125 - Envie-me um anjo

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A operação de Lucas havia dado os frutos esperados, o menino estava se sentindo muito melhor e, portanto, 20 dias após sua internação, parecia que a situação havia regredido. Andrew daria alta em alguns dias, se tudo corresse como planejado e os exames se normalizassem.

DeLuca se recuperou um pouco daquela descoberta sobre Lauren, mas foi uma calma aparente, ele tratou a mulher com uma simpatia fingida, não estava mais tão informal como antes e Meredith havia notado. Aquela descoberta havia magoado Andrew profundamente e levaria algum tempo até que tudo voltasse ao normal. Meredith foi carinhosa e compreensiva com ele. Ela não retomou a conversa porque sabia o quanto isso o magoava, embora fosse necessário que ele levantasse uma parede com pessoas que não o entendiam, justamente para evitar o que havia acontecido novamente.

O problema era que DeLuca também estava vindo da decepção do Presbyterian e não admitia isso, mas aqueles eventos haviam criado um sulco dentro dele, um pouco como a passagem de um tsunami. Ele ainda estava ocupado consertando todo o estrago que havia sido feito, quando outro maremoto havia chegado e arruinado tudo.

Grey estava lutando para encontrar uma maneira de resolver a situação, ela via Andrew mais sério do que o normal. As crianças conseguiam trazer sorrisos ao seu rosto, ele brincava com elas, ajudava-as com o dever de casa, mas, assim que as colocava para dormir, uma onda de tristeza o invadia. Alguns dias depois, os dois parceiros não tinham feito sexo. Meredith tentou uma aproximação, mas Andrew disse que não estava com vontade.

Grey se viu na cafeteria com suas irmãs.

-Como está Andrew? - Maggie perguntou e Grey fez uma cara séria - Em casa não podemos falar sobre isso na presença dele, mas aqui podemos, então como ele está?

-O que você quer, ele fica remoendo as coisas que aconteceram com ele, com as crianças ele finge estar calmo, mas assim que as coloca na cama ele volta a ter a cara séria que você vê aqui e eu não sei o que fazer.

-Ele não está bravo com você, está? - perguntou Amélia.

-Não, Amelia, ele está com raiva de si mesmo, eu já o conheço, ele fica remoendo sua culpa e dá muita importância à opinião dos outros. Ele sempre foi assim...

-Sinto muito, DeLuca é uma boa pessoa, eu me lembro de quando ele não estava bem, mas ele nunca foi realmente perigoso - disse Maggie.

-Sei como é a sensação de ser julgado, pois sou alcoólatra e viciada em recuperação e sempre serei. Quando as pessoas descobrem, começam a me olhar de forma diferente. Você acha que se a comunidade médica soubesse que eu sou alcoólatra e que usava drogas minha reputação seria a mesma de antes? Não, então não é fácil estar no lugar do Andrew, não é fácil não se importar com as pessoas, muitas vezes você finge que não se importa. O problema de Andrew não pode se sanar completamente, melhorar sim, mas sanar não. Quando você encontra pessoas que não sabem, que não entendem, ou que tiveram experiências infelizes e negativas com alguém que tinha essa grande cruz sobre elas, você simplesmente foge, é instinto. A vida às vezes é uma droga - disse Amelia, remexendo a salada em seu prato.

-Não sei o que fazer para animá-lo, já tentei até sexo, mas nada...

-Você verá que ele vai superar isso, leva tempo - disse Maggie.

-Receio que não seja suficiente, ele tende a ser introvertido, ele mesmo já é introspectivo, então quando as coisas acontecem com ele, ele tende a se fechar e sofrer em silêncio. Ele também se fecha comigo às vezes, mas não quero forçá-lo, porque entendo que ele está sofrendo e não o julgo por isso.

-Você gostaria de poder fazer mais, eu sei, mas acredite em mim, estar ao lado dele é a melhor coisa que você pode fazer- disse Amelia.

Ela continuou o resto do dia no escritório com sua pesquisa, até que ouviu uma batida em sua porta.

Deluca's Anatomy - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora