Sete Erros

CAPÍTULO 34 - BARRACA ARMADA

Na mente de Elias, quando Enzo acordou, estranhou a sombra que o boi voador fazia ao passar por cima da ponte do Recife. Antes de se levantar, percebeu que estava mais animado do que devia. Já de pé, conferiu se estava muito visível o volume de sua calça. Concluiu que não estava tão aparente, mas por segurança, resolveu colocar uma das mãos na frente do seu corpo antes de se aproximar de Elias.

- Bom dia, capitão! - Disse Enzo, sem graça.

- Bom dia. Estou ocupado, não posso falar agora. - Respondeu Elias, sem se virar para Enzo.

- Então, eu vou...eu vou...- Disse Enzo olhando para os lados procurando algo que pudesse completar sua frase - Eu, apenas, vou. Tenha um bom dia.

Não se virou para o rapaz, mas Elias fez um sinal com os ombros o que fez Enzo se sentir desprezado por ser privilegiado. Mas na verdade, Elias também estava tão animado quanto ele, mas como fruto de sua imaginação, o volume de sua calça era muito maior que fora de sua mente.

Sem saber o que fazer, Enzo se lembrou dos turbantes de Xica que lhe mostraram o passado dela. Se encostou no parapeito da ponte para observar a água que estava calma e não parecia ter tubarões.

- Se eu achar um lugar que seja equivalente a caverna de Xica, pode ser que eu entenda melhor quem é Elias. Mas aonde que ele esconde seus segredos? - Falou em voz alta, para si, antes de olhar para uma das esculturas.

Correu até uma delas, a da deusa da Sabedoria, para tocá-la, mas nada aconteceu diante de Enzo. Repetiu o mesmo, com as deusas da Agricultura e da Justiça, obtendo o mesmo resultado frustrante. Caminhou até a deusa do Comércio, sabendo que não teria sucesso, mas, como estava na mente de uma pessoa, Enzo acreditou que nem tudo seguia uma lógica racional. Tocou na escultura de má vontade.

- Óbvio! Mais fácil eu perguntar pra ele de uma vez por todas.- disse Enzo antes de se assustar com o berro de Elias.

- MALDITO! - Gritou Elias, fazendo Enzo olhar através do canhão aos pés da deusa do Comércio e vendo o que acontecia no pátio, dentro do quartel do Sétimo Regimento de Artilharia do Recife.