Dia da peça {part.1} (cap.71)

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    — Oi, filha. — Meu pai diz tentando disfarçar. — Nós estamos conversando sobre uma coisa que você não pode saber. É segredo.

   — Segredo? Desde quando você e a Kelly tem segredos? — pergunto seriamente ao cruzar os braços.

    — Eve, não fica chateada, é algo só entre mim e o meu pai. — Kelly afirma.

   — Tá bom, podem ficar aqui com os segredinho de vocês, eu não vou mais atrapalhar. — digo seriamente ao subir a escada.

    Que raiva! Meu pai não deveria ficar de segredinhos com ela e nem com ninguém! Eu sei que ele também é pai dela, mas não quero vê-los de segredinhos.

    Assim que subo a escada, caminho rapidamente para o quarto, até que esbarro na minha mãe.

   — Cuidado, filha. — Ela diz ao olhar para mim. — Está tudo bem?

   — Sim, me desculpa. — peço.

   — Tá bom. Vem cá... — Ela diz sorrindo ao segurar a minha mão e caminhar até o quarto dela.

    Assim que entro, vejo várias roupinhas de bebês em cima da cama. Acho que são dos gêmeos.

    Minha mãe caminha até o armário e pega um lindo vestidinho branco, uma tiara de elástico com um laço no lado e dois sapatinhos. Ela caminha até mim e me dá o vestido.

    — É a roupa do bebê? Você já sabe o sexo? — pergunto para ela.

   — Não, eu ainda não sei o sexo dos bebês. Filha, essa foi a primeira roupinha que você usou. — Ela diz sorrindo.

   Fico olhando a roupa e tentando me imaginar dentro dela. É tão bonitinha e pequenininha. Parece uma das roupas das bonecas da Sophia. É difícil acreditar que isso coube em mim algum dia.

   — Que lindo. — digo ao olhar para roupa.

    — É sim, eu demorei meses pra escolher a primeira roupinha que você ia usar. — Ela caminha até o mesmo armário e pega algo. — Olha só! Essa foto foi tirada no dia em que você nasceu.

    Ela me dá uma foto e nessa foto vejo meu pai e uma bebezinha com o mesmo vestidinho que está na minha mão.

   — Essa sou eu? — pergunto ao apontar para a bebezinha da foto.

   — Sim. Você era tão fofinha. Essa foi a única foto que temos de você bebê. — Ela se entristece. — Eu não consegui nem ver o seu rostinho lindo. O parto foi muito difícil, quando você nasceu eu estava dormindo. Foi uma cesárea de alto risco. Quando eu acordei, já tinham levado você de mim. Seu pai e a mãe da Isabela foram as únicas pessoas que viram você na época. Eu quase morri filha, você não tem noção. — Ela suspira e seca as lágrimas que descem pela bochecha. — Se você quiser pode ficar com essa, eu fiz várias cópias.

    Realmente eu era muito fofa. Era um pouco gordinha e as minhas bochechas eram enormes.

    É muito triste saber que tudo poderia ter sido diferente. Imagino a dor da minha mãe sentiu e ainda sente por culpa daquela doente. Como será que eu seria se tivesse sido criada por eles desde que nasci?

   — Eu sinto muito por tudo, mãe. — Meus olhos lagrimejam. — Muito mesmo. Eu queria tanto que tudo fosse diferente.

   — Eu também. — Ela suspira. — Mas agora estamos juntas e ninguém vai nos separar. Eu te amo.

    — Eu também te amo muito. — digo ao dar um beijo nela e abraçá-la fortemente.

    Em seguida, vou para o meu quarto e levo a foto comigo.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora