Ele suspira e continua.
— Eu conversei com muitos enfermeiros e olhei muitas gravações nas câmeras de segurança daquela época. Em um dos vídeos, uma enfermeira estava carregando a filha de vocês para fora da maternidade, no mesmo dia em que a bebê nasceu.
Júlia se levanta, pega a cadeira, caminha até mim, se senta ao meu lado e segura a minha mão.
— Realmente a enfermeira que tirou a bebê de vocês do hospital faleceu, mas eu descobri que ela tinha uma cúmplice, a filha dela. Eu fui ao encontro dessa mulher e ela me contou o que aconteceu com a bebê.
Júlia aperta a minha mão fortemente.
— Diz logo o que aconteceu com ela. — peço em um tom de voz elevado.
— Ela disse que a bebê ficou com ela até completar um mês de vida, depois disso a filha de vocês foi abandonada em um orfanato.
Olho para a Júlia e vejo que está em prantos. Aperto mais forte ainda a sua mão com a intensão de acalmá-la.
— Em que orfanato ela foi abandonada? Me diz, por favor. — Júlia suplica perplexa com o que ouvira.
— Se eu soubesse eu diria, Júlia. — O investigador suspira novamente. — A mulher disse que não lembra o nome do orfanato. O bom é que ela está arrependida e disse que irá cooperar.
Tadinha da minha filha. Ela não merecia passar por tudo isso. Eu queria tanto que tudo tivesse sido diferente.
— Como assim não lembra? Ela tem que lembrar! É a nossa filha que está em jogo! — Começo a gritar, mas logo percebo que assim não irei resolver nada assim, então, diminuo o tom de voz. — Me desculpe.
— Tudo bem. Eu entendo que vocês estão nervosos e preocupados com a filha de vocês, mas eu preciso saber, o que vocês pretendem fazer? Irão chamar a polícia?
Eu e Júlia nos entreolhamos.
Eu nunca tinha parado para pensar na polícia. Eu reflito e concluo que não posso chamar as autoridades, as crianças não merecem isso, elas não merecem ver a mãe na cadeia.
— Não. — digo ao suspirar.
— Como assim não, Pedro? A nossa filha ficou longe da gente por quatorze anos e você não quer que os culpados paguem por isso? — Júlia pergunta me olhando furiosamente.
— É óbvio que eu quero, mas tem outras pessoas que não tem nada a ver com isso e irão sofrer se a mãe for presa. — Suspiro novamente. — A Alice, o Guilherme e principalmente a Sophia não merecem ver a mãe atrás das grades. É só por eles que eu ainda não chamei as autoridades.
Júlia olha para o chão. Parece estar pensando. Depois de alguns minutos, ela se levanta e olha para mim com um olhar triste.
— Você está certo. Eles não merecem essa decepção. Nós não iremos chamar a polícia. — Ela diz.
Sorrio para ela e depois a abraço.
— Eu irei fazer de tudo para encontrar a filha de vocês. — O investigador se levanta. — Assim que eu tiver mais notícias, retornamos a nos encontrar.
Eu e Júlia nos afastamos, ele estende a mão e eu a aperto. Em seguida, ele sai pela porta.
Olho para a Júlia e vejo que ela está desolada. Então me sento novamente e lhe dou outro abraço.
Depois de alguns minutos abraçados, nos soltamos.
— Vamos chamar a Eve para almoçar? — pergunto.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...