154. Greg?

859 62 0
                                    

Robert D. Jauregui  |  Point of View



Eu estava mostrando para Matheus que eu podia escutar música no último volume e ninguém me mandava parar. Quando a porta se abriu e Lívia entrou, ela franziu o cenho, pois o barulho é quase insuportável para um ser humano comum, imagina para um anjo. Eu fiquei tonto quando ela entrou, mas abaixei o volume.

— Oi Lívia.

— Oi Robert.

— Senta. Você prefere sentar na cama, ou aqui neste sofá?

— Mas você disse que ninguém pode sentar na sua cama... – Matheus falou.

— Sua irmã pode. – Eu respondi vidrado nela. Eu podia sentir a baba escorrendo no canto da minha boca.

— Porque só ela? – Matheus perguntou e eu fiquei pensando em uma maneira de tirá-lo dali. — Aaaaah Você gosta da mana? – Aquela peste disse sorrindo e eu o fuzilei com o olhar.

— Não fale besteiras, Ma. O Rob não gosta de ninguém... Ele é um daqueles pegadores.

— Que beija muitas garotas?

— Isso.

— Aaaaah. – Ele disse como se entendesse. — Vou ficar com a mamãe. – Ela assentiu e ele saiu do meu quarto.

— Então... Você curti musica eletrônica?

— Sim, muito. Você gosta?

— Gosto, mas prefiro rock.

— Rock é legal também. – Falei sentando ao lado dela.

— Seu quarto mudou muito... Eu era muito pequena quando vinha aqui direto.

— Pois é... Todos nos afastamos.

— Nós mais, pois você e Mer são unha e carne.

— Pois é...

— Jurei que vocês namorariam quando crescessem.

— Pois é... – Ela me olhou arqueando uma sobrancelha. Claro senhor “pois é”. Fiquei falando “pois é” pra ela. — Por mais que nossas mães não sejam irmãs de sangue, acho que nos consideramos primos mesmo assim. Somos primos mesmo. E ela é tão minha amiga que eu nunca a veria de outro jeito. Mas você e Greg eram bem próximos também.

— Sim... – Ela baixou o olhar. — Mas eu acabei gostando muito do Greg... Bem mais que amigo. Arrisco dizer que eu o amo.

— Ama? O Greg? – Isso foi um soco no estômago. Estúpido... Claro que ela amaria o Greg... O garoto inteligente e lindo. Quase beirando a perfeição...

Até então... eu não tinha noção do tamanho do meu gostar por Lívia, mas do jeito que suas palavras me atingiram, posso afirmar que gosto dela muito mesmo.

— Robert? – Olhei para ela. — Você está bem?

— Estou... Eu só nunca imaginei vocês dois juntos.

— Nem imagine... Ele é gay.

— Pois é.

Minha declaração foi um total fracasso. Dizer que ama alguém e ela dizer que gosta da mesma fruta que você é um pular no precipício. Mas fica a amizade... Meio estranha, mas fica. – Ela me olhou por um tempo. — Você está bem mesmo?

— Estou.

— Eu nem devia estar conversando sobre isso com você. Afinal esse lance de amores e dores não combina com você. Só estou te perturbando.

— Não. Eu só fiquei chocado mesmo. Eu vou ao banheiro...

— Eu vou para sala. – Assenti e ela saiu do meu quarto. Eu não queria ir ao banheiro... Eu só queria bater minha cabeça na parede.



Cara Delevingne  |  Point of View



Lívia voltou para sala e eu estranhei, mas seguimos a conversa. Quando escutei umas batidas na parede.

— Puta merda! – Eu disse me levantando.

— Corre lá, amor. – Tay disse quase desesperada. Entrei no quarto e Rob batia a cabeça na guarda da cama, coloquei minha mão entre a cabeça dele e a guarda da cama, esperando ele parar. Robert não lida bem com alguns problemas, a solução dele é ficar batendo a cabeça em, qualquer lugar. Ele diminuiu bastante isso depois que o levamos a um psicólogo, mas às vezes a pressão é tanta que ele não aguenta. Quando ele parou, ele me abraçou.

— Calma, filho. O que aconteceu? Ela te deu um fora?

— Ela ama o Greg. – Eu sorri.

— Ele é gay, atacante.

— Mas ela não disse que gosta dele ou que amava ele, ela o ama.

— Faça ela esquecê-lo. Ela precisa disso agora.

— Não sei... Ela disse que sou do tipo pegador e não entendo de amor e dores.

— Mostre o contrário. – A porta se abriu e Tay entrou, ele fica pior quando vê ela em situações como essa. Ela fica agoniada esperando passar para abraça-lo. Depois do abraço demorado.

— Vamos jantar. É feio deixar as visitas sozinhas. – Nós assentimos e saímos do quarto.

— Está melhor? – Sasha perguntou para Rob e ele assentiu.

— Vamos jantar?

No jantar, tudo fluía bem, conversas engraçadas, lembranças de pouco tempo atrás que parecem décadas. Rob pediu para se retirar e depois de um tempo, Lívia também. Tay foi ligar a TV para Matheus assistir e ficamos conversando mais.

— O que aconteceu com Rob? – Shay perguntou e Tay e eu nos olhamos.

— Bom... Parece que nosso filho está apaixonado pela filha de vocês.

— Isso é ótimo. – Shay falou.

— Sim... Seria bom que Lívia namorasse alguém de família. Mas não vamos poder ajudar, pois tudo que pedimos para ela, ela faz ao contrario. Está naquela fase rebelde sem causa. – Sasha disse.

— Fora essa paixonite platônica por Greg.

— Por isso Rob ficou abalado. Vamos torcer para que eles se acertem.



Robert D. Jauregui  |  Point of View



Eu estava na sacada do meu quarto e ouvi batidas na porta, gritei um entra e Lívia passou pela mesma.

— Pensei que estava ouvindo música. – Eu sorri.

— Pode colocar uma. – Ela foi até meus CDs, enquanto passava por minha playlist.

— Olha só... Um Guns perdido aqui.

— Eu disse que acho rock legal. – Ela colocou “patience” e colocou o volume no último. Tive que fechar a janela e o isolamento móvel da mesma. Ela começou a dançar e cantar com meu pente. Ela soltou o cabelo e sorria enquanto fazia o pequeno show.

Parece bobagem, mas estava tudo em câmera lenta. Minha mente fotografou todos os sorrisos que ela deu. Ela me puxou...

— Vamos dançar, Rob. Isso é música de verdade. – Ela disse e estávamos dançando. Eu a puxei pela cintura para perto de mim, ela estranhou no começo, mas depois sorriu e seguiu dançando.

Eu já havia ficado com muitas garotas, sem problemas, a maioria tomava a iniciativa. Toquei o rosto dela, deslizei meus dedos por suas bochechas e depois alisei seu lábio inferior com meu polegar. Ela estava me encarando, me aproximei um pouco e ela não recuou. Colei nossos lábios e ela levou a mão até minha nuca. Não sei quantas voltas meu estômago estava dando, levei minhas mãos até a cintura dela, eu sabia que elas estavam suadas e trêmulas. Nesse momento, eu confirmei o quão fodido estava por essa garota.

Aprendendo A Viver Onde histórias criam vida. Descubra agora