Estou dormindo tranquilamente até que o despertador emite um som bem alto. Não acredito que esqueci de desligá-lo.
— Que saco! — digo ao tacá-lo no chão e voltar a dormir.
Depois que se passou um tempo, Júlia entra no quarto.
— Filha! Acorda você está atrasada para a escola. — Ela diz ao me sacudir.
— Me deixa em paz! — digo em um tom de voz baixo.
— Me deixa nada! Levante-se agora dessa cama, Evellyn Bittencourt! — Ela grita.
— Hoje não tem aula, Júlia. Me deixe em paz. Se você duvidar é só ligar para o colégio. Agora me deixa! — digo ao virar o rosto para o lado.
Acho que ela saiu do quarto, pois não escuto mais nenhuma palavra.
Quando acordo, ligo o meu celular para ver a hora e vejo que já são nove da manhã. Me levanto, vou ao banheiro, escovo meus dentes, depois pego a primeira roupa que vejo no meu armário (uma camisa branca que está escrito ''The Beatles'' no centro e que cobre a metade do meu short jeans). Depois, caminho até o banheiro novamente para tomar um bom banho.
Quando saio do banheiro, coloco o meu sapato All Star, vou até o meu armário novamente, prendo o meu cabelo com uma presilha e depois coloco o meu cordão. O pingente dele é o óculos do Harry Potter (minha saga preferida) e em seguida, pego a minha bolsa.
Quando termino de me arrumar, olho o celular novamente para ver as horas e vejo que já são dez e quinze.
— Nossa, como a hora passou rápido. — afirmo olhando para o relógio. — Bom dia. Cadê as pessoas dessa casa? — pergunto para a empregada que está limpando a casa enquanto desço para sala.
— Sua mãe e seu pai estão no quarto e os seus primos estão na sala de jogos. — Ela responde sorrindo.
— Quando o Pedro e a Júlia descerem, diga para eles que eu vou passar o dia no shopping com a Kelly, por favor. — peço ao caminhar até a porta.
— Sim, senhorita. — Ela diz.
Odeio que me chamem de senhorita, isso me dá nos nervos, mas como estou atrasada, resolvo não reclamar.
+++
— Onde a Kelly se meteu? Já são dez e quarenta e ela ainda não apareceu. — digo olhando para o relógio.
Já faz um bom tempo que eu estou esperando ela. Quem ela pensa que é para me fazer esperar desse jeito?
Quando me levanto para voltar para a casa, meu celular toca. Eu o pego e vejo que é a Kelly que está me ligando.
— Alô? Evellyn? — Ela diz assim que atendo a ligação.
— Não, aqui é a rainha da Inglaterra! — digo sarcasticamente. — Cadê você? Eu não vou ficar o dia todo aqui te esperando.
— É que eu me enrolei com algumas coisas e acabei me atrasando. Me encontre aqui em casa. — Ela pede.
— Olha, eu só vou até aí porque eu estou de bom humor. Qual é o seu endereço?
Ela me manda o endereço e depois desliga o celular.
Estou procurando um táxi já faz cinco minutos. Quando a gente não precisa de um aparece um montão, agora quando a gente precisa...
Depois de um bom tempo, um táxi finalmente aparece.
— Bom dia, minha jovem. — O taxista me cumprimenta sorrindo.
— Só se for pra você. — digo seriamente ao guardar meu celular na bolsa.
— Problemas? — Ele pergunta olhando pelo retrovisor.
— Desculpa, mas acho que isso não é da sua conta. — digo rudemente.
Ele me olha com uma cara brava, mas não diz nada.
O taxista me deixa em frente a casa da Kelly, que por sinal é bem grande, mas não é maior que a minha.
Toco a campainha, e em seguida, um menino abre a porta.
— Quem é você? — Ele pergunta me encarando.
Ele é bem pequenininho. Parece ter uns seis anos e é a cara da Kelly.
— Uma colega da Kelly. Ela está aqui? — digo tentando olhar para dentro.
— Eu não posso dizer, você é uma pessoa estranha e eu não posso falar com estranhos. — Ele responde seriamente.
— Olha aqui, pirralho, se você não chamar ela, eu vou socar o seus nariz e fazê-lo ficar igual ao de um palhaço. — digo em um tom de voz ameaçador.
Ele me olha com os olhos arregalados de tanto medo e depois sai correndo e gritando.
— Keh! Keh! Ela quer deixar o meu nariz igual o do palhaço! — Ele diz chorando ao correr em direção a Kelly.
Entro na casa e logo o avisto agarrado com a Kelly. Estou rindo muito, mas ao mesmo tempo estou com dó dele.
— O que você fez com o meu irmãozinho, Eve? — Kelly pergunta ao olhar para mim.
— Eu não fiz nada, ele que não quis deixar eu entrar. Esse menino é muito sensível — digo rindo ao olhar para ele.
— Eu não sou sensível nada! — Ele grita ao mostrar a língua.
— Você é sensível sim, pirralho! — digo também mostrando a língua.
— Não sou não! — Ele faz bico.
— É sim!
— Não sou! Sua feia! — Ele diz quase chorando novamente.
— Já chega vocês dois! — Kelly diz em um tom de voz alto e revirando os olhos. — Você parece criança, Evellyn.
— Pareço nada. Quer saber, acho melhor irmos logo, está ficando tarde. — digo apontando para o relógio.
— Chegamos, meus amores. — diz uma mulher ao entrar pela porta ao lado de um homem.
— Oi, mamãe. Oi, papai. — O menino diz sorrindo.
Assim que eles me vêem, sinto um clima estranho começar a pairar no ar. Será que eu tô feia? Pensando bem, eu já deveria estar acostumada a ser o centro das atenções por onde eu passo.
— Q-Qual é o seu nome? — A mulher pergunta gaguejando ao caminhar até mim.
— Evellyn. — respondo ainda estranhando o jeito que eles me olham.
— Evellyn, qual seu sobrenome? — Ela pergunta novamente.
Eu e Kelly trocamos olhares. Sei que ela também está estranhando isso tudo.
— Bittencourt. Meu nome é Evellyn Bittencourt. — respondo novamente ao me sentar no sofá.
— Você se parece muito com a minha filha. — Ela diz com um sorriso meio triste.
— Sua filha? — pergunto ao olhar para a Kelly novamente.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...