Como eu fui capaz de odiá-los? (cap.82)

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   Assim que os vejo, me derreto completamente. Eles são tão pequenininhos... tão fofos... tão... inocentes.
 
   Fico os observando por alguns instantes e meus pais ficam olhando sorrindo para mim.

   — Eles se parecem com você, mãe. — afirmo sorrindo ao olhar para ela.

   — Eu não acho, eu acho que eles se parecem comigo, assim como você. — Meu pai diz sorrindo.

   Fico olhando fixamente para os bebês, não consigo tirar os olhos deles, me sinto hipnotizada.
  
   Estou tão arrependida. Acho que exagerei em relação aos meus irmãos.

   Vendo eles assim, tão frágeis, tão inocentes, toda a raiva que eu sinto dentro de mim some.

    — Com licença... — Uma enfermeira diz ao entrar no quarto. — Preciso levar os bebês para realizarem alguns exames.

   — Exames? — Minha mãe pergunta preocupada.

   — Sim, mas não se preocupe, não é nada de mais. — A enfermeira responde ao caminhar até a minha mãe e pegar os bebês cuidadosamente de seus braços.

   Em seguida, a enfermeira sai do quarto com os bebês.

   Estou me sentindo tão culpada, mesmo com tudo o que aconteceu, eu não tinha o direito de sentir toda aquela raiva de dois bebezinhos que não tinham culpa de nada.

   Me sento na cama onde a mãe está deitada e abaixo a cabeça.

   — O que houve, querida? — Ela pergunta ao passar a mão no meu cabelo.

   — Eu sou uma idiota! Como eu fui capaz de sentir raiva daqueles bebezinhos? Como eu fui capaz de desejar que eles morressem? Como? — pergunto enquanto meus olhos lacrimejam. — Eu sou um monstro.

   — Ei! — Meu pai diz ao se sentar do meu lado e me abraçar. — Fica calma. Tudo já passou. Sua mãe está bem e os seus irmãozinhos também.

   — Não chore mais, meu amor. Eu e o seu pai entendemos que você estava com medo. Não fique assim. — Minha mãe afirma.

   Eu realmente estou arrependida, mas vou recompensar tudo amando muito os meus irmãos.

   — Eu nunca mais vou desejar mal à eles. Eu vou amá-los muito, vou tentar ser a melhor irmã do mundo para eles. — afirmo sorrindo ao me afastar do meu pai e olhar para a minha mãe.
 
   — Você não sabe a alegria que eu sinto em ouvir você dizer isso. — Minha mãe diz emocionada.

   Em seguida, eu e ela nos abraçamos fortemente.

   É tão bom poder abraçá-la, eu achei que nunca mais poderia fazer isso.

   Depois de alguns minutos, a enfermeira aparece novamente e diz que eu e meu pai precisamos sair para que a minha mãe descanse. Eu e meu pai a obedecemos e saímos do quarto.

   Assim que chego na sala de espera, vejo o Miguel conversando com o Guilherme. Os dois se tornaram amigos no colégio.

   Faz algum tempo que eu não converso com ele, nós dois nos afastamos muito e pra falar a verdade, eu acho que foi melhor assim.

   Ele e a Kelly terminaram faz dois meses. A minha irmã descobriu que ele estava traindo ela, o que a escola inteira sabia.

   — Oi, Eve. — Ele diz sorrindo ao caminhar em minha direção.

   — Oi. — digo ao retribuir o sorriso.

   Olho ao redor e vejo todos nos olhando em silêncio, inclusive a Kelly e o Daniel.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora