CAPÍTULO 62 - MARCELO RELOUSAS

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Dentro daquele armário que fica no pequeno apartamento na mente de Andrês, Enzo, que havia se ajoelhado ao chão enquanto recebia todas as informações sobre a vida do engenheiro, se levantou e caminhou para fora do armário.

- Você também é filho de político. - Afirmou Enzo.

- Pra você ver. Meu pai também tinha essa aspiração de que eu ou Marcelo se tornassem políticos como ele. - Respondeu Andrês, limpando as lágrimas que apareceram em seus olhos - Quase que nós o matamos do coração quando passamos na Escola Militar.

- E vocês foram, mesmo, os primeiros brasileiros negros a se formar na Escola Militar? - Perguntou Enzo, curioso.

- Fomos, mas eu não queria ser pioneiro em nada, preferia que tivesse um monte de preto se formando em todas áreas. - Explicou Andrês.

- A propósito, eu, como branco, não queria ser aquele oficial que vocês encontraram durante o embarque para a Europa. - Comentou Enzo dando risada.

- O Marcelo era o oposto de mim. Completamente inconsequente, mas totalmente coberto de razão e bom humor. - Disse Andrês se sentando e olhando fixamente para uma das janelas. - Você sabe o motivo de minha mente ser esse pequeno apartamento? - Não, pensei que o veria em suas memórias, mas apareceu rapidamente, apenas. - Explicou Enzo.

- Esse é o lugar onde eu e Marcelo vivemos enquanto estávamos em Londres. Depois passamos uma temporada na França. Foram os anos que mais nos divertimos juntos. Éramos jovens sedentos por conhecimento, mas também por diversão. Passávamos os dias visitando diversos tipos de construções e, à noite, nós entrávamos em qualquer pub para se divertir!.

- Sinto muito pela sua perda. Vocês pareciam ser bem unidos, deve ter sido um período difícil. - Disse Enzo colocando a mão no ombro de Andrês.

- Foi. Perder ele e meus pais de uma vez, ainda mais nas condições que foi, fez eu me sentir culpado. Mas toda essa melancolia ficou para trás, depois que... - Andrês começa a falar, mas desiste.

- Depois que você se aproximou da Princesa. Eu percebi como você se sentiu naquela reunião sobre a Lei Crócea. - Sugeriu Enzo.

- Eu? Como eu me senti? - Disse Andrês, tentando disfarçar - Eu estava animado com a assinatura da Lei Crócea, apenas. 

- Se você diz. - Disse Enzo ao desistir da conversa - Eu aconselharia a não sufocar o que sente por ela, mas eu não tenho muita moral pra te aconselhar sobre isso.

- Eu não sinto nada por ela. - Esbravejou Andrês antes de voltar a se acalmar - Agora vamos parar com essa conversa, pois tenho que me arrumar para o baile.

- Ótimo, vou aproveitar para descansar um pouco. Essa coisa de acessar sua memória é bem cansativa. - Disse Enzo ao se deitar em uma das camas - Se bem que dessa vez, parece que estou menos cansado. Acho que estou me acostumando com isso. 

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