Enquanto ocorria os últimos acontecimentos, Ayato entrava junto de Mizumi no quarto dela, para que ambos pudessem discutir sobre os últimos ocorridos e o que aconteceria nos próximos dias.
Ade tirando no quarto dela, Ayato se depara com um grande e belo quarto com aspecto medieval e nem escuro. O quarto em mobília era simples e singelo, mas essa simplicidade que o fazia belo, já que resaltava a escuridão das pedras da cratera e a luminosidade amarelada que refletia nela por conta dos cristais luminosos. A mobília se resumia a uma grande cama no canto esquerdo, seguida de uma escrivaninha ao lado, que tinha alguns objetos sobre, e uma mesa de trabalho seguida de uma cadeira de pedras pretas, que não parecia muito confortável.
Ayato não se impressionava com nada daquilo, pois já estava acostumado a entrar lá de vês enquanto para falar com Mizumi. Assim, ele ia direto para a cama e se sentava, enquanto pegava de cima da escrivaninha uma moldura simples de uma foto, foto essa que era da noite da "bebedeira", aonde Evelyn, Zeke, Ayato, Yuki e Mizumi tiraram uma foto Polaroid na câmera de Yuki... Foto essa que Mizumi havia pego do corpo morto de Yuki.
Ver aquela foto apertou o coração de Ayato, porém o fez ficar feliz e ainda mais determinado, assim soltando um sorriso nostálgico, enquanto comentava:— Saudade delas... A gente deveria tirar outra foto dessas com a nova galera, assim mesmo que eles nunca possam se conhecer, ficaram eternizados juntos.
Mizumi, enquanto sentava ao seu lado, respondia:
— Se quiser tirar uma foto, espere está guerra acabar, não tô afim que meu quarto vire um memorial ou cemitério.
— Que fria... — Ayato então suspirava. — Bom, partimos direto para o assunto, já que você não parece muito afim de papo hoje.
— Zeke?
— Zeke... Sobre o que ele falou, eu concordo.
— Também, não tô afim de ser morta ou a responsável por pôr um fim na aliança.
Enquanto olhava para as paredes do quarto com um olhar afiado, Ayato dizia:
— Se ambos concordamos, a gente pode discutir sobre isso melhor depois da guerra, agora o problema é outro. Além de que essas paredes são até que bem finas...
— É... —Concordava Mizumi deitando-se sobre a cama e olhando para o teto pensativa. — Ayato...
— Teve alguma evolução na criação da singularidade?
Ele deitando-se ao lado dela, responde:
— Sim, mas não posso dizer que foi um sucesso total. A singularidade foi criada, mas só por alguns segundos e sequer foi capaz de destruir uma pedra, além de me travar completamente.
— Essa foi a última tentativa antes da guerra?
— Exatamente.
Mizumi por algum motivo não parecia triste com aquela informação, na verdade parecia mais estar aliviada.
— Porém... Acredito ser capaz de destruir o Grimório. Uma coisa sobre as magias desse mundo que eu aprendi na prática, é que elas se fortalecem e ficam dezenas de vezes mais poderosas quando seus usuários estão com os sentimentos a flor da pele. O irônico é que sentimentos negativos são os principais combustíveis.
— O que você quer dizer com isso...?
— Mortes acontecerão, Mizumi, e desta vez... — Ayato a olhava com um olhar frio e mórbido, o completo contrário dele na maioria do tempo. — Não serão apenas três.
Mizumi se assustava com a troca de tom de Ayato, mas não a ponto de se impressionar. Na verdade, aquilo apenas confirmava algo que ela sentia e percebia nele desde a morte de Evelyn...
"Ayato não é mais o mesmo, apesar de querer parecer ser o mesmo." Essa era a conclusão de Mizumi. O garoto alegre e gentil que ela um dia conhecera, não existia mais.
Foi naquele olhar, seguido daquelas palavras frias, que ela pôde ver o verdadeiro Ayato Mocchi após os nove meses. Ela pôde ver o quanto o peso das mortes do último ano haviam o afundado na escuridão.
No entanto, além daqueles olhos frios e amedrontadores, existia uma luz. Uma luz que vagava lentamente iluminando a escuridão dentro dele. Uma luz que Mizumi não compreendia exatamente, mas que por algum motivo a lembrava de si mesma. E foi aí que ela se lembrou que ela tinha está mesma pequena luz dentro de si, que vagava e vagava solitária e sem rumo até ser encontrada por Ayato, nos túneis, e ampliada pelas belas e simples palavras do jovem garoto.
Agora tendo conhecimento disso, Mizumi fecha sua expressão e, seriamente, questiona:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Antes Da Era Das Trevas
FantasiA história que narra todos os acontecimentos que precedem o início da era das trevas, acompanhando um jovem garoto chamado Ayato, que enquanto investigava o desaparecimento de seus amigos é levado para outro mundo, e lá se vê forçado a entrar em uma...