Deluca's Anatomy - Parte 1

51 - O cirurgião alegre

Uma enfermeira levou Jenny para fora do quarto para prepará-la para a cirurgia. Andrew se viu no lavatório com Krasinski e Miles, lavando as mãos para entrar na sala de cirurgia. Jenny já havia sido colocada na mesa barriga para baixo e tinha acabado de ser sedada pelo anestesista. Os três se posicionaram e prepararam o campo cirúrgico.

O primeiro a pedir o bisturi foi Miles, que fez um corte ao longo da coluna vertebral na área afetada pelo tumor. Foi assim que os intestinos do paciente foram expostos e aquela massa viscosa e de aparência podre apareceu diante de seus olhos em toda a sua majestade. Era assim que os cirurgiões definiam seus tumores, eles lhes davam adjetivos qualitativos, embora não houvesse nada de positivo naquele câncer que pudesse matar Jenny se tivesse permanecido lá.

-Então, doutores, vamos fazer o que temos praticado nesses dias - disse Miles.

Os dois começaram do meio do câncer, sincronizados como uma orquestra, tudo havia sido aperfeiçoado, desde a posição na mesa até os movimentos a serem feitos. Havia momentos em que um expunha e o outro cortava a massa e vice-versa. Já haviam se passado algumas horas quando DeLuca viu algo que nunca quis ver.

-Olhem aqui - disse ele com um instrumento - esta parte da massa desce e entra na cavidade abdominal.

-Merda - disse Miles.

-Não precisávamos disso - disse Krasinski - O câncer também se espalhou para o abdômen, não conseguimos ver de onde ele vem, ele foi escondido pelos outros órgãos.

-Esse desgraçado entrou aqui e, com essa ferida aqui, não podemos tirar tudo - disse Miles.

-O que vamos fazer? - perguntaram Krasinski e DeLuca

-Podemos virar a Jenny, fechá-la novamente com filme e abri-la na frente.

-Sim, mas isso significa que teremos de abri-la como um animal de abate - disse Andrew.

-Às vezes isso é necessário - disse Krasinski.

-Mas há um problema, aqui corremos o risco de expor Jenny a uma infecção ou até mesmo a uma compressão da medula espinhal, pois o ferimento é muito longo - disse Miles.

-A massa passa pelo espaço entre essas vértebras. Se cortássemos aqui, o que aconteceria?

-Perderíamos a massa no abdômen de Jenny, DeLuca e, para encontrá-la, teríamos que abri-la novamente na frente, dessa vez como se estivéssemos abatendo um porco - disse Krasinski.

-Precisamos de um momento para pensar no que fazer - disse Miles.

-E se usássemos um laparoscópio? - perguntou Andrew.

-Isso pode ser uma ideia - disse Miles, que depois acrescentou -Não temos muito espaço para colocar todos os instrumentos nessa posição.

-Bem, talvez possamos fazer uma incisão aqui e outra aqui. À direita e à esquerda da coluna vertebral - disse Andrew.

-E a luz? - perguntou Krasinski

-Podemos inclinar Jenny de lado e ainda assim colocá-la no umbigo - retrucou Miles.

-Ou alguém poderia entrar por baixo da mesa de cirurgia - disse Krasinski.

-Mas não seria no campo estéril? - disse Andrew.

-Não, mas poderia ser um residente do terceiro ano ou do primeiro ano, até mesmo de outra especialidade - disse Miles para seus dois colegas.

-Pode ser - disse Krasinski.

-Vamos entrar e ver se conseguimos rastrear onde ele vai parar e depois ver como podemos chegar até ele - disse DeLuca.

-Krasinski, indique um dos residentes ou estagiários?