CAPÍTULO 1 - BORBULHAS DE LAVA

17 1 1
                                    

Enzo abriu os olhos e viu um céu que se transformava em noite rapidamente, mas mais rápido se transformava em dia novamente. Em sua cabeça havia um óculos de Realidade Virtual torto que cobria um de seus olhos. Ele o ajeitou e se distraiu com a metamorfose do firmamento. Seus ouvidos pareciam ter sido vítimas de uma grande explosão sonora, pois não escutava nada, o que lhe deixou imerso no espetáculo protagonizado com cenas estreladas pelas nuvens e nebulizadas pelas estrelas. Pouco a pouco, sua audição foi voltando à normalidade e Enzo começou a ouvir o som de bolhas estourando como se uma grande sopa estivesse sendo preparada por ali. Curioso, resolveu se levantar ao perceber que estava na borda de um buraco. Ao olhar dentro do buraco, Enzo viu um líquido alaranjado e denso que se movia rapidamente e provocava diversas explosões de bolhas. Uma delas assustou Enzo, que percebeu que estava em uma cratera vulcânica, e recuou alguns passos para se proteger, mas não pode ir muito longe. Sentiu o cano de uma arma em suas costas antes de ouvir a ordem clara que veio de uma voz feminina:

- Mais um passo e eu te empurro!

Receoso, Enzo preferiu apenas obedecer ao congelar no lugar que estava.

- Quem é você? - Indagou a voz feminina.

- Eu...Meu nome é Enzo Ritter Ludwig.

- E? - Continuou a mulher.

- E o que?

- O que faz aqui? - Questionou a voz feminina.

Enzo percebeu que não tinha ideia de como foi parar ali, já que sua última lembrança foi quando estava em seu apartamento experimentando um novo óculos de realidade virtual desenvolvido pela CamParty.

- Eu fui o capitão do time de Multistrike que se tornou campeão mundial de eSports - Explicou Enzo, mas a mulher não entendeu o que ele disse.

- Você é militar então? - Questionou a voz feminina.

- Não, sou um atleta gamer - Esclareceu o rapaz, estranhando o fato dela ter somente entendido a parte do capitão.

- Guei? - Disparou a mulher, sem a intenção de ofender Enzo.

- Não, não! Eu sou hétero. Longe de mim ser gay. Eu sou um gamer, uma pessoa que joga videogame.

- Eu não sei o que você é ou deixa de ser. Mas que seja bem longe daqui. - Esbravejou a mulher.

Enzo temeu que ela perdesse a paciência e o jogasse dentro da cratera, porém não sabia o que fazer, já que não tinha ideia de onde estava e nem como sair dali.

- Seria um prazer atender ao seu pedido, mas não tenho a mínima ideia de como sair daqui. Talvez você possa me ajudar... - Ele ia chamá-la pelo nome, mas lembrou que ela não tinha se apresentado - Como você se chama?

- Xica...Xica DuCongo - Antes que Enzo pudesse falar mais alguma coisa, a mulher emendou - Para sair daqui, é só tomar o mesmo caminho que tomou para vir pra cá. Simples.

- Você tem razão! E se eu...? - Questionou Enzo como se tivesse tido uma revelação profética ao mesmo tempo que ajeitava o óculos em seu rosto - Pronto! Me leve de volta pra casa!

Nada aconteceu. Xica observava o rapaz insistir mais algumas vezes antes de cutucá-lo com o cano da arma:

- Isso não tá funcionando! Seja lá o que estiver tentando fazer!

Enzo encolhe os ombros desanimado, fecha os olhos como se tivesse aceitado uma punição. Xica esboça um sorriso ao perceber a reação do rapaz.

- Eu mereço, depois do que eu fiz. Pode me empurrar ou atirar em mim. De qualquer forma, a lava vai finalizar o trabalho. - Lamentou Enzo.

- Pensava que você era uma entidade maligna, mas você não tem mesmo ideia de como sair daqui - Pontuou Xica ao mesmo tempo que tentava buscar alguma outra explicação para ele estar ali - Qual é a última coisa que você se lembra antes de vir parar aqui?

- Posso me virar para te contar? - questionou Enzo que recebeu mais uma cutucada em resposta, portanto continuou de costas para Xica. - Naquela noite, eu estava jogando videogame, mas meu celular não parava de tocar. Chegavam mensagens e mais mensagens...

Sete ErrosOnde histórias criam vida. Descubra agora