CAPÍTULO 29 - O BOI VOADOR

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Enzo ainda sentia a adrenalina de ter se vingado de Mathias, para proteger Xica, quando apareceu misteriosamente no mar. Se assustou com a mudança abrupta de ambiente, mas logo conseguiu se estabilizar dentro da água marítima. Percebeu que à sua frente, estava a imensidão do oceano e que o movimento da água o levava, pouco a pouco, para essa direção. Olhou para seu lado direito e sentiu alívio ao ver um pedaço de terra cheio de construções. Olhou para o outro lado, por desencargo de consciência, mas se surpreendeu ao ver outro pedaço de terra com construções.

Depois de olhar alternadamente para os dois lados, concluiu que a distância até as duas margens seria a mesma. Porém, antes de decidir para qual lado nadar, resolveu se virar para o lado oposto ao do oceano.  Percebeu que, mais próxima dele do que os pedaços de terra, havia uma ponte. Por baixo da ponte, Enzo ainda conseguiu avistar mais um pedaço de terra onde diversos bois pastam.

Decidiu ir em direção da ponte, mas Enzo não sabia que seria mais difícil do que imaginava chegar até lá. Assim que começou a nadar, não notou que diversas barbatanas vinham do oceano em sua direção. A cada braçada, Enzo se aproximava de um dos pilares da ponte da mesma forma que as barbatanas se aproximavam dele.

Finalmente alcançou a base do pilar e colocou sua mão, mas a água parecia fazer a mão de Enzo escorregar, pois não sentia firmeza em segurá-la e acabava caindo de volta na água. As barbatanas não estavam muito longe quando Enzo caiu pela segunda vez, mas uma delas adquiriu mais velocidade que as outras e logo alcançaria Enzo. Quando escorregou pela terceira vez, olhou em volta como se procurasse alguém para ajudá-lo, porém encontrou a barbatana que aumentava de tamanho cada vez mais dele.

- Tudo bem! Isso é só uma simulação! - Pensou Enzo, em voz alta, ao lembrar que se jogou na lava e nada lhe aconteceu. Porém o tamanho da barbatana fez com que ele não quisesse pagar para ver. Então, tentou mais uma vez subir pelo pilar, e mesmo com a mão escorregando, conseguiu tirar seu corpo todo da água. Entretanto, devido ao tamanho do animal, era melhor que ele escalasse o pilar o mais breve possível. Não demorou a fazer isso, conseguindo quase chegar no topo. Porém, ao dar o último impulso seu pé escorregou e ele ficou pendurado.

Olhou para baixo, com temor. Enzo pode ver a gigante barbatana, parada embaixo dele, enquanto as outras também não estavam muito longe dali. Viu o animal dar meia volta, para pegar impulso, então achou melhor se encolher e fechar os olhos, em torcida para que não o alcançasse. Mas o animal não o atacou naquele momento e, para o azar de Enzo, seus braços não eram tão fortes quanto pensava. Não aguentou muito tempo pois seus dedos começaram a se soltar, além do concreto parecer se tornar mais escorregadio.

Todas as barbatanas já haviam se aproximado e aguardavam o momento que sua vítima cederia e mergulharia em direção à suas bocas. Mesmo assim, uma delas resolveu atacar e saltou, de dentro da água, revelando sua boca. O tubarão bateu seu nariz na ponta do pé de Enzo, que por reflexo a empurrou. Em seguida, bateu no pilar antes de cair, novamente na água e fugir em direção ao oceano.

Sentiu um pouco de sorte ao ver o animal fugindo, mas Enzo sentiu azar ao saber que haviam muito mais tubarões ali. Estava pendurado apenas com uma das mãos. Não demorou muito para que outro tubarão tentasse um novo ataque, se lançando alguns metros acima em direção à Enzo que sentia seus dedos se descolarem do beiral da ponte. Sem alternativa, Enzo aceita seu destino, pedindo que aquilo seja apenas uma simulação. Deixa de colocar forças na única mão que o  segurava até que ela se soltou do beiral. Entretanto, ao invés de sentir seu corpo cair, em direção aos tubarões,  Enzo o sentiu ser puxado para cima, enquanto o tubarão dava uma mordida no ar. Sentiu seu corpo bater contra o chão da ponte antes de perceber um enorme peso em cima dele. Uma mão forçava o rosto de Enzo contra o chão duro, enquanto o dono dela montava em cima de suas costas.

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