CAPÍTULO 5 - BEM-VINDO A 1591

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 - ...E foi aí que você apareceu aqui! - Concluiu Xica ao terminar de ouvir o relato de Enzo. Ele ainda continuava sob sua a mira, na cratera vulcânica, quando ela continuou - Mas não entendi muitas coisas como o que é "Swatting", "Spyware", "Celular", "Realidade Virtual".

- "Swatting" é um hábito de alguns jogadores que descobrem o endereço de algum rival no jogo e mandam a polícia lhe fazer uma visita. "Spyware" achei que tinha ficado bem claro quando falei antes, mas por algum motivo acho que, mesmo que eu explique, você não entenderia.

- Pode até ser! Mas o que eu entendi é que você fica todo sensível quando fala sobre Valencina. Quem é ela? - Questionou Xica, curiosa.

- Ninguém... É minha empregada! - Mentiu Enzo antes de se arrepender, mas mesmo assim, não revelou a verdade.

- Então você tem posses? - perguntou Xica abaixando o cano da arma levemente.

- Tenho...Quer dizer, meu pai tem. Ele foi governador no Sul. - Explicou Enzo.

- Governou quem? Aquele fim de mundo é habitado por um total de zero pessoas. - Provocou Xica.

- Peraí, a região sul é a terceira região mais populosa do país! - Corrigiu Enzo, confuso com a seriedade com que Xica falava, mesmo sendo debochada.

- Eu não sei onde você anda se informando, mas todo forasteiro que chega aqui em Salvador diz que não tem nada de bom pra baixo de São Paulo - rebateu Xica que ficou surpresa com a expressão assustada de Enzo.

- Salvador? - Os olhos de Enzo saltaram de suas cavidades - Estamos em Salvador, tipo Bahia?

- Sim - Confirmou Xica - Onde achou que estava?

- Em São Paulo. Certo. Eu estava no meu apartamento e apareci aqui. Só pode ter uma única explicação: Isso tudo é um videogame de realidade virtual - Enzo resolveu se virar, pois pensou que não aconteceria nada de grave já que tudo não passava de um jogo. - Eu sabia! Não era uma arma de verdade!

Xica abaixa o pedaço de pau que carregava enquanto Enzo a media de cima a baixo. Em seguida falou:

- Eu precisei improvisar. Ninguém nunca conseguiu entrar aqui.

- Pelas suas roupas, dá para perceber que somos de épocas diferentes. Em que ano estamos? - Questionou Enzo, ainda analisando a aparência da mulher.

- Ué? Em 1591! Que ano mais seria? - Falou Xica como quem estivesse contando algo óbvio para Enzo.

- É por isso que você não entendeu nenhum desses termos - Concluiu Enzo ao perceber que pouco mais de quatrocentos anos separavam ele e Xica - E se estou em um game, você não é real, apenas um avatar!

- Eu ainda não entendi o que é avatar, mas posso te garantir que sou bem real! - Respondeu Xica de forma irritada.

- Então prove!! - Ordenou Enzo - Me conte como chegou aqui.

Xica deu uma volta na borda da cratera e se dirigiu até uma mesa repleta de botões e joysticks. Enzo a seguiu e ficou encantado com a mesa. Isso fortificou sua teoria de que tudo não passa de um game. Ela puxou a cadeira e começou a contar enquanto esfregava, nervosamente, sua mãos negras:

- Eu estou aqui desde sempre, mas vou lhe contar o que aconteceu comigo, fora daqui. Eu e Joanne, uma amiga, havíamos sido chamadas na Fazenda do Dr. Benê para ajudar a curar a filha dele...

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