Brincadeira sem graça. (cap.77)

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   Grito por ele o mais alto que posso enquanto tento fazer com que a minha mãe acorde.

   Ai, meu Deus! Será que ela está bem? Ela está totalmente imóvel.

   Lágrimas começam a brotar nos meus olhos e o desespero toma conta de mim.

   Finalmente o meu pai resolve aparecer. Quando ele vê a minha mãe desmaiada no chão, corre para perto da gente.

   — Pai, ela morreu? — pergunto desesperada enquanto choro.

   — Não diga besteira! Ela está respirando. — Ele diz ao sacudí-la e chamá-la pelo nome dela. — O que aconteceu com ela?

   — Não sei, eu acabei de chegar do colégio. — digo em prantos. — Acho que ela caiu da escada.

   — Não chora, filha, ela e os bebês vão ficar bem. — Meu pai diz ao pegá-la cuidadosamente no colo. — Vou levá-la ao hospital.

   — Eu vou com você. — afirmo.

   Eu aposto que ela se sentiu tonta e caiu. Tudo culpa desses bebês, eles só têm causado desgraça. A minha mãe não consegue nem ficar em pé direito por causa do tamanho e do peso da barriga.

   +++

   Já chegamos no hospital e faz alguns minutos que a minha mãe foi atendida.

   Meu pai tenta transparecer calma, mas sei que ele está desesperado como eu.

    Meu celular começa a vibrar, então o pego e vejo que é a Alice.

   — Oi, prima! Você ainda está chateada com a gente? — Ela pergunta assim que atendo o celular.

   — Eu não estou com cabeça para ficar chateada com ninguém agora. — respondo chorando.

   — O que aconteceu? Por que você está chorando? — Ela pergunta.

   — A minha mãe caiu da escada. — respondo ainda chorando. — Eu estou desesperada aqui no hospital.

   — Não pode ser! Ela e os bebês estão bem? Em que hospital vocês estão? — Ela pergunta rapidamente.

   — Eu não sei, não deram notícias ainda. Estamos no hospital em que eu fiquei quando voltei do sequestro, eu estou tão nervosa que nem consigo lembrar o nome. — digo chorando.

   — Eu sei onde é, já estou indo para aí. Fica calma. Tchau.

   — Tchau. — digo ao desligar o celular.

   Estou com tanto medo, eu morreria se algo acontecesse com a minha mãe.

   Olho para o meu pai e vejo que ele está apavorado assim como eu.

   A obstetra da minha mãe chega na sala de espera e eu e o meu pai nos levantamos rapidamente.

   — A Júlia e os bebês estão bem? — Meu pai pergunta aflito.

   — Estão, mas ela e os gêmeos ainda correm risco de vida. — A médica responde.

    Não pode ser! Eu não posso ficar sem a minha mãe. Não posso!

   — Eu quero vê-la. — afirmo.

   — Sinto muito, mas agora ela está descansando, vocês só vão poder vê-la amanhã.

   — Como assim amanhã? Eu quero ver ela agora! — digo chorando ao aumentar o tom de voz.

   — Evellyn, eu sei que você está preocupada, mas eu só não estou permitindo a sua entrada pelo bem da sua mãe. — Ela diz calmamente ao ir em direção a uma atendente que a chama.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora