Ela se aproxima de mim novamente e eu me afasto como fiz da última vez.
— Eu não posso acreditar nisso. — Balanço a cabeça negativamente. — Ele também traiu a Júlia?
— Não. Na época em que nós dois ficamos, ele e a Júlia estavam separados. — Ela diz tristemente.
O Pedro! Ele é o meu verdadeiro pai! Eu não consigo acreditar. Eu sempre gostei dele, mas nunca imaginei que ele fosse o meu pai. Ai, meu Deus! Ainda não estou acreditando nisso. Se o que a Evellyn disse for verdade, ela é a minha irmã! Isso tudo está muito confuso.
— Ele sabe que eu sou filha dele? — pergunto chorando.
— Não. Quando eu fiquei grávida, fiz todos acreditarem, inclusive ele, que a criança que estava dentro do meu ventre era do Diego.
— Eu não te reconheço mais, mãe... Essa não é a mãe que cuidava de mim quando eu me machucava, que me ensinou a dar os primeiros passos, a falar as primeiras palavras... — digo em meio a soluços.
— Filha... — Ela tenta dizer, mas eu a interrompo.
— Chega! Eu não quero ouvir mais nada! — grito.
Em seguida, saio em prantos do quarto dela e corro em direção ao meu.
Quando chego lá, tiro o casaco, tranco a porta e me jogo na cama.
Ao ver os cortes sinto vontade de me cortar novamente. Apesar de ter prometido a Eve que eu nunca mais iria fazer isso, a vontade direciona o meu corpo até o banheiro.
Quando entro, pego a mesma gilete a qual eu tinha me cortado mais cedo. Fico por alguns minutos olhando para ela chorando e tomando coragem para me cortar.
Quando finalmente decido fazer o que fiz mais cedo, aproximo a gilete do meu braço e quando estou prestes a cortar, batidas na porta do banheiro me interrompem.
— Ke, sou eu, o Kevin. Você está bem? — Ele pergunta com sua vozinha suave.
— Estou... Eu já vou sair... — respondo.
Guardo a gilete rapidamente e decido não me cortar, pelo menos não agora.
Não queria que o Kevin visse os cortes, mas percebo que deixei o casaco em cima da cama. Infelizmente, não tem como evitar.
Lavo o meu rosto e quando atravesso a porta, o vejo em pé perto na cama.
— Como você entrou aqui? — pergunto tentando esconder os cortes.
— Você me deu a cópia da chave para eu usar se tivesse alguma emergência. — Ele se aproxima de mim. — Eu escutei você gritar e fiquei preocupado.
Apesar do Kevin ter só cinco anos, ele é muito inteligente. Desde que ele era pequeno, nós dois sempre fomos unidos.
— Não precisa se preocupar. Eu estou bem. — afirmo sorrindo.
Em seguida, caminho até a cama para pegar o casaco antes que ele perceba os cortes, mas antes que eu consiga chegar a cama, ele pergunta:
— O que aconteceu com o seu braço?
— É... Eu... Eu me machuquei. — respondo gaguejando ao sentar na cama.
Ele caminha até mim e se senta ao meu lado.
— Está doendo? — Ele olha fixamente para os cortes.
— Não... A única coisa que está doendo, é o meu coração. — Olho para o chão.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Ficção AdolescenteSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...