CAPÍTULO 72 - A SOLUÇÃO DA PRINCESA

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No pequeno apartamento, com vista para os pontos turísticos britânico e francês, em que consiste a mente de Andrês, Enzo observa atentamente o desenrolar do baile através da luneta onde Roberto está, no escritório, sentado e preocupado com seu destino depois da confusão que se envolveu.

- É curioso a forma como o destino é pontual para evitar uma desgraça, não acha? - Perguntou Enzo.

- O que você quer dizer com isso? - Perguntou Andrês.

- Você sabe. Você e a princesa quase cederam ao desejo que sentem um pelo outro - Afirmou Enzo.

- O que eu sinto não é desejo. Não se trata de ceder a desejos, instintos, mas sim de perder a razão em decorrência da paixão - Explicou Andrês - Além disso, que certeza é essa que ela corresponde os meus sentimentos?

- Ué? Ela viu sua mão no parapeito antes dela tirar a luva e também repousar a mão ali. - Respondeu Enzo.

- Você acha isso mesmo? - Perguntou Andrês animado. - Queria ter a coragem de Roberto. Por mais arriscado que tenha sido suas ações, o rapaz não mede esforços para demonstrar seu amor por Judite. Mas isso é coisa de jovem, imagina um homem velho, como eu, agindo como um jovem?

- Isso não tem nada a ver. Não é por que você e a princesa já não são mais tão jovens, que não podem viver um amor. - Explicou Enzo - O que dificulta mesmo é o fato dela ser casada e pertencer a família imperial. Passariam a vida fugindo...

- Eu poderia enviar meus irmãos para Argentina antes e, depois, fugimos pelo continente até que seja seguro encontrá-los. - Cogitou Andrês - Inclusive poderia enviar Roberto e Judite para lá, assim os pais da moça deixariam o casal em paz.

- Você está falando sério? - Disse Enzo - Você acha que o Imperador não se sentirá traído? Além disso, será que Elizabeth deseja fugir?

- Claro que não estou falando sério. Jamais teria coragem de dizer esse plano em voz alta. - Comentou Andrês ao abaixar a cabeça.

Enquanto isso, fora de sua mente, no escritório do castelo da Ilha Fiscal, Roberto e Andrês escutam batidas na porta. O engenheiro abre a porta, deixando a Princesa Elizabeth entrar. Roberto percebeu que seu irmão olhava para  Judite e como ele olhava para a Princesa.

- Andrês, tudo já está resolvido. - Avisou a princesa - Roberto e Judite podem aproveitar o restante da festa em paz.

- Ótimo! Mas como acalmou os pais de Judite? - Perguntou Andrês.

- Disse que não seria bom para a imagem da família fazer uma cena durante o baile. Além disso, pedi que mandassem a conta dos vestidos para que o Império pague. - Revelou a Princesa Elizabeth - Quanto a você, Roberto, eu peço desculpas em nome dos guardas. Judite contou que eles insistiram que você estava a atacando, mesmo ela negando que esse fosse o caso.

- Tudo bem, majestade! - Disse Roberto fazendo a princesa ficar com o rosto vermelho e Andrês se desequilibrar ao se envergonhar - Deve ser por esse tipo de gesto que meu irmão ama você....Da mesma forma que todo povo brasileiro ama: por ter assinado a Lei Córcea!

- Então vamos, voltar para a festa? - Sugeriu Andrês ao abrir a porta novamente, desejando que aquele momento constrangedor acabasse, visto que a Princesa ficou corada com a fala de Roberto.

O jovem casal deu as mãos e saíram correndo pelo castelo enquanto os pais da garota, mesmo contrariados, se mantinham em silêncio, para evitar que a princesa voltasse atrás no acordo que fizeram. A Princesa Elizabeth e Andrês foram logo atrás, observando o jovem casal espalhando a alegria do amor juvenil pelos corredores do castelo.

- Princesa? - Disse o Visconde de Bronze Branco ao ver Elizabeth e Andrês retornarem ao salão de recepção - Fiquei sabendo o que aconteceu....Vou ordenar uma punição exemplar....

- Visconde, tudo já foi resolvido. - Disse a princesa de forma firme - Deixe aquele casal em paz, ouviu?

- Entendido. - Respondeu o Visconde, constrangido, antes de olhar para Andrês. - Ah! Senhor Relousas, o Imperador lhe aguarda na sala de xadrez para uma partida amistosa.

- Certo. Então é melhor eu não deixar o Imperador esperar mais nenhum momento. - Disse Andrês ao se afastar do Visconde e da Princesa Elizabeth, que ficou lhe observando passar por entre os convidados que dançavam alegremente.

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