CAPÍTULO 30 - A BANDEIRA DA REVOLUÇÃO

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No salão onde Leão Dourado fazia seu discurso momentos antes, agora já não tinha mais tantas pessoas. Cabugo dava tapas no rosto de capitão Elias Pedrosa, conhecido como o Pardo da Veneza Brasileira, para que acordasse. Assim que o capitão Pedrosa despertou, ele se sentou para se recuperar bebendo um copo de água enquanto observou o Padre José mostrar um rascunho, a todos presentes, de como será a bandeira da República do Pernambuco:

-...Escolhi o azul para representar o firmamento acima de nossas cabeças, independente de nossa origem. O branco representará a união dos povos: brancos e negros, comerciantes e escravos, civis e oficiais, que juntos fundarão a República do Pernambuco. Já o arco-íris, formado pelas cores vermelho, amarelo e verde, denota o início de uma nova era. A era do Brasil Independente.

- E os símbolos, padre? - Questionou Domingues.

- Ah, sim! A cruz, embora possa ser confundida com a religião, na verdade, faz referência ao primeiro nome do Brasil, Terra de Santa Cruz. Já o Sol, com seu brilho e poder iluminará o futuro dos brasileiros enquanto as estrelas, representam as capitanias que aderirem ao movimento. - Terminou de explicar o padre José.

- Por isso, só tem uma estrela. Só Pernambuco aderiu ao movimento. - Apontou Domingues.

- Assim que a Revolução for deflagrada, outras capitanias vão aderir! - Concluiu o Padre João antes de voltar a costurar os elementos na bandeira. A essa altura, Elias já havia se recuperado do desmaio e observava atento as explicações do Padre. O Leão Dourado, ao notar que o homem já estava bem, se aproximou dizendo:

- Tá tudo bem aí?

- Tá sim, comandante! Eu apenas tive um mal súbito, acho que o calor da cidade somado ao calor da velas, acabou me causando esse mal estar. - Explicou o Capitão Pedrosa.

- Muito bem..Descanse essa noite, pois amanhã começará a revolução! E não podemos fazê-la sem você! - Disse o Leão Dourado.

- Fico feliz que você me veja como necessário, mas nenhuma revolução deve depender apenas de um homem, mas sim do povo desse homem. - Respondeu Elias.

- O que quer dizer com isso? - Questionou Leão Dourado, desconfiado.

- Que não se esqueçam dos anseios de meus irmãos. - Explicou Elias.

Soltou uma gargalhada tão alta que todos que estavam ali pararam para observar o Leão Dourado. Elias ficou por um momento desconcertado, mas não demonstrou.

- Sabe, Elias, esse seu hábito de se colocar no mesmo patamar que os escravos é muito lindo de se ver. Mas convenhamos que você é branco demais para ser preto.

- Quando convém aos brancos, pois quando é pra eu pedir a mão de qualquer dama da sociedade, os pais fazem questão de verbalizar que sou preto demais para ser branco. - Rebateu Elias.

- Você sempre com um argumento na ponta da língua que me faz ficar sem palavras, meu amigo! - Respondeu o Leão Dourado antes de se virar para todos os presentes - Dito isso, desejo uma boa noite de sono para todos! Te vejo no quartel, Elias.

Os presentes acenaram enquanto Leão Dourado deixava o local. Elias juntou suas coisas e, pouco tempo depois, também saiu em direção a sua casa. Ninguém sequer havia reparado que, em silêncio, escondido em um canto escuro, estava Carvalhinho atento a tudo que os líderes da revolução diziam.

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