Queimada. (cap.20)

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   — Pode. O que você quer? — pergunto ao me virar para ela.

   — Bom, eu vou deixar vocês conversarem. Tchau, amorzinho. — Miguel diz ao dar outro beijo na Kelly.

   Viro o rosto para o lado para não ver essa cena nojenta.

   O Miguel é um idiota. Ontem mesmo ele estava dando em cima de mim e hoje está todo carinhoso com a Kelly.

    Depois do beijo, ele sai da sala e eu fico sozinha com ela.

   — Posso te fazer um pergunta? Mas você tem que ser sincera. — Ela pergunta ao sentar na cadeira da professora.

   — Pode. — respondo ao me aproximar dela.

    — Você ficaria feliz se fosse a minha irmã? — Ela pergunta olhando para mim.

   — Sinceramente, eu não sei. Eu sempre senti muito ódio dos meus pais por eles terem me abandonado daquela maneira sórdida. — respondo olhando para o chão.

   — Seus pais são uns idiotas. Não sei como alguém abandonaria uma pessoa tão incrível como você. — Ela diz sorrindo.

   — Obrigada. — digo ao levantar a cabeça e retribuir o sorriso.

   A Kelly sempre tentou se aproximar de mim, mas eu sempre a desprezei. Eu sinto um carinho imenso por ela, mas não sei lidar com isso, pois eu nunca tive nenhuma amiga.

  — Mudando de assunto, quantos anos você tem? — pergunto ao me sentar em cima da mesa da professora novamente.

   Eu sempre quis saber a idade dela, mas sempre esquecia de perguntar.

   — Treze e você? — Ela pergunta.

   Quando ela diz isso, levanto as minhas sobrancelhas. Eu achava que ela tinha mais de quatorze anos.

   Uma menina com essa idade namorando? Ela ainda é uma criança.

   — Quinze. — respondo. — Seus pais deixaram você namorar com essa idade? — pergunto curiosamente.

    — É... — Ela diz sem graça. — Na verdade, eles não sabem que eu estou namorando.

    Desde que eu conheci a Kelly, ela sempre foi uma menina exemplar. Apesar de ser nerd, ela é linda e popular.

    — Então a menina mais certinha que eu conheço está namorando escondido? — pergunto franzindo a testa.

   — Você é a única que sabe disso, não conte pra ninguém, por favor. — Ela pede ao levantar da cadeira.

   — Claro que eu não vou contar. Eu não sou fofoqueira. — digo sorrindo para ela. — Você pode me ajudar com uma coisa?

   — Claro. Te ajudar com o quê? — Ela pergunta.

   — É que eu estou pensando em mudar de visual e queria que você me ajudasse. — respondo.

   Eu cansei desse cabelo loiro, quero pintá-lo de outra cor, uma cor mais viva.

   — Tudo bem, eu te ajudo. — Ela diz sorrindo novamente.

    O sinal do término do recreio toca. A professora e todos os alunos entram na sala de aula.

   Assim que todos começam a entrar, eu desço da mesa.

    — Posso conversar com você, Kelly? — A professora Esther pergunta. (A próxima aula é matemática, ou seja, ela dará aula).

   — Pode. — Kelly responde.

   Logo depois as duas saem da sala.

   Quando vou sentar na cadeira onde eu estava sentada, vejo que o Miguel se encontra sentado nela.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora