CAPÍTULO 52 - DERRAMAMENTO DE SANGUE

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Sentiu uma satisfação ao ver os rebeldes se aproximando, já que sabia do envolvimento de sua amante com Elias, mas Luiz não revelaria isso naquele momento.

- Temos uma decisão, Luiz. - Avisou Leão Dourado.

- Sou todos ouvidos - Responde Luiz.

- Aceitamos a proposta em relação ao destino dos traidores. Mas vocês executam Carvalhinho e nós executamos Catarina. - Propôs Leão Dourado.

- Certo. Acho uma boa sugestão, mas desde que eu escolha o executor de Catarina. - Falou Luiz ao olhar para Domingues e Elias.

- Você que sabe. - Disse Leão tentando passar uma impressão de desimportância para a escolha.

- Sendo assim, o algoz de Catarina deverá ser....- Disse Luiz ao apontar na direção de Elias - Você!

- Já que você escolheu o carrasco, eu escolho quem será o primeiro traidor punido. - Afirmou Leão Dourado, sem deixar margem para Luiz responder - Carvalhinho será o primeiro executado.

A essa altura Carvalhinho orava em tom baixo, implorando a Deus para que tivesse piedade dele. Mas não adiantou, Luiz deslizou rapidamente a faca pelo pescoço do traidor.  Quem estava ali, só percebeu o que aconteceu quando viu o homem caindo ao chão antes de uma poça de sangue se formar em volta dele.

- Agora é sua vez, Pardo da Veneza Brasileira! - Disse Luiz ao dar um sorriso malicioso, observando um guarda real que aponta uma escopeta em direção de Catarina.

Enquanto Elias caminhava em direção à Catarina, em sua mente, Enzo estava aflito com o desenrolar da situação.

- E agora? Se vocês fugirem, ele vai atirar nela! - Gritava Enzo enquanto olhava pelo canhão de Hermes.

- É a única alternativa que pode dar certo. - Respondeu Elias enquanto fora de sua mente, se posicionava atrás de Catarina.

De um lado de  Elias estava Leão, do outro Luiz. Os olhos deles o seguiram como se tivessem a visão presa ao capitão. Das trincheiras, os homens mais fofoqueiros, colocavam a cabeça para fora, na tentativa de enxergar o que acontecia ali. O capitão colocou a mão em sua espada embainhada e enquanto a retirava dali, em sua mente, um plano era concebido.

- Mate Luiz. A guarda real vai ficar sem ter para quem responder. Se resolverem lutar, ficarão perdidos. Inclusive esse ai que segura a escopeta - Propôs Enzo, mas Elias não respondeu.

Ali na frente do Forte Brum, fora da mente de Elias, o capitão com a espada empunhada, deu alguns passos para frente, deixando Leão e Luiz um pouco atrás dele. Sem muito pensar, levantou a espada para o lado que o comandante estava.

- Pela liberdade dos brasileiros! - Gritou Elias antes de aplicar um golpe que passou longe de Catarina e alcançou o pescoço de Luiz.

A cena foi tão inesperada que até Leão se assustou e deu dois passos para dar espaço para a cabeça cair ao se descolar do corpo. Domingues se aproximou do comandante, igualmente chocado, vendo Catarina e Elias se abraçarem ao lado do morto.

- E agora? - Questionou Domingues.

- Resolvemos dois problemas com um golpe único de espada! - Respondeu Leão Dourado caminhando em direção aos guardas reais - Senhores! Como podem ver, a revolução triunfou. Resta saber se a coroa vai ordenar a retirada de vocês, ou se serão mortos em combate!

Depois de alguns segundos, um oficial saiu de dentro do forte, ordenando que seus homens entrassem. Não deixou o local sem antes de dizer:

- A Guarda Real se retirará da Capitania de Pernambuco!  O local está por conta própria, agora!

Ao ouvir isso, Leão sinalizou aos homens das trincheiras que a revolução havia acabado enquanto Domingues pegava, do corpo de Luiz, o documento assinado pelo Governador.

Atravessaram a praça, em frente ao Forte Brum, lentamente. Catarina e Elias caminharam em direção à trincheira ao mesmo tempo em que a nova bandeira de Pernambuco era içada, marcando o início da República do Pernambuco.

Enquanto isso, em sua mente, na ponte de Recife, onde o boi sobrevoava registrando tudo que Elias vivenciava naquele ano, o capitão dava saltos pela ponte como se fosse uma criança. Entretanto, Enzo mal teve tempo de se juntar ao capitão e desapareceu magicamente sem deixar rastros.

- Enzo? - Perguntou Elias ao parar de pular e perceber que o rapaz não estava mais ali. 

Sete ErrosOnde histórias criam vida. Descubra agora