CAPÍTULO 10 - LÁGRIMAS EM UMA FESTA

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Na mesma noite em que Enzo desapareceu magicamente de seu apartamento, do outro lado da cidade paulistana, a playlist demonstrava, através de uma seleção de músicas pop, que a noite era apenas uma criança. O dono do pequeno apartamento vestia um cropped rosa combinado com uma calça camuflagem. Também segurava uma taça de champagne, na mão direita, enquanto na outra, segurava um cigarro de maconha. Ele já havia dado alguns tragos, mas dessa vez a substância lhe provocou uma tosse, como se tivesse engasgado.

Em meio a fumaça, Lully, o dono do apartamento, ouvia batidas que se misturavam com o som da música e com as histórias malucas que as outras pessoas contavam naquela quitinete. Depois de algum tempo ouvindo as batidas, concluiu que não era efeito da maconha, mas que havia alguém na porta do apartamento. Então, o rapaz se dirigiu até a entrada do apartamento direcionando seu ouvido para a porta, em uma tentativa de confirmar que as batidas eram reais. Com a certeza de que não estava delirando, abriu a porta e deu de cara com uma garota chorando. Ela por outro lado, percebeu que havia muita gente no local e disse:

- Não sabia que você estava ocupado. Eu volto outro dia.

- Oxi! O que aconteceu? - Questionou o rapaz.

- Depois eu te conto, Lully. Não quero estragar sua noite! - disse a garota, dando meia volta, mas sendo puxada pelo rapaz.

- De jeito nenhum! Minha noite, ou melhor, minha vida seria estragada se, como melhor amigo, eu deixasse você ir embora nesse estado! - Explicou o rapaz enquanto levava a garota para dentro do apartamento - Vamos para o meu quarto!

Os dois atravessaram a pequena sala, mas algumas pessoas se aproximaram tentando cumprimentar a recém chegada, outras queriam saber o motivo dela estar chorando.

- Depois vocês conversam com a diva! - Avisou Lully antes de fechar a porta do quarto deixando alguns curiosos para fora.

Dentro do quarto, a garota nem reparou que havia um manequim coberto por um pano e foi direto para a cama, onde se deitou. Lully observava a amiga, que conhecia desde a infância, completamente desolada, mas não entendeu o que podia ter causado aquilo. Ele sabia que sua amiga era uma mulher forte, incrível, poderosa, inteligente e muitos outros adjetivos, mas concluiu que isso não significava que ela é imune ao sofrimento.

- Fala pra mim o que aconteceu, Valenlinda. - Disse Lully, de forma amorosa e usando o apelido que deu para a amiga, Valencina.

- Eu tenho mentindo para você, aliás, para todos... - Disse Valencina ao se sentar na cama e colocar as mãos no rosto em uma tentativa, ingênua, de se esconder de Lully.

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