao saber que ele sentiu minha falta. 

"Eu posso escolher?"

"Vou quebrar o seu galho pq vc teve duas longas semanas."

"Você é um cavalheiro :)"

"Que horas você vem?"

Olhei para o meu quarto. Tinha algumas roupas que eu tinha que dobrar em cima da cama, os livros que eu tirei da estante estavam em cima da bancada onde eu estudo e o tapete estava enrolado em um canto porque eu ia aspirar o quarto.

"Pode ser agora?"

"Mal posso esperar para te ver"

"Já chego ai. Só vou tomar um banho"

"Ok"

Deixei meu quarto a zona que estava e fui tomar um banho, aproveitei para lavar e hidratar o cabelo para amanhã. Assim que acabei, fui para o meu quarto enrolada na toalha. Vasculhei as roupas em cima da cama e as que estavam no armário, mas parecia que nada combinava em ficava bom em mim. 

Bufei.

-O que eu estou fazendo da minha vida? -Falei para mim mesma. 

Revirei os olhos e peguei um short jeans, uma blusinha branca e o moletom do Bernardo, que por incrível que pareça ainda está comigo (e muito cheiroso). Saí do meu quarto. 

-Vou ver um filme com o Bernardo.

-Já arrumou seu quarto? -Ela perguntou rindo. Sabia a resposta, pois há uns quarenta minutos eu estava na sala brincando com o Cae e conversando com ela. 

-Quase isso, mãe. 

-Senta aqui rapidinho, filha. -Minha mãe bateu no sofá ao lado dela. 

Não discuti e fiz o que ela pediu.

-Você gosta dele? -Ela perguntou olhando no fundo dos meus olhos. -Porque parece que ele gosta muito de você. 

-Nã... Não. -Gaguejei. Merda. -Eu não gosto dele e ele não gosta de mim. Bem, não desse jeito que você está pensando. Somos amigos.

Minha mãe balançou a cabeça.

-Amigos? Sei. 

-Mãe, é sério. 

-Tudo bem. -Ela levantou as mãos se rendendo. -Amigos.

-Tchau, mãe.

Levantei do sofá e saí de casa.

Por que todo mundo deu de achar que eu gosto do Bernardo? Logo eu? A menina que ele fez de gato e sapato a vida inteira. Não foi ele. Bom, sim, foi ele. Uma versão babaca dele, mas ainda assim... Ele. 


De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora