Quando acordo, vejo que já está anoitecendo. Então, avisto Guilherme mexendo nas minhas miniaturas do Harry Potter.
— Você ainda está aqui? — pergunto enquanto coço os meus olhos, que no momento estão formigando.
— Sim. — Ele desvia o olhar das miniaturas e olha para mim. — Você está se sentindo melhor?
— Sim. Obrigado por ter ficado aqui comigo. — Me sento na cama.
— De nada. — Ele sorri.
Ele foi tão fofo por ter ficado aqui e se preocupado comigo. Eu não esperava isso dele. Na verdade, achava que ele não gostava muito de mim.
Ouço alguém bater na porta e eu mando entrar.
— Oi. — Alice diz ao entrar no quarto ao lado de Sophia.
— Oi. — Eu e Guilherme respondemos em coro.
— O que vocês estão fazendo aqui sozinhos? — Alice pergunta ao olhar em volta.
— Não estamos fazendo nada. — Guilherme responde sinceramente.
— Uhum... Sei. — Ela diz desconfiada.
Sophia caminha até mim com um semblante triste e se senta ao meu lado. Ela é tão fofa, até mesmo tristinha. Confesso que aperta meu coração vê-la assim.
— O que foi? Por que você está assim? — pergunto ao acariciar suas bochechas rosadas.
— Estou assim porque a mamãe mentiu para mim. Ela disse que nós íamos ficar juntas, mas ela foi embora e nem se despediu de mim.
— Sua mãe estava aqui? — pergunto.
Será que a mãe da Sophia é aquela mulher que eu vi chorando quando eu cheguei?
— Sim. Ela estava conversando com o titio.
É ela mesmo! Mas por qual motivo será que ela estava chorando? Será que o meu pai fez alguma coisa? Acho que não, ele não seria capaz de fazer nada.
— Não fique assim. Eu aposto que aconteceu alguma coisa para a sua mãe ter ido embora sem falar com você.
— Pera aí... A minha mãe está no Brasil? — Alice pergunta ao se aproximar da gente.
— Sim. — Sophia responde sorrindo.
— O que será que ela veio fazer aqui? — Guilherme pergunta.
— Ela veio buscar a gente, Gui. — Sophia responde empolgada.
— Veio nada! A nossa mãe só pensa nela. Ela não gosta da gente. — Guilherme retruca.
— Isso é mentira! A nossa mamãe ama muito a gente! — Sophia grita.
Alice e Guilherme se entreolham. Eles sabem que retrucar com Sophia não fará a mesma mudar de ideia.
— Tá bom, Sophia. Que tal você ir brincar de boneca no seu quarto? — Alice pergunta.
— Tá. Eu vou, mas depois eu volto. — Ela desce da cama e vai correndo em direção a porta.
Alice e Guilherme ficam conversando sobre a mãe, mas eu não presto muita atenção. Apenas fico imaginando como seria a minha volta para aquele lugar horrível.
Depois de um tempo, Alice fica mexendo as mãos em frente ao meu rosto tentando me fazer voltar para a vida real.
— Ei! Terra chamando, Evellyn! — Ela diz ainda gesticulando com as mãos.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...