Dia da peça {part.2} (cap.72)

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   As crianças vestem a fantasia  empolgadamente. Eu as ajudo e logo em seguida me arrumo.

   Eu estou me sentindo muito estranha com essa fantasia. A Cinderela tem cabelos loiros e o meu cabelo é roxo. A Sophia não quis que eu botasse peruca, ela disse que a peça é dela e é ela que decide as coisas.

   — Eu estou me sentindo uma palhaça com essa roupa. — digo para a Alice ao me sentar em uma poltrona no centro do camarim.

   — Para de falar besteira, você está linda de Cinderela. — Ela diz sorrindo.

   A Alice fica bonita de qualquer jeito, até mesmo com a fantasia da irmã má da Cinderela.

   — Eve, eu estou bonita? — Sophia pergunta ao vir até mim junto com o Kevin e com a Malu.

   — Sim, aliás, os três estão lindos. — Afirmo sorrindo.

    Depois de alguns instantes, Daniel aparece no centro do camarim fantasiado. Ele está tão lindo.

   — Eve, você está... Linda. — Ele diz assim que me vê.

   — Não precisa mentir para mim, eu sei que estou toda estranha com essa roupa. — afirmo ao me levantar e ajeitar a coroa.

   — Não está nada. — Ele se aproxima de mim. — Você é a princesa mais linda do mundo. — Ele diz ao segurar a minha cintura.
 
   — E você o príncipe mais lindo do universo. — digo sorrindo.

   Em seguida, nos beijamos, mas logo somos interrompido pelo Guilherme.

   — Desculpe atrapalhar os pombinhos, mas acho que já está quase na hora de nos apresentarmos e vocês ainda não se maquiaram.

   Nos afastamos e então caminhamos até onde uma moça está maquiando as pessoas.

   Assim que terminamos de nos maquiar, a Sophia grita:

   — Pessoal! Vem todo mundo aqui!

   Todos caminhamos até ela. Reparo que ela está um pouco preocupada.

   — Está tudo bem, Sôsô? — pergunto assim que chego até ela.

   — Não, Eve, está tudo errado. — Ela se senta na poltrona e começa a chorar.

   — O que está errado, irmãzinha? — Guilherme pergunta.

   — A gente não tem ninguém para contar a história, como as pessoas vão entender se ninguém contar o que está acontecendo? — Ela diz ainda chorando.

   Acho que entendi o raciocínio dela, ela quer que tenha um narrador na história, só que tínhamos que ter visto isso antes e não agora. Ensaiamos tanto e não prestamos atenção nisso.

   Em seguida, escuto várias pessoas gritando: "Começa! Começa! Começa!". Ao ouvir os gritos, me lembro de uma menina que vivia contando história para as crianças menores enquanto eu morava aqui, ela tinha mais ou menos a minha idade e até tentava fazer amizade comigo, mas como eu era meio anti-social, nunca deixava ela se aproximar.

   — Não chora, fadinha. Eu tive uma ideia. — digo ao me agachar e limpar as lágrimas que descem no rosto dela.

   — Que ideia? — Ela pergunta.

   — Antes de eu contar, Bela você pode ir lá no palco dizer que a peça vai demorar mais um pouquinho? — peço.

   Ela diz que sim. Em seguida, sai do camarim e caminha em direção ao palco.

   — Olha, aqui nesse orfanato tinha uma menina que contava histórias muito bem, mas eu não sei se ela ainda mora aqui. — Chamo a moça da maquiagem. — Será que dá para a senhora ir lá fora procurar uma menina? O nome dela é Natasha, ela é ruiva, eu acho.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora