Estou aos prantos até que avisto o Pedro e mais um homem de longe.
— Ei! Solta elas! — Ele grita ao correr até nós.
— Põe ela no carro, rápido! — Victória diz ao entrar no carro.
Carlos me obriga a entrar dentro do automóvel. Erick empurra a Júlia e ela cai no chão batendo a cabeça em uma pedra. Eles entram rapidamente no carro antes que Pedro consiga nos alcançar.
— Pai! Socorro! Me ajuda! — grito chorando de dentro do carro.
Confesso que estou com muito medo. Nada assim tinha acontecido comigo antes.
Já estamos bem longe do local onde o pneu do carro furou, eu estava tão nervosa que nem reparei que chamei o Pedro chamei de pai.
— Para onde vocês vão me levar? — pergunto ao secar as lágrimas do meu rosto.
— Fica tranquila, princesinha. Se os seus pais cooperarem, você ficará bem, agora, se eles não cooperarem... — Vick sorri de um modo amedrontador.
— Não me chame assim, sua idiota! — digo furiosamente.
— Assim como? De princesinha? — Ela pergunta ainda sorrindo. — Olha, se eu fosse você mediria as palavras para falar comigo.
Olho para o rosto dela seriamente, mas ela continua sorrindo.
— Procure o celular dela. — Ela diz para o Carlos enquanto pega uma lixa de unha.
Carlos me revista de cima para baixo até encontrar meu celular no bolso esquerdo.
— Ligue para a mamãe e o papai dela, antes que eles chamem a polícia. E você, fique quietinha. — Ela coloca uma mordaça na minha boca.
A Victória parece ser aquelas pessoas que gostam de mandar e de serem obedecidas.
— Alô? É o seguinte, se vocês quiserem ver a filhinha de vocês novamente, é melhor não chamarem a polícia. — Erick diz seriamente quando o meu pai atende o celular.
Ele coloca o celular no viva-voz e por isso, consigo ouvir tudo o que o Pedro fala.— Nós não iremos chamar. Nós só queremos a nossa filha de volta. — Pedro chora na outra linha.
Me parte o coração ouví-lo chorar.
— Se vocês fizerem como eu estou dizendo, vocês vão vê-la novamente. Eu volto a ligar.
— Espere, não desli... — Pedro tenta dizer, mas logo é interrompido, pois Erick desliga o celular.
O Pedro deve estar desesperado. Eu sabia que iria acontecer algo ruim. Será que a Júlia está bem? O Erick a empurrou muito forte.
Será que eles terão dinheiro o suficiente para pagar esse resgate?
— Chegamos ao local onde você vai ficar até seus pais pagarem o resgate. — diz Carlos olhando e sorrindo para mim.
O lugar onde eles me trouxeram é horrível. Parece abandonado, as casas estão sujas e caindo aos pedaços, acho que não mora ninguém por aqui.
— Saia do carro. — Vick manda.
— Não. — retruco assim que Carlos tira a minha mordaça.
Ela revira os olhos e me retira brutalmente.
Olho ao meu redor e não vejo ninguém.
Ao entrarmos em uma casa, eles me colocam em um quarto cheio de poeira e nele há somente um colchonete e um armário quebrado.
— É sério que vocês vão me deixar aqui? — pergunto um pouco incomodada com o cheiro e o estado do local.
— Que foi? Tá com nojinho? — Erick pergunta ironicamente.
Fico olhando seriamente em seus olhos. Mal sabe ele que eu já fiquei em lugares bem piores que esse.
— Olha só, você vai ficar e ponto final. — Vick diz ao sair para fora com seus irmãos.
Esse lugar é nojento. Queria tanto estar em casa com o Pedro e com a Júlia.
Me sento no chão perto do armário quebrado, envolvo minhas mãos no meu joelho e fico pensando em minha vida e em tudo que aconteceu comigo. Quando me lembro de cada decepção, de cada desilusão, de tudo que sofri, meus olhos se enchem de lágrimas, que escorrem pela minha bochecha. Estou tentando ser forte, mas está difícil. Chego até a pensar que talvez seja melhor eu ficar por aqui mesmo, longe da Júlia e do Pedro, que talvez eles fiquem melhor sem mim.
Limpo as lágrimas do meu rosto com a mão, até que escuto alguém destrancar a porta.
— Oi, princesinha. Não se preocupe, seu resgate já vai ser marcado. Logo você vai sair daqui. — Erick diz ao olhar para mim sorrindo e sair pela porta.
Não ligo muito para o que ele diz, preciso dar um jeito de sair daqui.
Olho ao meu redor para ver se encontro alguma saída, até que reparo em cima do armário.
— Uma janela! — digo bem baixinho.
Está muito alta, como irei alcançar? Preciso dar um jeito. Olho para janela novamente e vejo que ela está trancada.
Algumas horas se passam e escuto alguns passos perto da porta, deve ser algum deles. Resolvo fingir que estou dormindo.
— Ei, garota! Acorda, tá na hora de comer. — Vick me cutuca com o pé.
Continuo fingindo que estou dormindo.
— Está bem, então fique com fome. — Ela sai pela porta com uma bandeja.
Quando ela sai, eu abro os olhos e volto a tentar descobrir um jeito de alcançar a janela e destrancar aquele cadeado.
Fico pensando, até que lembro que eu prendi o meu cabelo com um grampo, então, o retiro e sorrio.
— É isso! — Digo baixinho sorrindo.
Olho para o armário cuidadosamente para ver se consigo subir nele, mas não dá, ele está caindo aos pedaços e não tem outra coisa para subir. O jeito é esperar, o Pedro e a Júlia pagarem o resgate.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...