CAPÍTULO 14 - FORMA DE MANIPULAÇÃO MAIS ANTIGA DO MUNDO

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Durante o trajeto entre o restaurante e o apartamento de Enzo, Valencina imaginou o que falaria quando o encontrasse, mas chegou a conclusão que o melhor seria ir embora sem dizer nada. Então quando chegou ao luxuoso prédio, no Cidade Jardim, se dedicou em reunir suas coisas pessoais para deixar aquele lugar e não voltar nunca mais. Pegou seus livros, a escova de dente, os cremes para cabelo, algumas roupas e colocou em um saco de lixo.

- Filho da puta! Maldito! Infeliz! Racista do caralho! - Dizia, repetidamente, Valencina quando ouviu a porta do elevador abrir. Carregando seu saco de lixo, apareceu na sala furiosa.

- O que você tá fazendo? É porque eu me atrasei para o jantar? - Perguntou Enzo, mesmo sabendo que ele estava errado. Valencina não respondeu, apenas pegou seu celular, apertou algumas teclas e jogou o aparelho em frente de Enzo.

- Acha isso pouco? - Desafiou Valencina.

Sem entender o que estava acontecendo, Enzo pegou o celular que reproduzia sua partida de "Multistrike" onde usava um termo racista para se referir ao avatar de seu oponente.

- Não. Peraí, não foi isso que eu quis dizer! Eu...Eu...Eu queria... - Tentou explicar, Enzo mas foi interrompido.

- Queria ser racista e conseguiu! - Valencina pega o celular e coloca o outro vídeo - E tem mais!

Enzo assiste ao segundo vídeo como se nem se lembrasse direito daquele dia. Mas assim que percebeu o que foi sugerido, tentou explicar:

- Esse vídeo tá editado! Quer dizer, não colocaram o final! Eu falei que não era uma boa ideia. O Muller ficou insistindo...

- Mas a ideia foi sua! Me pergunto o quão perturbado você é, para, em uma viagem com amigos, pensar em tacar fogo em outra pessoa! - Esbravejou Valencina enquanto colocava alguns livros dentro do saco de lixo.

- Quem te mandou isso? - Disse Enzo pensando em quem poderia estar por trás disso - Não tá vendo que tão tentando nos separar?

- Pode até ser, mas não posso ignorar o fato que você fez isso e ainda foi racista nesse joguinho bosta que você gosta! - Rebateu Valencina - Você é pior que seu pai, pelo menos ele não esconde seu lado ruim, então sabemos com o que lidamos.

- Não fala assim, Valen! - Enzo se levanta e tenta abraçar Valencina que se afasta - Pô! Eu te amo! Eu nunca falei isso pra ninguém!

Antes de se ajoelhar na frente de Valencina, Enzo tirou do bolso uma caixinha de anel.

- Essas três palavras que você usou são a forma de manipulação mais antiga do mundo. Essa caixinha aí, é a segunda - Disse Valencina olhando, furiosamente, nos olhos de Enzo. Em seguida, pegou seu saco de lixo e deixou o apartamento.

Enzo se sentou no sofá, próximo ao mini bar, colocou as mãos no rosto e os braços apoiados nos joelhos enquanto ouviu o som do elevador se fechar. Depois de alguns momentos, ele enxuga as lágrimas ao se levantar. Caminha até o bar e escolhe o primeiro uísque que vê, como se não se importasse em degustar a bebida, mas sim em se anestesiar.

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