CAPÍTULO 42 - O TOQUE DO CÔNSUL

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Havia chegado ao Brasil fazia alguns dias, então Tyler tentava se acostumar com a alta temperatura da cidade, conhecida como Veneza Brasileira. Usando apenas ceroulas, Tyler desfrutava de uma noite de sono dentro de um sobrado simples, mas aconchegante providenciado pelo família real britânica.

Naquela noite se deitou pensando no pequeno bilhete que recebeu, a mando do Governador. Nele, o homem dizia que soube de um grupo de conspiradores, mas que Tyler deveria ficar tranquilo, pois ele já ordenou a prisão de todos, portanto a reunião que haviam marcado para o dia seguinte continuava mantida.

Perto da uma hora da manhã, Tyler acordou com os gritos histéricos de uma mulher. Se levantou e foi até a janela. Em cima da ponte de Recife, uma mulher gritava e dava gargalhadas ao ver um homem fingir que ia pular na água para enfrentar os tubarões. Ele ensaiava pular na água, mas pulava de volta para a ponte e agarrava a mulher que lhe dava beijos apaixonados. Tyler sorriu ao ver que não era motivo para ficar alarmado, mas olhou em volta para checar que tudo estava tranquilo na região antes de se deitar.

Não se sabe quanto tempo conseguiu dormir depois disso, mas Tyler, novamente, foi acordado naquela madrugada. Dessa vez, não por um grito histérico vindo de fora, mas sim por uma mão forte que lhe pressionava a boca. Não teve tempo de ver quem era seu agressor, pois algo inexplicável aconteceu. Sentiu como se tivesse dentro da mente de seu agressor ao mesmo tempo que ele também invadia a sua.

Porém, ambos se repeliram. E antes que Tyler pudesse fazer alguma coisa, sentiu um forte golpe em seu rosto que lhe fez desmaiar. Seu agressor o colocou sentado em uma cadeira e o amarrou enquanto tentava, em sua mente, compreender o que foi que aconteceu.

- O que foi aquilo? Essa ponte simplesmente teve sua metade transformada em outro lugar. - Disse Elias. - E como que o cônsul estava aqui?

- Bem...Eu não sei, em detalhes, como funciona isso. - Explicou Enzo - Mas, aparentemente, quando você toca em algumas pessoas, suas mentes podem se conectar.

- Pare de falar bobagem. Essa coisa de conectar mente é impossível!- Responde Elias.

- E ter uma pessoa presa dentro da sua mente é possível? - Questionou Enzo.

- Tá certo, mas e por que não aconteceu isso quando eu toquei outras pessoas, por exemplo, a Catarina? - Falou Elias aceitando que o impossível era relativo àquela altura.

- Quem tem uma pessoa presa em sua mente, consegue se conectar com outra pessoa, se essa pessoa também tiver alguém preso em sua mente. - Conclui Enzo.

- Então quer dizer que assim, como você, alguém está dentro da mente do cônsul. - Refletiu Elias antes de subitamente segurar Enzo pelo colarinho e arrastá-lo para o beiral da ponte - Isso é algum tipo de ataque, bruxaria ou coisa do demônio?

- Não, não é! Quer dizer...eu não sei! - Respondeu Enzo fazendo Elias chacoalhá-lo sob os tubarões que aguardavam ali embaixo. - Eu juro que eu não sei detalhes sobre  o que está acontecendo! Eu pensava que isso tudo se tratava de um videogame, mas tudo é tão intenso que estou começando a duvidar.

- Videogame? - Perguntou Elias - Isso é nome de feitiço?

- É como se tivesse criado esse cenário para que eu alcançasse algum objetivo. - Explicou Enzo. - No caso, agora, meu objetivo é não virar comida de tubarão.

Os tubarões começaram a se afastar da ponte ao mesmo tempo que Elias puxou Enzo de volta, o deixando em segurança. Enzo se desequilibrou e caiu ao chão.

- Como se fosse uma brincadeira? - Falou Elias fazendo Enzo concordar com a cabeça - Isso não é uma brincadeira. Deve ser algum feitiço lançado em mim, ou em você, mas não temos tempo para ficar discutindo isso. Dessa forma,  já que não posso tocá-lo, vou matá-lo sem encostar um dedo nele.

- Peraí! Eu preciso descobrir o que está acontecendo. - Disse Enzo, impedindo Elias de agir - Não faça nada com ele ainda. Se tocar nele, podemos descobrir se tem alguma forma de me fazer sair daqui e voltar para casa. Ou você quer que eu fique aqui para sempre?

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