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Uma semana se passou desde o fatídico dia. Ele estava para voltar para a escola, mas acabou que não voltou e depois de conversar com Flávia, decidiu que não voltará esse ano. Ele tirará o resto do ano para se dedicar a um curso de fotografia e ano que vem terminará a escola. Afinal, ele já perdeu algumas matérias e teria que correr atrás de muita coisa. No fim, achei uma ideia interessante, já que ele vai se dedicar a outra coisa que sempre amou e, pelo menos, quando ele voltar para a escola, aqueles idiotas já vão ter se formado. 

-É sua vez de jogar, Anne! - A Júlia falou, me despertando dos meus pensamentos. 

Decidimos fazer um churrasco na casa do Bernardo no sábado, para distrair um pouco. Há muita tensão no nosso grupo no momento. O Bernardo ainda está meio para baixo, a Júlia está chateada que o Diego não toma uma iniciativa e o Diego anda nervoso e meio aéreo. Eu até queria conversar com ele sobre a Júlia, mas ela me impediu de me meter, ela falou que quer que ele aja por conta própria, sem nenhum empurrão. Eu entendo e realmente espero que eles fiquem juntos, eles combinam e se dão super bem. 

Ficamos jogando e bebendo por mais algum tempo e, em algum momento, começamos a rir e falar bem alto, mas ninguém veio reclamar com a gente. Quando deu umas nove da noite, eles foram embora e eu e o Bernardo ficamos sozinhos, limpando a bagunça. 

-Foi legal hoje. -Ele comentou. 

-Somos um grupo estranho, mas de algum jeito dá certo. -Dei de ombros, colocando umas latinhas de tônica no lixo.

-É você quem une todo mundo. 

-Ah, não é mais assim.

-Mas você foi o começo de tudo isso. Você sempre está nas melhores coisas que acontecem na minha vida. -Ele me olhou e eu senti meu rosto enrubescer.

Ele sorriu e se aproximou, tirando o saco de lixo da minha mão. 

-Eu queria conversar com você. -Semicerrei os olhos. 

-Estamos conversando. 

-Não... Eu queria conversar sobre o que me disse sábado. -Ele olhou no fundo dos meus olhos.

Ah...

Sábado...

O casamento...

O eu te amo...

-Sabe, eu não consigo tirar as suas palavras da minha cabeça. Eu estou sempre tentando deixar você ir, mas algo sempre me puxa de volta.  Está sempre acontecendo alguma coisa que me mostra que eu não deveria desistir de você... Da gente.

-Não tem a gente... -Minha voz saiu em um sussurro.

-Nem você acredita mais nisso. -Ele segurou minhas mãos e deu mais um passo em minha direção. -Eu posso terminar de dizer o que eu ia te dizer aquela noite? -Ele deu um meio sorriso envergonhado. 

Minha cabeça mexeu levemente em concordância, mas foi tão sutil que se fosse outra pessoa, alguém menos observador que o Bernardo não teria notado. Mas ele notou... Notou e abriu um sorriso lindo.

-Eu te amo. -Estávamos tão próximos que eu pude sentir o hálito dele tocar o meu rosto. Suas palavras causaram um efeito devastador em mim. Meu coração acelerou de uma forma que eu jamais achei ser capaz, ainda mais por ele. 

Olhando em seus olhos eu podia ver quanta verdade tinha em suas palavras, era quase palpável e só eu sendo muito sem noção para dizer que ele tinha alguma dúvida do que estava dizendo. Essa é a verdade. A mais aleatória e pura verdade. 

-Eu seria o cara mais feliz e sortudo do mundo se você me deixasse beijá-la agora. -Ele acariciou o meu rosto e eu automaticamente fechei os olhos para sentir o seu toque.

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora