— Mas, mãe, ela nem se parece tanto assim comigo. — Kelly afirma.
— Ela se parece com a nossa outra filha, Kelly. — O pai da Kelly afirma.
— Mas a única irmã que eu tinha não morreu? — Kelly pergunta novamente.
— Os médicos disseram que sim, mas nós nunca acreditamos nisso. A minha filha nasceu perfeitamente bem e do nada disseram que ela tinha morrido. — A mãe da Kelly diz ao chorar e ao olhar fixamente para mim.
Depois de ouvir tudo isso, me sinto mal. Eu sempre odiei meus pais por terem me abandonado daquele jeito horrível, eles me deixaram como se eu fosse um lixo, literalmente. Aliás, acho que foi isso mesmo que pensaram, pois me abandonaram na frente do orfanato enrolada em um saco de lixo. A diretora do orfanato disse que cheguei muito mal, que eu estava morrendo e que me salvei por um milagre.
— Já chega! Eu não quero ouvir mais nada. — digo ao me levantar do sofá.
— Fica calma! — A mãe da Kelly diz também ao se levantar.
Balanço a cabeça negativamente e em seguida saio correndo da casa.
— Espera, Eve! — Escuto alguém dizer, acho que é a Kelly, mas não viro para me certificar.
Corro o mais rápido que consigo, minhas pernas até estão doloridas.
Estou aos prantos. Não sei exatamente o porquê de estar assim, mas acho que é porque eu sei que não é verdade, eu sei que não sou irmã da Kelly e nem daquele garotinho. Acho que eles ficaram achando que eu era filha deles por sentirem falta do bebê que perderam.
Me sinto completamente perdida, eu quero ficar sozinha, mas se eu voltar para a casa, o Pedro e a Júlia vão me encher de perguntas, então limpo as lágrimas que descem até a minha bochecha e decido ir ao shopping sozinha.
Logo quando desço do táxi, o meu celular toca e vejo que quem está ligando é a Júlia, decido atender, pois sei que se eu não atender, do jeito que a ela e o Pedro são, eles irão chamar a polícia.
— Alô. — digo ao levar o celular até o ouvido.
— Evellyn, filha onde você está? Os pais da Kelly estão te procurando. Eles disseram a mim e ao Pedro o que aconteceu. Você está bem? — Júlia pergunta nervosa do outro lado da linha.
— Estou ótima, Júlia. Diga a eles que eu não quero conversar agora. — respondo em um tom de voz baixo.
— Tudo bem, mas onde você está?
— Não vou dizer, porque sei que você vai vir atrás de mim. Eu estou bem. Preciso desligar agora.
— Não desli... — Encerro a chamada.
Quando entro no shopping, vejo dezenas de pessoas indo pra lá e pra cá.
Decido ir à praça de alimentação, pois estou com muita fome, não tomei nem café da manhã e agora já são uma da tarde.
Quando chego lá, olho o cardápio e decido comer um hambúrguer e tomar um refrigerante.
+++
Quando termino de comer, continuo na mesa pensando em tudo o que houve.
— E aí, marrentinha. — Miguel diz ao se sentar na mesma mesa em que eu me encontro.
Fico em silêncio e nem olho na cara dele. Estou morrendo de vontade de chorar, eu sempre fico muito sensível quando penso nos meus pais.
— O que está acontecendo? Por que você não brigou comigo por eu ter te chamado de marrentinha? — Ele pergunta parecendo preocupado.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...