CAPÍTULO 31 - DOIS ANALISTAS EM APUROS

0 0 0
                                    

Muito longe de Recife e enquanto esperavam Ray chegar com a pulseira, Dra Macrona mostrou algumas imagens de sua expedição à Ratanabá, nos anos 80, para Valencina. Entre fotos que mostravam uma tribo Pataxó e trilhas pela floresta amazônica, uma delas chamou atenção da analista. A imagem mostrava duas mulheres abraçadas em frente a uma bela cachoeira. Uma delas, Valencina reconheceu rapidamente. Era a Dra. Macrona, mas a outra mulher não fazia ideia de quem era. E nem descobriria sua identidade tão cedo, pois ao questionar sua chefe sobre a foto, obteve a resposta ríspida:

- Não é ninguém! Essa foto não deveria estar aí.

A cientista tirou a fotografia da mão de Valencina e a guardou em uma gaveta enquanto um silêncio constrangedor se instaurou no escritório da Dra. Macrona. A quietude durou alguns momentos até que a porta foi aberta.

- Com licença, Dra Macrona? - Disse Ray ao fazer sinal com a mão para se referir a secretaria - Ela me falou que podia entrar sem ser anunciado.

- Trouxe a pulseira? - Perguntou a cientista antes de se levantar e se aproximar de Ray. Valencina faz o mesmo ao mesmo tempo que Ray tirava a mochila de suas costas e percebia que algo estava errado.

- Ué? Tá aberto? - Perguntou Ray a si mesmo, enquanto enfiava a mão dentro da mochila em busca da pulseira - Cadê? Não...Não é possível!

- O que foi, Ray? - Perguntou Valencina aflita.

- Ela...Ela sumiu! - Constatou Ray ao virar a mochila e jogar seus pertences no chão, porém nada era a pulseira - Me desculpe, doutora. Ela tava aqui dentro,  eu coloquei ela na mochila. Só se eu perdi ou me roubaram no...metrô.

- Você veio de metrô? Eu falei que eu pagaria carros para vocês transportarem o equipamento! - Esbravejou Dra. Macrona.

- Eu queria evitar custos, há boatos que o nosso setor vem sofrendo cortes. - Explicou Ray.

- Eu...Eu não sei nem o que falar! - Respondeu Dra Macrona - Como pode, meus dois melhores analistas, conseguirem perder os equipamentos em menos de vinte e quatro horas?

- Calma Dra Macrona! Eu sei que erramos, mas como você disse, vamos pensar nisso depois que resolvermos o problema. - Sugeriu Valencina. - Ray, as pulseiras têm GPS, certo?

- Podemos rastrear a pulseira e tentar recuperá-la! - Confirmou Ray enquanto tirava o notebook da mochila.

- Deixem que eu faço isso! - Ordenou Dra. Macrona - Capaz de vocês lerem as coordenadas erradas. Podem ir almoçar, depois conversamos!

- Tudo bem. - Respondeu Valencina enquanto Enzo apenas acenou com a cabeça e abriu a porta para a colega sair junto com ele. Deixaram a sala tão rápido que nem pegaram seus pertences.

Assim que os dois analistas saíram do escritório dela, Dra Macrona correu até a gaveta que havia guardado a fotografia dela com uma mulher desconhecida. Ela observou a imagem por algum tempo até que uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Fora dali, Ray havia entendido que o equipamento de Valencina também havia sumido, mas não sabia o que tinha acontecido em detalhes. Não quis perguntar nada dentro do escritório para não enfurecer sua chefe ainda mais. Mas agora, que estavam andando pelos corredores da Camparty, considerou um bom momento para se informar:

- Quer me contar o que aconteceu?

- Foi uma confusão enorme envolvendo meu namorado. Em resumo, ele acabou usando meu equipamento e você já sabe o que isso significa. - Respondeu Valencina.

- O que? Você deixou o idiota do Enzo viajar no seu lugar? - Disse Ray, espantado.

- Eu não deixei, foi uma...Peraí, como você sabe o nome dele? - Perguntou Valencina ao desconfiar de Ray.

- Bem, é uma longa história. Posso te contar em um bistrô novo, que abriu aqui perto! - Sugeriu Ray com um sorriso sem graça.

- Pode ser! Assim te falo sobre a profecia. Se você já acha que ele é um idiota, imagina depois que souber disso! - Aceitou Valencina enquanto se dirigiam para fora da empresa.

Sete ErrosOnde histórias criam vida. Descubra agora