CAPÍTULO 47 - A BANDEIRA DA REVOLUÇÃO

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Em frente ao Erário, diversos homens cuidavam dos guardas reais que capturaram durante a invasão, outros homens cuidavam de seus ferimentos e outros descansavam. Elias terminava de algemar Carvalhinho enquanto observava o mastro da bandeira que não carregava mais a bandeira da coroa portuguesa. Embora estivesse satisfeito com isso, ficou intrigado com a bandeira que fora erguida e se balançava com a brisa do mar.

- Não gostou da nova bandeira? - Perguntou Carvalhinho.

- Cala a boca. - Respondeu Elias antes de se certificar que o homem não fugiria. Em seguida, se aproximou de seus colegas Cabugo e Padre José, que ficariam no Erário enquanto o restante marchará para o Forte Brum.

-... Ouvi ele dizer que o documento já está pronto. - Disse o Padre José.

- Com todas as reivindicações... - Tentou perguntar o Cabugo, mas viu Elias se aproximar - Elias! Você se saiu muito bem naquela reunião.

- Obrigado, meu caro. Senhor padre, por que subiram uma bandeira branca e não a bandeira da revolução? - Questiono Elias.

- Bem...Tudo foi tão rápido que não consegui terminá-la a tempo. Entretanto, ela já está pronta para que vocês a ergam quando tomarem o forte! - Explicou o Padre José.

O trio de líderes percebeu que de dentro do Erário, saiu Domingues em direção a um escravo que lhe esperava em uma área afastada de onde os revoltosos se concentravam. Aliás, muitas pessoas curiosas, os observavam.

- Não confio nesse aí. - Disse Elias.

- Eu também não tenho muito apreço a ele, mas em nome da revolução, precisamos ignorar as nossas diferenças pessoais. - Disse o Padre José.

- O que será que ele tá fazendo? - Perguntou Elias ao ver Domingues entregando o bilhete a um escravo. - De quem pertence aquele homem?

- Deve ser de Maria Theodora. Domingues pode estar enviando um bilhete a tranquilizando. - Cogitou Cabugo.

- Conheço todos os escravos da família dela, não me recordo dele. - Respondeu o Padre José.

A conversa foi interrompida quando, de dentro do Erário, surgiu Leão Dourado provocando uma onda de gritos dos revoltosos indicando a animação deles em atacar o Forte Brum.

- Meus caros, a empreitada que realizamos, hoje,  demonstrou que nosso poder bélico é superior ao que o Governador tem para protegê-lo. E agora, com a tomada do Erário, também temos um poder financeiro superior ao do Governador. Porém, ainda sim, falhámos. Nosso objetivo principal era depor o Governador nas primeiras horas da manhã, mas, infelizmente, ele conseguiu fugi. E, como já devem saber, se escondeu atrás dos muros do Forte Brum. Então, por isso, convoco todos vocês para marchamos até lá em busca da Independência da Capitania do Pernambuco! Pela liberdade do Brasil! - Discursou Leão antes de receber como resposta gritos que repetiam suas últimas palavras.

Na ponte de Recife, dentro da mente de Elias, Enzo observava pelo canhão o discurso de Leão Dourado. Tirou seu rosto da boca do objeto e disse:

- Concordo com você em relação ao Domingues, mas eu acho que você tem que ficar atento a todos. Padre José e Cabugo parecem esconder algo de você.

- Por que você acha isso? - Questionou Elias.

- Eles falavam sobre alguém já ter preparado o documento. - Disse Enzo.

- Devem estar falando do documento formalizando a deposição do Governador. Mas duvido que ele assine. - Respondeu Elias.

- Se é o que você acha, não posso fazer nada. Mas eu ficaria de olhos bem abertos - Aconselhou Enzo.

- Chegamos ao forte! - Avisou Elias, quase como se ignorasse o que Enzo dizia.

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