12 - Sobreviventes

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Naquela manhã, Andrew encontrou, entre as consultas marcadas, a de uma criança com o sobrenome Hunt. Seria
ele parente de Owen?

Ele foi perguntar a Arizona e ela explicou que era o sobrinho de Owen, filho de sua irmã Megan. É claro que ele leu todo o histórico do paciente e descobriu o grave problema de saúde resolvido semanas antes de seu "retorno à vida".

Hayes tinha sido o médico do pequeno Hunt e conseguiu curá-lo por um triz.O garoto, no entanto, teria de usar medicamentos pelo resto da vida, mas, diante da morte, esse sacrifício era mínimo. Os dois entraram na sala onde o menino faria seu check-up de rotina.

-Olá, Megan, eu sou a Dra. Robbins e este é o Dr. DeLuca.

-Desculpe, acho que nunca nos encontramos pessoalmente, mas já ouvi falar de você...

-Espero que bem - disse Arizona rindo.

Depois de deixar o pequeno Hunt à vontade, o residente de plantão começou a fazer os exames programados, coleta de sangue, eletrocardiograma e assim por diante...
Enquanto esperavam pelos resultados dos exames, Megan pediu a Andrew que a acompanhasse para tomar um café em um dos vendedores ambulantes e ele concordou. Ela ficou observando-o e ele percebeu, então decidiu quebrar o gelo.

-O que você quer saber?

-Em primeiro lugar, chame-me pelo meu primeiro nome - ele assentiu - Em segundo lugar, meu irmão e minha cunhada me contaram sua história. Você e eu temos algo em comum - ele olhou para ela por um momento, curioso.

-Eles achavam que eu estava morta, mas na verdade eu desaparecida no Afeganistão, já você achavam que estava morto, mas estava no programa de testemunhas.

-Certo, desculpe-me por ter esquecido sua história.

-Como foi voltar à vida cotidiana? Como foi?

-Quando você volta, sente-se inundado de emoções, mas, com o passar das semanas, percebe que eles seguiram em frente sem você e isso tem um certo efeito. Você percebe que quase nada é igual.

-Eles seguiram em frente sem nós, mas não estávamos realmente mortos, se estivéssemos, tudo teria sido diferente. Mas eles não morreram e não conseguem entender isso, não entendem, acham que você é a mesma pessoa que eles deixaram para trás, mas não é. Os anos que passamos longe nos marcam de uma forma que somente aqueles que passaram por isso podem entender.

-Sim- e depois 2 minutos de silêncio ela continuou.

-Não é fácil para eles, mas também não é fácil para nós. Voltei para casa como mãe e fiquei fora por mais de dois anos. Quando você está em um lugar onde ninguém sabe quem você é e você não pode ser quem você é, você se sente distante, afastado de sua própria vida, você não pode ser quem você sempre foi...

-E você não pode ser quem você é naquele momento, é como se estivesse atuando, passando o tempo fingindo ser outra pessoa e não sabe o quanto de si mesmo pode dizer aos outros. Você está apavorado por sua vida...

-Eu só tinha meu filho, você tinha alguém?

-Eu não tinha ninguém comigo, apenas meu terapeuta e o agente do FBI encarregado do meu caso e, para contatá-los, tinha que tomar muitas precauções.

-Você ainda está tendo pesadelos?

-Sim. É como se eu estivesse revivendo tudo, aquela sensação de "vou morrer". Às vezes, eu tinha pesadelos em que voltava para casa, voltava e descobria que todos estavam mortos, menos eu. Minha irmã, meus colegas, todos mortos.

-Meredith Grey - e ele, surpreso, virou-se para olhá-la.

- Eu sei muito sobre você.

-Como foi voltar e descobrir que seu ex estava saindo com outra pessoa?

Deluca's Anatomy - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora