Deluca's Anatomy - Parte 1

55 - Batimentos cardíacos de animais

Nos dias seguintes, Robbins, Roberts e Sharp elaboraram um cronograma para permitir que Andrew se atualizasse em cirurgia fetal, sem perder o ritmo da cirurgia pediátrica. Em particular, Sharp e Robbins estudariam os casos juntos, selecionando-os para encontrar algo que Andrew ainda não tivesse tentado.

O tempo livre de Andrew havia diminuído consideravelmente e seus colegas, Laurent e Son, não entendiam exatamente o que estava acontecendo com ele. Eles não sabiam que, mesmo no final do expediente, DeLuca se reunia com Arizona e Gillian algumas noites por semana e nos fins de semana para estudar em casa. As únicas exceções eram as sessões semanais com o analista e as sessões mensais com o psiquiatra.

Robbins agora estava determinada a ajudar o amigo a atingir sua meta de fazer as duas especializações até o final dos quatro meses em Nova York. Ela ainda não tinha tido a chance de perguntar a Andrew sobre a situação entre ele e Grey. Ela sabia que algo estava fervendo e ele nunca aceitava a conversa, às vezes ela o via olhar distraidamente para o telefone com um meio sorriso, mas depois ele voltava ao trabalho.

Johnston havia designado Andrew para seu serviço perene, com a promessa de que ele continuaria a organizar testes para todos os residentes. A essa altura, perto do fim de semana, ela havia preparado algo que esgotaria até mesmo as mentes mais ousadas.

-Bom dia a todos os médicos, hoje eu os tirei de perto de seus atendentes porque temos um teste surpresa.

Os residentes se entreolharam curiosos e Laurent perguntou a DeLuca.

-Você sabia disso?

Andrew, porém, não sabia de nada e se apressou em negar com a cabeça surpreso.

-É o seguinte vocês terão um novo teste: uma das coisas que, como médicos, somos obrigados a aprender, por meio da experiência e que a universidade não ensina, é como lidar com os pacientes. Mas há uma categoria ainda mais especial e delicada de pacientes, os filhos. Porque vocês me perguntarão...

Raul levantou a mão pedindo uma resposta, mas Robbins não lhe deu a palavra.

-Raul, isso não é um questionário... os filhos são particularmente difíceis por causa de seus pais. Os pais dos filhos são as pessoas com quem é mais difícil conversar e lidar, pois fazem perguntas, são desconfiados, ansiosos, irracionais e não confiam nos médicos. Dito isso, hoje todos os pais de crianças pequenas com menos de 4 anos de idade foram contatados para a vacinação obrigatória. Os pais receberão um formulário no final da consulta, no qual deverão avaliar vocês. Os formulários são anônimos para os pais, mas não serão anônimos para vocês. Hoje à noite, ao final da vacinação, recolherei todos os formulários e elaboraremos as notas que serão enviadas a vocês por e-mail. Os pais terão de dar notas a vocês e serão questionados se a criança chorou por sua causa durante a vacinação ou não e, em caso afirmativo, se vocês conseguiram acalmar a criança ou não.

-Quem ganha? - perguntou Larsson.

-Quem tiver a melhor média de notas vence.

-Qual será o prêmio?

-O prêmio é secreto, eu lhe direi quando o julgamento terminar. O que peço que pense é no melhor para o seu paciente. O espírito deste teste é aprender a lidar com as famílias de nossos pacientes. Quanto mais você conseguir lidar com crianças e com os pais, mais fácil será o seu trabalho. Essa é uma lição que nunca se aprende cedo demais. Dito isso, existem regras, vocês precisam vacinar pelo menos 10 crianças para se classificar. Caso haja outras famílias esperando, vocês terão de vir amanhã, que é sábado, para continuar o teste. Eu fui clara?- perguntou Arizona, e os médicos se apressaram em dizer que sim.

-Perfeito, agora peguem suas listas e vão.

Os cinco residentes tomaram seus lugares, cada um chamando as famílias que os aguardavam. Son era o mais desajeitado e, a cada criança que chorava, ele tentava, em vão, usar um fantoche para acalmá-las. Larsson foi o mais rápido, dizendo aos pais que chorar por causa de uma picada era uma reação muito normal e que passaria em meia hora. Laurent tentava acalmar as crianças depois que a picada passava ou jogava algum jogo com elas; para as mais velhas, ele dava um pirulito ou gelatina.