CAPÍTULO 7 - UMA MENTE VULCÂNICA

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Sentados na borda do vulcão, Enzo ouvia atentamente o que Xica contava sobre o ritual realizado na fazenda do Dr. Benê, mas se surpreendeu quando a mulher falou:

-...E ao contrário de você, eu sei muito bem onde estamos.

- Onde? - Perguntou Enzo curioso.

- Essa é a cratera do vulcão Nyiragongo, localizado à oeste do Congo. Ou melhor, é uma representação da cratera.

- E como um vulcão do Congo veio parar em Salvador? - Disse Enzo, confuso com a explicação - E o que você quer dizer com representação?

- Cada parte desse lugar, desde a lava até as estrelas e nuvens do céu foram criadas a partir das minhas experiências e imaginação - Detalhou Xica, mas Enzo parecia ainda confuso - Você está dentro da minha mente!

- Peraí - Enzo se levantou e coçou seus cabelos loiros - Você tá falando que estou preso na sua mente?

- Não, estou falando que você invadiu a minha mente!

- Você concorda que isso não pode ser real? Digo, não tem como uma pessoa entrar na mente da outra. - Pontuou Enzo que buscava entender o que estava acontecendo. Ele coçava os cabelos loiros cada vez mais rápido enquanto caminhava pela sala. Xica o acompanhava com o olhar.

- Então não me resta dúvida que estou em uma simulação de realidade virtual - O rapaz olha em volta, pega uma pedra qualquer e a analisa - Uma realidade muito bem simulada, essa pedra parece ser tão real.

- Mas não é! - Respondeu Xica observando Enzo analisar cada canto da cratera. Ela se levanta quando percebe que o rapaz acaba de parar na mesa repleta de botões que piscavam luzes verdes.

- Ótimo! Controles! Deve ter algum botão que me ajude sair daqui. - Disse Enzo prestes a tocar na mesa - Qual deles deve me ajudar?

- Nenhum! Esses são os controles da minha mente e corpo. E você não deve mexer neles - Avisou Xica, sendo ignorada por Enzo que apertou os botãos, porém nada aconteceu.

- Opa! Quebrou? - Falou Enzo preocupado e envergonhado.

- Não, mas só funciona sob os meus comandos ou, se eu deixar que outros utilizem, como no caso de Latasha.

A discussão é encerrada quando ambos reparam um som de água escorrendo que vinha de uma mesa de canto, onde um astrolábio estava em repouso. Xica não deu muita atenção e se aproximou dos controles, mas Enzo estava curioso com o equipamento e questionou ao se aproximar do objeto:

- O que é isso?

- Um astrolábio. É um instrumento para calcular altitudes e profundidade através da posição dos astros. Mas aqui, na minha mente, ele funciona como as janelas da alma. - Apontou para o astrolábio que já havia parado de vazar água - Pode experimentar, coloque em seus olhos!

Desajeitado, Enzo tentou usar o astrolábio, mas não sabia bem como fazer, então Xica lhe mostrou onde deveria colocar seu olho.

- O que é isso? Parece a cabana que você falou mais cedo....São lembranças? - Perguntou Enzo sem tirar o astrolábio do olho.

- Não, é o presente! Estão tentando me acordar. - Explicou Xica.

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