Sete Erros

CAPÍTULO 76 - A PULSEIRA

Na mesa de centro de um apartamento modesto, na zona norte de São Paulo, um celular tocava freneticamente enquanto indicava na tela o nome Ray Mendes. Um dedo deslizou pela tela recusando a chamada, mas não era a dona do aparelho. Um homem vestido de roupas pretas e um capuz que lhe deixava apenas seus olhos visíveis, caminhou lentamente pelo espaço enquanto observava cada detalhe do local.  Decidiu ir pelo corredor ao ouvir o ranger do piso, vindo de um dos aposentos.

O misterioso homem abriu a porta do quarto bem devagar, mas não encontrou ninguém ali dentro. Olhou para a penteadeira onde pode ver uma caixa com o logotipo da Camparty, posicionada perto de algumas maquiagens. O homem se aproximou da caixa e, desesperadamente, a abriu sem pensar duas vezes. Mais uma vez não encontrou nada e jogou a caixa em qualquer canto antes de se aproximar da porta do banheiro.

Dessa vez, ao invés de abrir a porta, o homem resolveu colocar seu ouvido nela, para ver se ouvia algum som vindo de dentro do banheiro. O silêncio indicava que o local estava vazio, mas quando o homem estava quase retirando seu ouvido da porta, o som de algo caindo lhe chamou atenção.

O homem abriu a porta violentamente e encontrou uma mulher branca de olhos claros e cabelos loiros platinados que parecia ter adormecido no vaso sanitário. O homem concluiu que o som que ouvira era o braço da garota batendo na lixeira ao lado do vaso sanitário. Ele também sabia que ela não estava dormindo, mas sim em uma espécie de transe, provocada pelo uso da pulseira que estava no braço dela. Portanto, o homem não hesitou em arrancar a pulseira fazendo com que a mulher despertasse.

- Você é um filho de um puta! Eu vou foder com você.... - Dizia a garota ao despertar e perceber que estava de volta ao seu banheiro - Quem é você?

- Eu não sou ninguém. - Respondeu o homem enquanto segurava a pulseira e a observava.

- Me dê essa pulseira de volta! - Pediu a garota, em vão - Você não imagina para que ela serve!

- Pelo contrário, eu sei exatamente o que ela é. - Explicou o homem. - O rapaz que você xingava até agora, contou tudo para um amigo do meu chefe,  Alícia.

- Pois ele também me contou tudo sobre quem é seu chefe. - Ameaçou Alícia - Então me devolva a pulseira que eu esqueço quem ele é.

- É justamente por isso que estou aqui. - Disse o homem, demonstrando não temer a ameaça ao mesmo tempo que ele retirava de seu bolso uma pistola. - Preciso garantir que você esqueça quem ele é.

- Por favor, não... - Pediu a Alícia antes do homem colocar o dedo na boca dela a silenciando.

- Shiu...Não adianta implorar. Mas se te consola, eu te mataria mesmo que não tivesse tentado me coagir ao ameaçar revelar a identidade do meu chefe. - Disse o homem antes de apertar o gatilho.