Capítulo 5: Tristeza.

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— O que você está fazendo aqui a essa hora, Evellyn? — Júlia pergunta ao me ver entrar em casa.

Finjo que não escuto o que ela pergunta, caminho rapidamente para o meu quarto e me tranco.

Eu não entendo porque eu sofro tanto nessa vida, eu nunca fiz mal pra ninguém.

Depois de um tempo, minhas bochechas estão coradas de tanto chorar. Então, escuto alguém destrancando a porta.

— Filha, o que aconteceu? — Pedro pergunta ao entrar no quarto. Ele parece estar preocupado.

Acho que o Pedro é o único que gosta de mim e se preocupa comigo nessa casa.

— Não aconteceu nada. — digo soluçando ao virar o rosto. — Como você soube que eu estava aqui?

— Como não aconteceu nada? Seu rosto está todo vermelho e inchado. Me ligaram do colégio dizendo que você desapareceu. — Ele se senta ao meu lado. É sério, filha, eu estou muito preocupado com você, me diz o que aconteceu.

— Eu não tenho nada. Me deixe em paz! — digo enquanto lágrimas começam a encher meus olhos novamente.

Ele caminha até mim e me abraça fortemente. O calor do seu corpo me traz uma sensação boa, confortante, queria morar nesse abraço para sempre.

— Desde que você chegou a essa casa, essa é a primeira vez que a vejo chorar. — Ele diz enquanto seus braços estão envoltos em mim.

Quando ele diz isso, me afasto imediatamente. Não quero que ele e nem ninguém ache que eu sou fraca.

— Se você não quer me contar o que aconteceu, eu não vou te obrigar, vou respeitar seu espaço, mas eu quero que você saiba que eu vou estar sempre aqui para o que você precisar.

— Obrigada pela compreensão. — sorrio tristemente.

Em seguida, ele caminha até a porta, olha para mim, suspira e depois sai.

Ao deitar na cama, começo a pensar no que aconteceu e acabo dormindo. 

Quando acordo, vejo que já anoiteceu e eu fico deitada mais um pouco refletindo.

— Olá! Que bom que você acordou. Vamos jantar? — Júlia pergunta ao entrar no quarto.

Eu estou sem fome. — respondo sem olhar para ela.

— Mas você precisa comer, filha. — Ela se senta na cama.

— Eu não quero discutir. — afirmo em um tom de voz baixo.

— O que você tem? Se você está triste assim pela discussão que tivemos de manhã, eu queria dizer só falei aquilo para o seu bem. Você precisa estudar e... — Ela tenta fazer seu lindo discurso, mas eu a interrompo.

— Está bem, Júlia. Eu sei que preciso estudar. Sabe, eu queria te pedir desculpas por falar com você daquele jeito. — peço olhando-a finalmente.

Você está doente, Evellyn?! Essa é a primeira vez que você me pede desculpas. — Júlia diz franzindo a testa.

Realmente essa é a primeira vez que eu peço desculpas a ela por algo. Não gosto de assumir que estou errada para as pessoas.

   — Eu estou bem, só estou me sentindo um pouco sozinha e carente. — digo ao olhar para o chão.

Eu não devia estar contando isso tudo para a Júlia, até porque, eu e ela não temos intimidade.

Estou me sentindo triste, sozinha, desamparada... Eu queria tanto conseguir controlar toda essa confusão que são os meus sentimentos.

— Você não precisa se sentir assim. — Ela diz sorrindo ao segurar minha mão. — Eu e o seu pai estamos aqui para o que você precisar. Eu sei que às vezes eu pareço chata, mas eu quero que você saiba que eu e o seu pai te amamos muito. Nunca vamos te abandonar.

Não sei o que me dá, mas logo quando ela termina de falar, eu a abraço com todas as minhas forças.

— Calma, assim você vai me sufocar. — Ela diz ironicamente.

Desculpa. — digo envergonhada me afastando lentamente.

Tudo bem. Vamos jantar? — Ela diz ainda sorrindo.

— Sim. — retribuo o sorriso.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora