CAPÍTULO 11 - CAMPARTY

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Em meio a uma selva de arranha-céus da avenida Faria Lima, uma placa indicava "CAMPARTY" em um complexo de dois prédios onde funcionava a maior empresa de tecnologia nacional. Muitos de seus funcionários eram famosos mundialmente, devido suas capacidades e projetos desenvolvidos pela empresa, mas a identidade do sócio majoritário é um mistério. Entre os corredores da fintech, corre uma variedade de teorias que vão de: serem geridos por uma sociedade secreta, extraterrestres ou, até mesmo, Lúcifer.

Quando Valencina foi admitida, depois de um processo seletivo longo e criterioso, não acreditava nessas teorias conspiratórias pois se fosse dona de uma empresa daquele tamanho, talvez se manteria às sombras também. A verdade é que naquele momento, a bela jovem, de pele negra que acabava de comemorar seus vinte e poucos anos, enfrentava uma fase difícil em sua vida. Estudava Física em uma instituição privada custeada através de uma vaquinha online feita por internautas depois que tiveram conhecimento da história da garota.

Havia sido aprovada em primeiro lugar, conquistando assim uma bolsa integral, porém os custos da vida acadêmica não poderiam ser cobertos por ela, nem seus familiares. Quando Lully contou sua história na internet, em poucas semanas, a vaquinha já tinha atingido o dobro da meta que havia sido calculada para sua sobrevivência durante os primeiros anos do curso. Além disso, conquistou alguns milhares de seguidores que passaram a acompanhar seu cotidiano além de cobrarem que tivesse um alto desempenho na faculdade.

Naquela manhã, Valencina aguardava ser chamada pela Dra. Macrona, na ante sala do escritório da cientista. Enquanto a secretária da mulher enfrentava problemas com a impressora, Valencina respondia as mensagens de seu namorado, Enzo:

- Às 19h00, no restaurante? - Perguntou Enzo

- Eu te falei que hoje ia ficar até mais tarde! - Respondeu Valencina depois de revirar os olhos.

- Então o jantar tá cancelado? - Continuou Enzo

- Não. Combinamos às 20h, não? - Digitou Valencina que percebia a secretária incomodada com o som das mensagens chegando.

- É mesmo! Consegue passar em casa para colocar aquele vestido que você comprou? - Pediu Enzo

- Eu ia com a roupa que estou. Se eu passar na sua casa, vou me atrasar para o jantar. - Explicou Valencina.

- Não tem problema! Quero que hoje seja perfeito! Então eu te espero o tempo que for! - Esclareceu Enzo colocando um coração ao final da mensagem.

- Já que vou para sua casa, podemos ir juntos? - Perguntou Valencina.

- Amor, você sabe que não dá! Mas eu peço um carro para você! - Respondeu Enzo, fazendo Valencina guardar o celular sem sequer responder ou reagir a mensagem. Mesmo que quisesse responder, não teria tempo pois a porta do escritório havia sido aberta e uma mulher negra, com rosto sofrido e cabelos curtos crespos, sorria ao ver Valencina:

- Valen? Vamos?

- Ah! Oi doutora! - Disse Valencina ao levantar e se dirigir para o escritório. Quando passa pela secretária, que ainda estava com dificuldade de usar a impressora, Valencina aperta um botão e, assim, resolve o problema da mulher - De nada!

A secretária não disse nada, mas, pelo seu olhar, era possível perceber que estava agradecida pela ajuda. Valencina seguiu seu caminho até que Dra. Macrona colocou a mão em seu ombro para levá-la para dentro da sala enquanto dizia:

- Entre, temos muito o que conversar!

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