— Diz logo o que você quer me dizer, Evellyn. Eu preciso ir embora. — Ela diz rudemente.
— Sabe, quando eu entrei neste colégio ninguém parou para falar comigo, apenas você e o Miguel. — Me sento em cima da mesa do professor. — Talvez seja pelo fato de eu ser a filha do dono, ou até mesmo por eu ser "estranha", como dizem, aliás, como você mesma disse.
Ela fica prestando atenção em cada palavra que eu digo.
— Você foi a única que tentou se aproximar de mim. Mesmo eu te insultando e te tratando mal, você nunca desistiu. — Lágrimas começam a descer pelo meu rosto. — Eu nunca em toda a minha vida conheci uma garota que se importasse tanto comigo como você. — Os olhos dela começam a lacrimejar. — Eu jamais te trairia, Kelly. Eu jamais trairia a minha única amiga.
Ela se aproxima de mim, com os olhos cheios de lágrimas. Pelo visto, ela viu o quão sincera eu estou sendo.
— Você me considera sua amiga? — Ela pergunta.
— É claro que sim. — respondo sorrindo em meio as lágrimas. — Quando você pegou o meu celular, você viu a mensagem que o Miguel me enviou, certo? Mas você também deve ter visto que eu não respondi. — Suspiro. — Acredite em mim, por favor. Eu não te traí. Eu deveria ter apagado aquilo, mas eu resolvi ignorar.
Ela fica pensando um pouco e depois de suspirar, diz:
— Eu acredito em você. — Ela abaixa a cabeça. — O Miguel sempre foi o garoto dos meus sonhos, eu estava cega de amor por ele. Me perdoa por ter te tratado daquela maneira. Eu não queria acreditar no que você estava dizendo, porque no fundo, eu sabia que era verdade.
Desço da mesa, caminho até ela e levanto seu rosto com uma das mãos. Seu rosto está um pouco vermelho e seus olhos um pouco inchados. Eu a abraço cautelosamente.
Apesar de eu ser dois anos mais velha que ela, ela é bem mais alta que eu, o que me faz ficar na altura do pescoço dela.
— Senhoritas? — Escuto alguém nos chamar.
Nos soltamos e voltamos os nossos olhares para a porta.
— Quem é você? — pergunto ao avistar uma senhora.
— Sou a faxineira. O que vocês estão fazendo aqui até essa hora se vocês saem meio-dia?
Olho para o relógio e fico surpresa em ver que já são meio-dia e quarenta e cinco. O tempo passou e nem percebemos.
— Nós já estamos indo. — Kelly responde sorrindo.
Chegando na saída do colégio vejo o motorista, me despeço da Kelly e vou embora.
Quando chego em casa, vejo a minha mãe sentada no sofá com a Sophia.
— Oi, prima. — Sophia diz sorrindo.
— Oi. Cadê o meu pai? — pergunto ao jogar a mochila no outro sofá.
— No escritório. Ele está lá desde cedo resolvendo pendências. — Minha mãe responde.
— Vou vê-lo. — digo ao caminhar até o escritório.
Ao entrar, vejo meu pai com a cabeça abaixada. Me sinto um pouco angustiada ao vê-lo desse jeito. Sinto que o clima não está bom. Será que ele está se sentindo mal?
— Pai? Você tá bem? — pergunto ao me aproximar dele.
— Filha, você chegou... Estou bem sim, querida. — Ele responde com a voz um pouco trêmula ainda com a cabeça abaixada.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...