CAPÍTULO 53 - DIVIDINDO AS FUNÇÕES

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Havia providenciado um laboratório improvisado próximo ao escritório da residência, mas Dra Macrona ocupou a maior parte de seu tempo escondendo alguns objetos, como fotografias, certificados, bibelôs, entre outros, que pareciam pertencer a outra pessoa. A cientista não queria que seus analistas fizessem perguntas que ela não tinha a menor intenção de responder.

Os objetos foram guardados, pela cientista, em um grande baú de seu quarto, mas, enquanto o trancava, ouviu o interfone tocar e correu para atendê-lo.

- Pronto? - Disse Dra. Macrona.

- Bom dia, Doutora! A senhorita Valencina e o senhor Ray estão aqui. - Avisou o porteiro.

- Pode mandar eles entrarem. Obrigada! - Respondeu a cientista.

Assim que desligou o interfone, Dra Macrona deu uma olhada geral, na sala de estar, na sala de jantar, na academia e até nos banheiros para ter certeza que não tinha esquecido nada, entretanto, deixou o escritório por último.  Ela não conseguiu checar o cômodo pois a campainha tocou.

- Sejam bem-vindos! - Disse Dra Macrona ao abrir a porta enquanto os visitantes entravam -. Eu preparei um laboratório improvisado, ali perto do meu escritório, mas usaremos, mesmo, o laboratório subterrâneo. De qualquer forma, esse aqui fica perto da sala de jantar, onde vocês podem se acomodar. Fiquem à vontade!

- Obrigada por nos receber Dra Macrona! - Agradeceu Valencina enquanto segurava um pacote nas mãos - Trouxemos pão de queijo e café pra você!

- Bem...A padaria mais próxima daqui, é meio longe... Não sei se o café está quente ainda! - Explicou Ray, sem graça.

- Não tem problema! Vou buscar alguns guardanapos e encontro vocês na sala de jantar. - Falou a cientista ao caminhar em direção à cozinha.

Acomodaram suas coisas na sala de jantar rapidamente, mas Valencina e Ray repararam em cada detalhe do ambiente. A analista olhava fotografias da chefe com diversas personalidades ou sozinha em diversos lugares do mundo.

- Estranho. Parece que alguns estão faltando. - Disse Valencina ao notar que a fileira de porta-retratos tinha buracos aleatórios entre um e outro.

Como não ouviu resposta do colega, Valencina resolveu servir o pacote de pão de queijo antes de abrir seu notebook enquanto Ray olhava os certificados presos à parede. Ele estava intirgado com o que viu.

- Você sabe quem é....? - Ray tentou perguntar, mas foi interrompido pela presença de Dra. Macrona.

- Guardanapos e café expresso! - Disse a cientista - Agora sim, podemos começar a jornada de trabalho.

- Esse café tá com um cheiro ótimo! - Comentou Valencina ao pegar uma xícara para si.

- Dra. Macrona, você parece tão leve! Teve alguma boa notícia? - Falou Ray antes de morder um pão de queijo.

- Não tive nenhuma boa notícia. - Respondeu Dra. Macrona antes de dar um gole no café e tentar procurar uma explicação - Deve ser por eu estar em casa, na empresa só tem filho da p... Digo, o ambiente profissional faz as pessoas serem suas piores versões, resta você escolher: ser engolida pelos outros ou se transformar na sua pior versão. Em casa, na presença de pessoas confiáveis, eu posso ser eu mesma.

- A senhora confia em nós dois? - Perguntou Ray olhando para Valencina.

- Confio. São os dois analistas mais jovens da equipe do Projeto Taquion. - Respondeu a cientista com um sorriso na boca - Claro que seus resultados, nos testes, contribuíram para eu não ter dúvidas.

- Até a gente causar essa confusão. - Disse Valencina se encolhendo na cadeira.

- Sabe o que faz um chefe ser um bom líder? - Perguntou a cientista, mas nenhum dos dois analistas respondeu. - Identificar os profissionais que fazem as coisas com paixão, mesmo cometendo erros. Sabendo disso, o líder deve ajudá-lo a aprender com esses erros.

- Ontem, não parecia que você pensava assim. Mas me sinto mais aliviada depois de ouvir isso. - Respondeu Valencina.

- Sobre ontem, eu peço desculpas se algum momento fui muito rude. Às vezes, os líderes também cometem erros e a função de quem é liderado por ele, é ajudá-lo a aprender com o erro também. - Falou Dra Macrona.

- Desculpas aceitas. - Disse Valencina sorrindo ao se sentir mais à vontade e determinada para trabalhar na busca por Enzo.

- Comigo tá tudo certo também. Mas sem querer colocar pressão, vamos começar a pensar em como reconstruir as pulseiras? - Sugeriu Ray ao abrir seu notebook.

- Ótimo! Para reconstruir, precisamos daquela lista de componentes utilizados no desenvolvimento dos equipamentos. Valencina, você...? - Tentou questionar mas a analista foi mais rápida que ela.

- Temos uma pequena parte em estoque, na Camparty, mas teremos que fazer o pedido da maioria deles. - Explicou Valencina mostrando a tela do inventário que aparecia na tela do seu notebook.

- Não se preocupe com a verba, compre tudo e peça para entregar com máxima urgência. - Ordenou a Dra Macrona.

- Está bem. Posso comprar em atacado? - Perguntou Valencina - Dúvido que eles aceitem vender somente uma peça.

- Pode, mas pede que assim que as primeiras peças ficarem prontas, mande que enviem para gente. - Explicou Dra Macrona.

- Certo. Vou pedir para entregarem na Camparty. E depois, peço pra entregarem todos os componentes aqui. - Disse Valencina

- Perfeito. Agora, precisamos pensar em mais um detalhe. E pode ser difícil de conseguir: - Falou a cientista - O DNA de Enzo. Alguma ideia?

- Valencina, você não tem nada do Enzo, na sua casa, que possa ter o DNA dele? - Perguntou Ray.

- Em casa, não. Ele...Ele nunca foi na minha casa. - Disse Valencina se sentindo constrangida de assumir isso na frente de sua chefe - Poderia ir ao apartamento dele, mas os capangas de Werner podem estar lá...Pensando bem, me lembrei que Enzo reclamou que seu pai havia confirmado sua presença em diversos eventos para que ele tivesse visibilidade antes mesmo da candidatura.

- E o que isso tem a ver com o DNA dele? - Perguntou a Dra Macrona.

- Um desses compromissos foi essa semana. Um evento em comemoração ao Dia Mundial do Doador de Sangue onde ele doou seu sangue. - Explicou Valencina.

- A essa altura o sangue já pode ter sido descartado. - Apontou Dra Macrona - Você sabe o laboratório que fez a coleta?

- Foi o laboratório Rupôney, um dos parceiros da Camparty. - Revelou Valencina.

- Perfeito. Ray, entra em contato com eles e verifica se a amostra foi descartada. - Ordenou a Dra Macrona - Se precisar que eu envie um email, você escreve e me manda que eu disparo da minha caixa. Prepara também uma apresentação do Projeto Taquion, afirmando que seria um novo GPS que testaremos para tentar localizar Enzo.

- Isso é possível? - Perguntou Ray ao dar um salto da cadeira.

- Não, o GPS pulseira só consegue localizar uma pessoa, se ela estiver usando o óculos, mas ninguém precisa saber que Enzo está usando um. - Explicou Dra Macrona - Bom. Eu tenho algumas reuniões sobre desenvolvimento da Inteligência Artificial pela Camparty e um spyware chamado Karmem. Portanto, vamos ao trabalho!

Enquanto os dois analistas começavam seus trabalhos, a Dra Macrona se levantou e foi para seu escritório, há alguns metros da sala de jantar.

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