Tortura. (cap.53)

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   Erick pega o meu celular e o do Daniel, depois ele, Carlos e Victória saem do quarto e trancam a porta pelo lado de fora.

   — Vocês estão bem? — pergunto enquanto abraço eles.

   — Não. Eu estou com muita fome e com muito medo, prima. — Sophia diz enquanto sinto seus bracinhos me apertando fortemente.

   — Eles não deram nada para vocês comerem? — Daniel pergunta.

   — Só no dia em que nos pegaram. Ontem e hoje não. — Kevin responde tristemente.

   Olho para o rosto dele e vejo uma marca, que com certeza, é do caminho das lágrimas que desceram pelo o seu rostinho. Também vejo que ele está bastante pálido.

   Como duas crianças de cinco anos conseguiram ficar todo esse tempo sem ingerir nada? E sem contar a Malu, que deve ter uns seis ou sete anos.

   Me sento no chão e Daniel faz o mesmo. Pego a minha bolsa e olho dentro dela com o intuito de achar algo para que eles se alimentem.

   Depois de tanto procurar, acabo achando duas barras de cereais apenas. Pego essas barras e dou para que eles dividam.

   Assim que vêem a barra os olhos deles brilham.

   Malu está grudada em Daniel. Ela está totalmente apavorada.

   Kevin pega a barra e divide igualmente para todos. Ele até oferece para mim e para o Daniel, mas nós negamos. Assim que as meninas recebem a barra, comem rapidamente. Parece que estavam com muita fome.

   — Eve, eu estou com muito medo... — Malu diz ao me olhar com um semblante triste.

    Me aproximo dela e do Daniel e seguro sua mão.

   — Eu e o Dani estamos aqui com você, aliás, com todos vocês. — Olho para o Kevin e para Sophia. — Tudo vai ficar bem.

   Ela sorri e Daniel também me olha sorrindo.

   Depois de um tempo, as crianças acabam adormecendo. Sophia e Kevin dormem com a cabeça em cima da minha coxa, enquanto Malu dorme nos braços do Daniel.

   —A gente está parecendo uma família. — Daniel diz sorrindo. — Eu, você e os nossos filhos.

   — Para de falar besteira. — digo rindo um pouco.

   Só o Daniel pra me fazer rir em uma situação dessas.

   Do nada, o clima bom que estava nesse cativeiro, se torna um clima pesado.

   — O que você acha que eles vão fazer com a gente? — Daniel pergunta.

   — Sinceramente, eu não tenho a mínima ideia. — Suspiro. — Mas eu sei que eles querem se vingar de mim, e não de você. Acho que eles vão libertar você e as crianças.

   — Mesmo se eles me libertarem, eu não vou embora. Não vou te deixar aqui sozinha. — Ele segura a minha mão.

   Fico apreensiva com o que ele diz. Não posso prejudicar ninguém, tudo isso está acontecendo por minha culpa. Não era nem para eles estarem aqui.

   — Dani, se eles libertarem você e as crianças, você vai ter que ir. Pense na sua irmã, ela precisa de você. — digo olhando para a Malu.

   — Evellyn, eu não posso deixar ninguém te fazer mal. — Os olhos dele lagrimejam e ele aperta a minha mão mais forte. — Eu te amo e não posso viver sem você. Eu nunca senti esse sentimento por ninguém.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora