Pior pesadelo de todos. (cap.36)

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   Ele suspira e continua.

   — Eu conversei com muitos enfermeiros e olhei muitas gravações  nas câmeras de segurança daquela época. Em um dos vídeos, uma enfermeira estava carregando a filha de vocês para fora da maternidade, no mesmo dia em que a bebê nasceu.

   Júlia se levanta, pega a cadeira, caminha até mim, se senta ao meu lado e segura a minha mão.

   — Realmente a enfermeira que tirou a bebê de vocês do hospital faleceu, mas eu descobri que ela tinha uma cúmplice, a filha dela. Eu fui ao encontro dessa mulher e ela me contou o que aconteceu com a bebê.

   Júlia aperta a minha mão fortemente.

   — Diz logo o que aconteceu com ela. — peço em um tom de voz elevado.

   — Ela disse que a bebê ficou com ela até completar um mês de vida, depois disso a filha de vocês foi abandonada em um orfanato.

   Olho para a Júlia e vejo que está em prantos. Aperto mais forte ainda a sua mão com a intensão de acalmá-la.

   — Em que orfanato ela foi abandonada? Me diz, por favor. — Júlia suplica perplexa com o que ouvira.

   — Se eu soubesse eu diria, Júlia. — O investigador suspira novamente. — A mulher disse que não lembra o nome do orfanato. O bom é que ela está arrependida e disse que irá cooperar.

   Tadinha da minha filha. Ela não merecia passar por tudo isso. Eu queria tanto que tudo tivesse sido diferente.

   — Como assim não lembra? Ela tem que lembrar! É a nossa filha que está em jogo! — Começo a gritar, mas logo percebo que assim não irei resolver nada assim, então, diminuo o tom de voz. — Me desculpe.

   — Tudo bem. Eu entendo que vocês estão nervosos e preocupados com a filha de vocês, mas eu preciso saber, o que vocês pretendem fazer? Irão chamar a polícia?

   Eu e Júlia nos entreolhamos.

   Eu nunca tinha parado para pensar na polícia. Eu reflito e concluo que não posso chamar as autoridades, as crianças não merecem isso, elas não merecem ver a mãe na cadeia.

   — Não. — digo ao suspirar.

   — Como assim não, Pedro? A nossa filha ficou longe da gente por quatorze anos e você não quer que os culpados paguem por isso? — Júlia pergunta me olhando furiosamente.

   — É óbvio que eu quero, mas tem outras pessoas que não tem nada a ver com isso e irão sofrer se a mãe for presa. — Suspiro novamente. — A Alice, o Guilherme e principalmente a Sophia não merecem ver a mãe atrás das grades. É só por eles que eu ainda não chamei as autoridades.

   Júlia olha para o chão. Parece estar pensando. Depois de alguns minutos, ela se levanta e olha para mim com um olhar triste.

   — Você está certo. Eles não merecem essa decepção. Nós não iremos chamar a polícia. — Ela diz.

   Sorrio para ela e depois a abraço.

   — Eu irei fazer de tudo para encontrar a filha de vocês. — O investigador se levanta. — Assim que eu tiver mais notícias, retornamos a nos encontrar.

   Eu e Júlia nos afastamos, ele estende a mão e eu a aperto. Em seguida, ele sai pela porta.

   Olho para a Júlia e vejo que ela está desolada. Então me sento novamente e lhe dou outro abraço.

   Depois de alguns minutos abraçados, nos soltamos.

   — Vamos chamar a Eve para almoçar? — pergunto.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora