135. Crise Existencial

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Camila Cabello  |  Point of View




— O que foi?

— Vamos conversar lá. – Ela assentiu e entrou na sala. Entrei depois dela e fechei a porta.

— O que aconteceu?

— Você diz que odeia sua mãe e me pergunta o que acontece?

— Não acredito que ela foi me dedurar. Só pra você ficar braba comigo.

— Agradeça a ela por eu não ter dado uma surra em você. Você tem noção do quanto magoou sua mãe, Meredith?

— Ela não liga pra mim. Só quer saber de agradar os gêmeos. Só fala comigo pra me cobrar as coisas.

— Os gêmeos são crianças, ela te tratava igual quando você tinha a idade deles, mas agora você e Greg têm responsabilidades e ela faz bem em cobrar vocês. Ela fará o mesmo com os gêmeos.

— Não é isso. Ela não gosta de mim, como gosta dos outros.

— Mer... Você sabia que quando conheci sua mãe, ela namorava um cretino que a espancava por ciúmes e se ela negasse sexo a ele?

— Que horror, papa.

— É a realidade. Ela tinha roxos por toda a extensão do corpo dela. Ela só usava casacos compridos e ia à praia de roupa e mesmo assim ela quis ajudar ele antes dele ser preso. Sabe por quê? – Ela negou. — Porque ela tem um coração muito bom, ela não se importa tanto com ela, ela se importa muito mais com os outros.

— Isso é horrível, mas ela conheceu a senhora...

— Só disse isso para você ver o exemplo de mulher que você tem em casa. Agradeça a Deus por você ter uma mulher como ela para seguir os passos. – Ela olhou para os pés.

— Não quis dizer aquilo... Eu estava nervosa.

— Quando nos casamos, estávamos loucas para ter um filho. Nós tentamos muito, até o dia em que Lauren foi ao médico sem me contar e sua tia me liga desesperada, dizendo para eu vir aqui em casa e a consolá-la. Cheguei aqui e ela estava chorando como criança, pois no exame dela dizia que ela não podia ter filhos. – Mer começou a chorar. — Aquilo foi um baque, mas eu tinha que ser forte pra ela. Ela fez um tratamento e mesmo assim, a possibilidade de ter um filho era vaga. Passaram-se meses, o Greg chegou e nos conformamos.

Depois de muito tempo, sua tia, novamente, me liga dizendo que sua mãe estava no hospital. Voei para lá, morrendo de preocupação. Ela estava tomando soro. Ela me disse que estava grávida. Quando ela me disse aquilo, eu já senti que seria uma menina e parecida com ela. – Me ajoelhei em frente a ela e ela me encarou. — Você foi muito esperada, princesinha. Você é a maior vitória de Lauren, agora me diz, como uma mulher que te esperou tanto, lutou tanto para ter você, pode não se importar? Você nunca mais vai falar com sua mãe deste jeito. Ela não merece esse tipo de ingratidão. – Ela saiu correndo do meu escritório. Caminhei até a cozinha e ela estava abraçada a Lauren. Todos a olhavam assustados.

— Desculpe mama. Me perdoa! Não a odeio... Fui idiota em dizer isso, eu a amo mais que tudo. – Lauren começou a chorar também. — Você é minha heroína. – Foi então que Lauren desandou.

— Claro minha filha. Te desculpo, eu te amo muito. Me desculpe também.

— Não peça desculpa. A senhora é a melhor mãe do mundo.

— Obrigada minha filha.

— Ok. Vão as duas no shopping, fazer aquelas coisas de meninas e deixa que eu cuido das outras crianças.

— Obrigada, amor. – Lauren me abraçou forte. — Muito obrigada. O que você fez com ela?

— Contei os detalhes ocultos de nossa história. Ela só estava com ciúmes do seu apego com os gêmeos. Agora aproveite com ela. – Dei um selinho nela. — Mas não se canse, ontem não fizemos sexo e essa noite você tem que compensar. – Ela sorriu safada pra mim.

— Vamos mama? – Mer perguntou.

— Vamos. Beijinho. Amos vocês.

Todos responderam e depois fomos jogar bola.


×××


Uma semana depois do ocorrido entre Mer e Lauren, elas não discutiam mais. Era normal ter duas brigas por dia entre elas e agora nada.

— Já eu... Bom, estou me sentindo estranha. Na minha cabeça, eu sempre fui uma excelente mãe ou papa, tanto faz. Mas depois da Mer ter dito que odeia a mãe, mesmo que tenha sido no calor do momento. A dificuldade de entrosamento dos gêmeos e Greg ter mentido pra mim, me sinto um lixo de mãe. Foi como se meu castelo de cartas que demorei oito anos pra construir, tivesse a carta base, aquela que fica no meio, puxada e tudo desmoronou.

Agora estamos jantando, Mer está contando sobre uma colega que discutiu com o professor delas. Estou apenas concordando com a cabeça, mas não estou ouvindo uma palavra.

— Você acha que ela está certa, mama?

— Se ele a persegue deste jeito, ela está certa em se defender.

— E você, papa?

— Concordo com sua mãe. – Ela sorriu e seguiu comendo.

— Papa segunda temos uma prova, o Ralph e eu temos prova, ele pode passar o final de semana aqui?

— Peça essas coisas para sua mãe. – Ele assentiu. Meu bipe tocou. Era Débora. — Graças a Deus! – Todos me olharam
estranhando a empolgação, mas ultimamente é completamente sem sentido ficar em casa. Peguei as chaves do carro. — Vou trabalhar. – Sai e entrei no carro. Ocupar meu tempo onde realmente sou necessária.

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