Chegando lá, vejo meu pai sentado na cadeira e escrevendo alguma coisa no computador.
— Pai, nós precisamos conversar. — Me sento na cadeira que está na frente da mesa dele.
— Tem que ser agora, filha? Eu estou um pouco ocupado. — Ele pergunta com os olhos fixos no computador.
— Tem. — respondo seriamente.
Ele desvia o olhar da tela do computador e olha sorrateiramente para mim.
— Você não tinha o direito de me fazer passar aquela vergonha com o Daniel.
— Que vergonha eu te fiz passar? Eu só estava conversando com o seu amigo.
— Uhum... Sei. — digo um pouco desconfiada.
— O que você acha de nós assistimos um filme a noite? Faz um bom tempo que não fazemos nada em família. — Ele pergunta.
Eu não posso contar para ele que eu vou sair com o Daniel, pois se eu contar, tenho certeza que ele não vai me ir e eu não estou a fim de me estressar.
— É... não dá, eu estou muito cansada e amanhã eu tenho aula cedo. — respondo ao me levantar.
— Poxa. — Ele faz uma cara triste. — Tudo bem então.
Em seguida, saio do escritório e subo em direção ao meu quarto.
+++
Já são seis horas. Olho o closet, pego uma blusa quadriculada e uma calça jeans. Não vou me vestir de um jeito que eu não me sinta confortável, como aconteceu mais cedo.
Quando termino de me vestir, coloco o celular no bolso e saio do quarto em direção a sala.
Quando passo pelo quarto da Alice, escuto o som de uma pessoa chorando. Me aproximo da porta e o som do choro fica mais forte. Abro a porta cautelosamente e a vejo aos prantos sentada no chão com a cabeça abaixada, em meio a várias fotos rasgadas.
Caminho até ela e me agacho cautelosamente.
— O que aconteceu, Alice? — pergunto preocupada.
— Nada. — Ela diz ainda com a cabeça abaixada enquanto as lágrimas descem pelo seu rosto molhando as fotos no chão. — Eu sou uma idiota!
— Me diz o que está acontecendo, por favor. — pergunto angustiada por vê-la de tal forma.
— Eu não quero falar nada agora. — Ela levanta a cabeça e olha para mim. — Você vai sair, né? Pode ir, eu vou ficar bem.
Ela levanta lentamente, deita na cama e seus olhos derramam mais lágrimas. Me sinto péssima por ela, não posso deixá-la assim.
— Eu não vou deixar você aqui desse jeito. — digo ao me levantar e me sentar ao lado dela na cama.
Não sei o que está acontecendo comigo de uns dias para cá. Estou mudando radicalmente. Eu não consigo mais ver uma pessoa mal e simplesmente deixá-la.
A Alice me conquistou, assim como o meu pai, a minha mãe, a Kelly e a Sophia.
— Pode ir, é sério. — Ela diz ainda chorando.
— Eu já disse que não! — Me deito ao seu lado na cama e a abraço.
Depois de uns minutos em silêncio, ela diz:
— Obrigada por estar aqui. Obrigada mesmo.
Não digo nada, apenas sorrio.
Alguns minutos se passam. Nesse momento, sinto a Alice encostando sua cabeça lentamente em cima do meu ombro e logo em seguida, sinto suas lágrimas encostando em minha pele.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...