152. De Papa pra Filha

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Camila Cabello  |  Point of View




Eu estava tentando arrumar o carro de Lauren... Sim. Novamente. É a última tentativa, pois estou com muita vontade
de trocar o meu também, então... Não estou me esforçando em conseguir. Mer está lendo na varanda, às vezes ela me olha e sorri. Ela terminou o namoro dela e não quis ir à aula hoje, pois tem medo de algum ataque de Isabelle chiclete, não físico, mas emocional, porque Isabelle ficou bem abalada com o termino, Mer disse que ela realmente não esperava isso. Ela contou isso para Lauren e eu ontem, após o jantar, mas depois do eu terminei com a Isa, confesso que não ouvi mais nada, pois a banda marcial começou a tocar no meu interior, enquanto meu eu oculto saiu pulando pelada de felicidade pela cidade e não consegui prestar atenção na história real. Depois Lauren me contou algumas coisas, mas ela estava passando creme no corpo e seminua, então não consegui me concentrar novamente.

O telefone de casa tocou e eu fui atender.

— Residência Cabello Jauregui.

— Sra. Cabello. Camila?

— Sim. É ela.

— Aqui é a Isabelle. – Momento constrangedor...

— Oi Isa. Como estão as coisas?

— Estanhas. E a senhora? Como está se recuperando?

— Muito bem. Obrigada por perguntar.

— Bom, Mer não veio hoje, provavelmente por minha causa, mas queria dizer a senhora, já que ela não me atende que podemos ser amigas. Não vou ser a ex, do tipo psicopata.

— Isso é bom. Mas Mer não foi por sua causa, é mais por ela. Ela quer pensar um pouco... Agora ela está lendo na varanda.

— Eu liguei para falar com a senhora mesmo... Não sei como perguntar... Isso é sem sentido, pois ela é sua filha, mas ela não comentou onde eu errei?... Queria saber por que não demos certo. Eu realmente gosto dela e não entendi muito bem a explicação dela... Só queria saber o motivo real. A Senhora não sabe?

— Olha linda, a Mer conversa sobre esses detalhes com a Lauren. Eu sou mais ciumenta para essas coisas, como você
sabe... Se ela contou algo mais, foi para ela.

— Tenho mais dialogo com a senhora... Então, obrigada pela atenção. Desculpe se atrapalhei.

— Não atrapalha. Pode ligar quando quiser.

— Obrigada Sra. Cabello. Adeus.

— Até qualquer hora, Isa.

Desliguei e caminhei até a varanda. Sentei ao lado de Mer e passei meu braço por seu ombro e ela abraçou minha cintura.

— A senhora está imunda de graxa. Mama vai surtar...

— Estou com esse macacão ridículo. Se ela surtar vai ser por outro motivo.

— Papa!

— Desculpe, princesinha.

— Tudo bem. É bom ver esse amor de vocês... Isso nos dá esperança.

— Esperança?

— Sim. Maninho e eu sonhamos em encontrar um amor assim, vemos que vocês se amam só pelo jeito que se olham... É tão lindo ver vocês fazendo juras no café e se confortando quando uma precisa da outra. Maninho e eu temos o dedo podre.

— Não é isso, princesinha... O amor é algo que sentimos de verdade depois de maduros. Eu encontrei sua mãe quando
tinha 24 anos. Eu fiquei com muitas pessoas erradas também, assim como ela. Não apresse as coisas, aproveite essa fase. Não muito ou eu morrerei.

— Para papa! Não brinque com uma coisa dessas.

— Hey pequena. Tenho muito pela frente. Não vou deixar vocês. – Ela me apertou forte. — Apesar de ter quase estrangulado a Isa, eu achei ela uma menina legal.

— Ela é. Uma amiga sem igual, mas é muito grudenta.

— Só isso?

— Não sei, papa. Esse é o problema. Eu escutava o maninho falando eu sempre queria mais do Ralph e eu nunca senti
isso...

— Você não pode se basear pelo seu irmão. Cada pessoa ama do seu jeito. Veja seus exemplos... Sua mama e eu. Suas tias Cara e Tay. Renan e Demi. Sasha e Shay. Dinah e Normani. Troy e Ally. Me diz se algum desses casais tem algo em comum.

— Obviamente não!

— Então. Mesmo assim, não podemos questionar que todos se amam muito, mas cada um a sua maneira. Você não pode se basear no Greg... Você é você.

— Será que cometi um erro?

— Não. Ninguém comete erros quando segue a razão. – Beijei o topo da cabeça dela. — Já não posso dizer o mesmo quando seguimos o coração.

— Você já errou com a mama, papa?

— Minha pequena... eu só faço errar com ela. Eu queria ser a esposa madura que sua mãe merece, mas me torno uma criança de três anos as vezes.

— Quando você começou a namorar a mama, a vovó pensou que fosse por causa de dinheiro?

— Não... Nunca. Sua avó sempre gostou da Lauren. Lauren é tipo uma santa para ela.

— Você acha que a Isa só estava namorando comigo porque o pai dela trabalha para você e eles são interesseiros?

— O que? Não! Isso é irracional, minha princesinha. Eu vejo nos olhos daquela menina que ela gosta muito de você.

— Será? Talvez você esteja enganada e ela só queira uma promoção para o pai dela.

— Isso não é coisa sua. Você é boa demais para pensar nisso.

— Foi a vovó que falou. Ela disse que a maioria das garotas só quer status.

— Não acredito nisso... Minha filha, sua avó não aceitou a condição de vocês, porque eu sou presidente da empresa e ela disse que ter filhos gays vai manchar o nome da família no meio empresarial. Não dê ouvido a ela. Ela vai fazer de tudo para você e Greg assinarem o atestado de aliança hétero da cidade.

— Ela apresentou uma garota para o maninho.

— Como assim?

— Ela apresentou uma garota para o maninho. Ele saiu com ela, mas eles só conversaram e ela confessou ser uma
acompanhante de luxo.

— Não acredito nisso. Sua avó ultrapassou todas as barreiras. Não ligue para o que ela disser, seja você mesma, minha filha. Lésbica, gótica, emo ou hétero, mas seja por você, não pelos outros. Vou ter uma conversa com sua avó. Ela não pode se meter na vida de vocês assim, ainda mais nesse período que ficamos tão confusos. Não é errado, estamos fazendo uma campanha sobre isso na empresa... Estamos não, mas a Dé vai bolar algo pra mim.

— Você é incrível, papa. – Ela me olhou e sorriu. — Vou ligar para Isa. – Ela beijou minha bochecha e entrou em casa.

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