164. Se Declare

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Lauren Jauregui  |  Point of View




Estávamos no ginásio da escola. Camz está um escândalo em um terninho preto, com uma camisa social branca e os cabelos lisos. Eu estava com um vestido preto, com uns detalhes dourados. Greg e Rams estavam uns príncipes de tão lindos, os dois de terno. Mer, Nefer honraram o título de princesas. Lívia, Cara, Tay, Sasha, Shay, Matheus. Era uma grande família e todos estavam divinos. Eu estava grudada na cintura de Camz, que fazia o mesmo comigo, não sei quem estava mais possessiva esta noite.

Chamaram Greg, Lívia e Isabelle para eles colocarem a beca. Nós sentamos e eu estava possessa com esse bando de adolescentes cheias de hormônios quase atirando as calcinhas para minha mulher. Taylor não estava diferente e as cachorras nem notavam, o que dava mais raiva.

— Minha concorrente já está sobrevoando minha namorada. – Mer falou.

— Como?

— Aquela puta da colega do maninho, só falta agarrar a Isa a força e a cretina nem percebe.

— É assim. Elas sempre vão se fazer de sonsas. Sua tia e sua papa são iguais.

— Dá raiva.

— Muita.

— O professor conselheiro da turma fez seu discurso.

— Bom... Não vou me prolongar, o orador da turma deste ano é o Greg Jauregui Cabello. Pode subir ao palco Greg.

Nós gritamos muito para ele.

— É muito difícil falar por um grupo de pessoas tão diferentes entre si, mas posso tentar por simplesmente ter convivido e dividido tanto tempo com elas. Enfim, hoje estamos aqui para celebrar formalmente o fim de uma etapa fundamental de nossas vidas. Algo que, confesso, não víamos a hora de passar. Mas em um dia muito próximo, ainda nós viraremos para trás sentindo saudade, e até diremos erroneamente a frase “eu era feliz e não sabia”. Nós éramos e somos tão felizes, por tudo isso que nos foi dado, e nós sabemos. Alguns não vão se separar, vão para mesma faculdade e continuarão com a amizade, mas alguns, se encontrarão daqui ha alguns anos no supermercado e vão estranhar no começo, mas depois, os anos de convivência vão falar mais alto e vocês vão marcar um jantar ou algo do tipo. Bom... Vou encerrar esse discurso com algumas palavras de Nelson Mandela. “Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?” Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?... Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.

Todos o aplaudiram de pé e Camz deve ter ficado rouca de tanto gritar.

— Sei que todos queriam homenagear os pais essa noite, mas eles me permitiram abrir um parêntese neste discurso. Eu queria agradecer a minhas mães... Elas são as pessoas mais incríveis do mundo. Não são todos os que sabem, mas eu fui adotado ainda garoto por elas. Não sei o que aconteceu com meus pais biológicos, mas eu... Sinceramente agradeço. Se não fosse por eles, eu não teria conhecido essas pessoas iluminadas e nem teria a família perfeita que tenho. Eu amo vocês demais e agradeço a Deus por ter feito minha papa comprar o cappuccino da mama bem naquele momento.

Eu não sei o que seria de mim sem vocês. Vou abrir umas aspas aqui e acrescentar uma lição para o discurso da turma. Um cara chamado Salman Khan, ele é é um educador americano bengali, empresário e ex-analista de fundos de hedge. Ele é o
fundador da Academia Khan, uma plataforma online de educação livre e organização sem fins lucrativos. O cara é o cara mesmo. Ele usou esse pensamento em um dos seus discursos de formatura do MIT em 1962. “Você desejará ter passado mais tempo com seus filhos. Ter dito para sua esposa que você a amava com mais frequência. Ter tido mais chances de abraçar seus pais e dizer a eles o quanto você os apreciava antes da morte deles. Você gostaria de ter sorrido mais, gargalhado mais, dançado mais e criado mais. [Desejará] ter usado melhor os dons que lhe foram dados para “empoderar” outros e fazer o mundo melhor.”. Lindo, mas minhas mães não terão essa culpa, não existe um segundo na nossa casa que não estejamos nos declarando e expressando todo nosso amor uns pelos outros. Então essa é minha dica de hoje. Digam aos seus pais que os amam e façam-nos fazer o mesmo. Não vamos nos arrepender do que não fizemos. O mundo precisa de amor e posso afirmar que o amor que recebi de minhas mães podia abastecer o mundo. Vocês são meus exemplos e nunca vou cansar de dizer que amo vocês.

O ginásio quase veio a baixo, chegou a estremecer com a quantia de gritos. Não sei qual das mães bobonas estava chorando mais. Camz virou e me puxou pela cintura. Colou nossos lábios em um beijo intenso e ele estava salgado por conta das lágrimas. Quando nos separamos.

— Eu te amo! – Dissemos ao mesmo tempo.

Depois Greg se juntou a nós e choramos mais um pouco. Até começar a festa e todos fomos dançar. Camila não me soltou um segundo... E eu nem quero. Talvez se ela não fosse tão Camz... Eu não a amasse mais a cada dia. Com o Greg na faculdade, confessamos uma à outra que, um pouco da nossa missão, foi cumprida.

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