Será? (cap.48)

708 54 57
                                    

    Ela se aproxima de mim novamente e eu me afasto como fiz da última vez.

   — Eu não posso acreditar nisso. — Balanço a cabeça negativamente. — Ele também traiu a Júlia?

   — Não. Na época em que nós dois ficamos, ele e a Júlia estavam separados. — Ela diz tristemente.

   O Pedro! Ele é o meu verdadeiro pai! Eu não consigo acreditar. Eu sempre gostei dele, mas nunca imaginei que ele fosse o meu pai. Ai, meu Deus! Ainda não estou acreditando nisso. Se o que a Evellyn disse for verdade, ela é a minha irmã! Isso tudo está muito confuso.

   — Ele sabe que eu sou filha dele? — pergunto chorando.

   — Não. Quando eu fiquei grávida, fiz todos acreditarem, inclusive ele, que a criança que estava dentro do meu ventre era do Diego.

   — Eu não te reconheço mais, mãe...  Essa não é a mãe que cuidava de mim quando eu me machucava, que me ensinou a dar os primeiros passos, a falar as primeiras palavras... — digo em meio a soluços.

   — Filha... — Ela tenta dizer, mas eu a interrompo.

   — Chega! Eu não quero ouvir mais nada! — grito.

   Em seguida, saio em prantos do quarto dela e corro em direção ao meu.

   Quando chego lá, tiro o casaco, tranco a porta e me jogo na cama.

   Ao ver os cortes sinto vontade de me cortar novamente. Apesar de ter prometido a Eve que eu nunca mais iria fazer isso, a vontade direciona o meu corpo até o banheiro.

   Quando entro, pego a mesma gilete a qual eu tinha me cortado mais cedo. Fico por alguns minutos olhando para ela chorando e tomando coragem para me cortar.

   Quando finalmente decido fazer o que fiz mais cedo, aproximo a gilete do meu braço e quando estou prestes a cortar, batidas na porta do banheiro me interrompem.

   — Ke, sou eu, o Kevin. Você está bem? — Ele pergunta com sua vozinha suave.

   — Estou... Eu já vou sair... — respondo.

   Guardo a gilete rapidamente e decido não me cortar, pelo menos não agora.

   Não queria que o Kevin visse os cortes, mas percebo que deixei o casaco em cima da cama. Infelizmente, não tem como evitar.

   Lavo o meu rosto e quando atravesso a porta, o vejo em pé perto na cama.

   — Como você entrou aqui? — pergunto tentando esconder os cortes.

   — Você me deu a cópia da chave para eu usar se tivesse alguma emergência. — Ele se aproxima de mim. — Eu escutei você gritar e fiquei preocupado.

   Apesar do Kevin ter só cinco anos, ele é muito inteligente. Desde que ele era pequeno, nós dois sempre fomos unidos.

   — Não precisa se preocupar. Eu estou bem. — afirmo sorrindo.

   Em seguida, caminho até a cama para pegar o casaco antes que ele perceba os cortes, mas antes que eu consiga chegar a cama, ele pergunta:

   — O que aconteceu com o seu braço?

   — É... Eu... Eu me machuquei. — respondo gaguejando ao sentar na cama.

   Ele caminha até mim e se senta ao meu lado.

   — Está doendo? — Ele olha fixamente para os cortes.

   — Não... A única coisa que está doendo, é o meu coração. — Olho para o chão.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora