CAPÍTULO 24 - O CELULAR DE ENZO

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Enquanto Xica percorria a cidade de Salvador, muito distante dali, Valencina encontrou a caixa da Camparty, em cima do bar do apartamento de Enzo, mas nada tinha dentro dela. Procurou em cada canto, mas não encontrou o equipamento. Empurrou o sofá na esperança de encontrá-lo ali, mesmo que soubesse que não haveria motivo para o óculos estar atrás daquele móvel. Enquanto isso, Lully escolheu o uísque mais caro do bar e disse:

- Indenização pelo sofrimento causado à Valencina!

Despejou o conteúdo da garrafa enquanto observava a caixa vazia, em cima do balcão, até que percebeu nomes escritos à mão. Ele virou a caixa para enxergar melhor e consegue identificar o que estava escrito: "Valencina e Ray". Lully arregalou os olhos, olhou para baixo para disfarçar sua reação e, em seguida, tomou um gole do uísque.

- Achei que você tinha vindo pra me ajudar a procurar. E não, para tomar uísque. - Condenou Valencina ao se sentar no sofá desanimada.

- Já reviramos esse apartamento todo. Enzo deve ter levado o dispositivo com ele. - Respondeu Lully.

- Eu tô perdida! Prometi a Dra Macrona que o Enzo não atrapalharia a minha atuação no projeto. - Lamentou Valencina.

- Calma, amiga!  O Enzo deve aparecer logo. Agora, vai tomar um banho e descansar um pouco. - Aconselhou Lully.

Ao concluir que isso era o melhor a fazer naquele momento, Valencina se levantou e observou a caixa da Camparty perto de Lully. A analista também reparou em seu celular, ao lado da caixa, e se aproximou do balcão para pegá-lo.

- Eu jurei que eu não ligar pra ele, mas isso é mais importante do que o meu orgulho - Disse Valencina ao ligar para Enzo, mas para sua surpresa, instantaneamente,  ela e Lully ouvem um toque de celular vindo ali mesmo, da sala. Os dois seguiram o som do celular até perceberem que ele vinha do sofá. Os amigos se entreolharam antes de começarem a procurar nos vãos do estofado.

- Achei! - Falou Lully ao puxar o celular do vão onde sua mão estava enfiada.

- Tem alguma coisa errada! - Disse Valencina tirando o celular da mão de Lully e tentando desbloqueá-lo, mas não conseguindo - Ele nunca sai sem o celular.

- Vamos às prioridades? - Perguntou Lully tirando o celular da mão de Valencina - Se você não achar o óculos, você vai ter que ir amanhã logo cedo até a Camparty para contar para Dra. Macrona. Então vai tomar banho e descansar, mulher!

- Mas e se aconteceu alguma coisa com o Enzo? - Perguntou Valencina ainda confusa por causa do efeito do álcool.

- Ele não é mais responsabilidade sua. Mas se ele não aparecer em quarenta e oito horas, vamos até a polícia. Com certeza, ele só esqueceu o celular antes de sair. - Conclui Lully ao levar Valencina em direção ao quarto.

Horas depois, o despertador  toca e Valencina acorda se questionando se não estava tendo um pesadelo. Ela coloca uma mão na cabeça enquanto com a outra desabilita o alarme. Havia tido um pesadelo horrível e ficou feliz ao acordar. Em seguida, confere as fotos da galeria do celular que revelam o que aconteceu durante a festa Batiiko e confirmam que tudo não se tratava de um pesadelo. Se levanta rapidamente e  sente tontura, mas cambaleia atá alcançar uma roupa. Estava quase terminando de se vestir quando escutou, vindo da cozinha, um barulho. Assumindo que poderia ser Enzo, Valencina se dirigiu rapidamente para lá.

- Ô seu idiota, cadê meu....? - Disse Valencina ao entrar na cozinha, mas não viu ninguém ali, somente uma frigideira nao fogo.

- Bom dia, Valenlinda! - Falou Lully que surgia de trás do balcão com alguns cacos de vidro nas mãos  - Derrubei um copo!

- Pensei que era o Enzo! - Disse Valencina ao se sentar na mesa que já estava preparada para o café da manhã.

- Preparei um café da manhã digno de uma celebridade: Tapioca doce e salgada! - Disse Lully

- Eu não estou com fome, só quero sumir. - Respondeu Valencina quase chorando.

- Nada disso! Minha mãe sempre disse que só consegue matar um leão por dia quem tá com a barriga cheia. Prefere salgada ou doce? - Disse Lully.

- Do que é cada uma? - Perguntou Valencina, percebendo que Lully tinha razão.

- A salgada é de presunto de parma e trufas, já a doce é de uva rubi. - Explicou Lully.

- Ele detesta que comam a uva rubi dele. - Ponderou Valencina.

- Considere como um pagamento de indenização por fazer você sofrer! - Sugeriu Lully em tom de brincadeira.

- Então eu quero duas, uma salgada e outra doce! - Definiu Valencina sorrindo. Lully tirou a tapioca salgada, que estava na frigideira, e serviu a amiga. 

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