No hospital. (cap.14)

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   — Carlos... — digo baixinho enquanto choro.

   Ele me segura e me obriga a lhe dar um beijo.

   Em seguida eu acordo assustada.

   Quando acordei depois do desmaio eram seis horas da manhã e agora o relógio está marcando onze e meia. Como eu posso ter dormido tanto? E que pesadelo foi esse?

    — Está tudo bem? Você dormiu bastante. — A enfermeira pergunta.

   — Estou sim. Será que dá para você chamar o meu pai? Quer dizer, o Pedro. — pergunto angustiada.

    — Sim. — Ela responde ao sair do recinto.

    Por que será que eu tive esse pesadelo? Será que é uma premonição? Não, não pode ser...

    Estou com medo, me sentindo desprotegida e com uma enorme vontade de chorar.

    Escuto a porta abrir e vejo a Júlia entrar.

    — Cadê o Pedro? — pergunto ao perceber que ele não entrou no quarto.

    — Ele está na lanchonete. Você está precisando de alguma coisa? Parece angustiada. — Ela responde.

   — Não estou precisando de nada. — respondo ao desviar o olhar dela.

   Ela fica olhando para mim por um tempo e os meus olhos acabam cruzando com os dela novamente.

   — O que foi? — pergunto.

    — Nada. — Ela sorri. — Você sabe que você pode confiar em mim, não sabe?

   Balanço a cabeça positivamente.

   A Júlia até que não é tão chata assim... Às vezes ela até que é legal.

  — Eu sei que aconteceu alguma coisa, mas se você não quer me contar tudo bem. Eu vou chamar o Pedro. — Ela diz ao andar até a porta.

    — Espera! — peço antes que ela saia.

   Ela se vira e olha para mim com um enorme sorriso.

    — O que foi? — Ela pergunta ao caminhar até mim.

   — Eu... — digo pensando se falo ou não.

    — Você o que, Eve? — Ela olha para mim.

    Será que eu conto para ela sobre o pesadelo? Eu estou me sentindo tão angustiada, preciso contar para alguém.

    — Eu tive um pesadelo. — digo ao abaixar a cabeça.

   Ela se senta ao meu lado na cama.

    — Com as pessoas que te sequestraram? — Ela pergunta.

    — Só com um deles. — respondo ao levantar a cabeça e olhar para ela com os olhos lagrimejados.

     — Você quer conversar sobre isso? — Ela pergunta.

     Digo que não ao balançar a negativamente.

     — Você não sabe a alegria que me dá ver você começando a se aproximar de mim, filha. — Ela afirma sorrindo e me depois me abraça.

     Me sinto mal, pois realmente estou começando a me aproximar dela e do Pedro. Sempre que me aproximo de alguém, sou abandonada e eu não quero mais isso.

    — Júlia, eu... — Tento dizer até ser interrompida pelo Pedro.

    — Olá, como estão as mulheres da minha vida? — Pedro pergunta ao entrar no quarto.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora