Deluca's Anatomy - Parte 1

49 - Entre a bigorna e o martelo

A sexta-feira de Meredith começou com a mensagem de voz de Cristina respondendo ao seu correio de voz. A voz estridente de Yang parecia ter dobrado de tom e lhe disse que ela já havia começado a arrumar o quarto de hóspedes. Ela a aconselhou sobre as roupas que deveria levar e prometeu que faria tudo o que pudesse para que ela não sentisse saudades de casa; pelo contrário, que ela deveria aproveitar porque, na adolescência de seus três filhos, ela certamente sentiria falta desse breve período de separação.

Era típico de Cristina ver o copo meio cheio em uma situação que entristeceria qualquer um. Ela, do alto de seu humor negro, cinismo e pragmatismo, sempre encontrava uma boa palavra. De acordo com ela, essa viagem permitiria que as crianças aprendessem a arte da sobrevivência, como cozinhar e lavar roupas. Aqui, esse aspecto não ajudou muito Grey, que cresceu com pais ausentes.

Na noite anterior, Meredith e Andrew haviam conversado ao telefone por duas horas, apesar de já ser tarde em Nova York. Nenhum dos dois estava disposto a desligar o telefone primeiro. Parecia a Meredith que Andrew tinha aceitado bem a notícia sobre a Suíça, talvez bem demais, mas ele achava que era apenas uma maneira de encorajá-la, de não sobrecarregá-la com uma decisão já difícil. Andrew sabia que ela já se sentia culpada por essa viagem e ele estava tentando fazê-la se sentir melhor.

Não seria fácil para nenhum dos dois ficarem separados. Haveria um oceano entre eles por sabe-se lá quantas semanas, mas para Andrew a coisa certa a fazer era apoiá-la em tudo, mesmo que isso lhe custasse muita saudade dela e de tudo o que ela representava em seu coração estúpido. Os treinos para a cirurgia em Jenny o ajudaram muito. Ele se preparou e depois se concentrou naquele modelo 3D e na simulação por computador, com Miles e Krasinski continuando a orientá-lo, e você sabe que a prática faz bem. Andrew esperava, em seu coração, que se ele fizesse seu trabalho de forma excelente, a cirurgia não demoraria muito e ele estaria livre para correr para o aeroporto e abraçar Meredith.

No sábado de manhã, ele foi novamente ao hospital para praticar e encontrou Raul trabalhando em um turno duplo. Os dois se olharam e, enquanto Andrew acenava com a cabeça, Raul fingia não vê-lo. Provavelmente, na tabela de popularidade de Carmen Raul, DeLuca devia estar em último lugar, logo acima de Harvey Weinstein e Donald Trump. Ele achava essa atitude dela muito infantil e exagerada, agora resignado a não conseguir melhorar sua situação. Ele não se importava com a opinião dela já na terceira semana, além de não gostar de competição saudável, Carmen não aceitava perder.

No final do exercício, ele chegou à casa de Robbins Torres para um jantar juntos, ele precisava estar entre amigos que o conheciam. A noite para encontrar uma garota pra Son ele era como personagem principal, e dizer que todas as tentativas feitas até então não tinham ajudado o garoto que não era bom o suficiente. Então, as garotas que ele abordava acabavam dando trabalho a DeLuca e, ouvindo reclamações constantes de seus companheiros de bebida, ele decidiu deixá-los em paz.

Foi assim que ele apareceu na porta de Arizona com uma garrafa de bom vinho, um tinto siciliano, um Nero d'Avola encontrado em uma loja de vinhos italianos no Brooklyn na última vez que ele tinha ido lá com a irmã. Arizona abriu a porta e imediatamente o cumprimentou com um abraço caloroso e o deixou entrar. Era a primeira vez que ele via a nova casa delas, era também a primeira vez que ele jantava com Callie e ele não sabia o que esperar.

-DeLuca, bem-vindo, finalmente nos conhecemos melhor- disse Torres apertando sua mão.

-Querida, chame-o de Andrew, ele não vai se ofender, com certeza - disse Arizona.

-Suponho que você já tenha ouvido muitas histórias sobre mim, estou um pouco envergonhado. - disse Andrew.

-Oh, não tantas quanto você pensa, bem, algumas. Diga-me, o que está achando de Nova York?