Shopping. (cap.16)

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   Estou dormindo tranquilamente até que o despertador emite um som bem alto. Não acredito que esqueci de desligá-lo.

   — Que saco! — digo ao tacá-lo no chão e voltar a dormir.

   Depois que se passou um tempo, Júlia entra no quarto.

   — Filha! Acorda você está atrasada para a escola. — Ela diz ao me sacudir.

   — Me deixa em paz! — digo em um tom de voz baixo.

   — Me deixa nada! Levante-se agora dessa cama, Evellyn Bittencourt! — Ela grita.

   — Hoje não tem aula, Júlia. Me deixe em paz. Se você duvidar é só ligar para o colégio. Agora me deixa! — digo ao virar o rosto para o lado.

   Acho que ela saiu do quarto, pois não escuto mais nenhuma palavra.

   Quando acordo, ligo o meu celular para ver a hora e vejo que já são nove da manhã. Me levanto, vou ao banheiro, escovo meus dentes, depois pego a primeira roupa que vejo no meu armário (uma camisa branca que está escrito ''The Beatles'' no centro e que cobre a metade do meu short jeans). Depois, caminho até o banheiro novamente para tomar um bom banho.

    Quando saio do banheiro, coloco o meu sapato All Star, vou até o meu armário novamente, prendo o meu cabelo com uma presilha e depois coloco o meu cordão. O pingente dele é o óculos do Harry Potter (minha saga preferida) e em seguida, pego a minha bolsa.

   Quando termino de me arrumar, olho o celular novamente para ver as horas e vejo que já são dez e quinze.

   — Nossa, como a hora passou rápido. — afirmo olhando para o relógio. — Bom dia. Cadê as pessoas dessa casa? — pergunto para a empregada que está limpando a casa enquanto desço para sala.

   — Sua mãe e seu pai estão no quarto e os seus primos estão na sala de jogos. — Ela responde sorrindo.

   — Quando o Pedro e a Júlia descerem, diga para eles que eu vou passar o dia no shopping com a Kelly, por favor. — peço ao caminhar até a porta.

   — Sim, senhorita. — Ela diz.

   Odeio que me chamem de senhorita, isso me dá nos nervos, mas como estou atrasada, resolvo não reclamar.

+++

   — Onde a Kelly se meteu? Já são dez e quarenta e ela ainda não apareceu. — digo olhando para o relógio.

   Já faz um bom tempo que eu estou esperando ela. Quem ela pensa que é para me fazer esperar desse jeito?

   Quando me levanto para voltar para a casa, meu celular toca. Eu o pego e vejo que é a Kelly que está me ligando.

   — Alô? Evellyn? — Ela diz assim que atendo a ligação.

   — Não, aqui é a rainha da Inglaterra! — digo sarcasticamente. — Cadê você? Eu não vou ficar o dia todo aqui te esperando.

   — É que eu me enrolei com algumas coisas e acabei me atrasando. Me encontre aqui em casa. — Ela pede.

   — Olha, eu só vou até aí porque eu estou de bom humor. Qual é o seu endereço?

   Ela me manda o endereço e depois desliga o celular.

  Estou procurando um táxi já faz cinco minutos. Quando a gente não precisa de um aparece um montão, agora quando a gente precisa...

   Depois de um bom tempo, um táxi finalmente aparece.

   — Bom dia, minha jovem. — O taxista me cumprimenta sorrindo.

   — Só se for pra você. — digo seriamente ao guardar meu celular na bolsa.

   — Problemas? — Ele pergunta olhando pelo retrovisor.

   — Desculpa, mas acho que isso não é da sua conta. — digo rudemente.

   Ele me olha com uma cara brava, mas não diz nada.

   O taxista me deixa em frente a casa da Kelly, que por sinal é bem grande, mas não é maior que a minha.

   Toco a campainha, e em seguida, um menino abre a porta.

   — Quem é você? — Ele pergunta me encarando.

   Ele é bem pequenininho. Parece ter uns seis anos e é a cara da Kelly.

  — Uma colega da Kelly. Ela está aqui? — digo tentando olhar para dentro.

   — Eu não posso dizer, você é uma pessoa estranha e eu não posso falar com estranhos. — Ele responde seriamente.

   — Olha aqui, pirralho, se você não chamar ela, eu vou socar o seus nariz e fazê-lo ficar igual ao de um palhaço. — digo em um tom de voz ameaçador.

    Ele me olha com os olhos arregalados de tanto medo e depois sai correndo e gritando.

   — Keh! Keh! Ela quer deixar o meu nariz igual o do palhaço! — Ele diz chorando ao correr em direção a Kelly.

   Entro na casa e logo o avisto agarrado com a Kelly. Estou rindo muito, mas ao mesmo tempo estou com dó dele.

   — O que você fez com o meu irmãozinho, Eve? — Kelly pergunta ao olhar para mim.

   — Eu não fiz nada, ele que não quis deixar eu entrar. Esse menino é muito sensível — digo rindo ao olhar para ele.

   — Eu não sou sensível nada! — Ele grita ao mostrar a língua.

   — Você é sensível sim, pirralho! — digo também mostrando a língua.

   — Não sou não! — Ele faz bico.

   — É sim!

   — Não sou! Sua feia! — Ele diz quase chorando novamente.

   — Já chega vocês dois! — Kelly diz em um tom de voz alto e revirando os olhos. — Você parece criança, Evellyn.

   — Pareço nada. Quer saber, acho melhor irmos logo, está ficando tarde. — digo apontando para o relógio.

   — Chegamos, meus amores. — diz uma mulher ao entrar pela porta ao lado de um homem.

   — Oi, mamãe. Oi, papai. — O menino diz sorrindo.

   Assim que eles me vêem, sinto um clima estranho começar a pairar no ar. Será que eu tô feia? Pensando bem, eu já deveria estar acostumada a ser o centro das atenções por onde eu passo.

   — Q-Qual é o seu nome? — A mulher pergunta gaguejando ao caminhar até mim.

   — Evellyn. — respondo ainda estranhando o jeito que eles me olham.

   — Evellyn, qual seu sobrenome? — Ela pergunta novamente.

   Eu e Kelly trocamos olhares. Sei que ela também está estranhando isso tudo.

   — Bittencourt. Meu nome é Evellyn Bittencourt. — respondo novamente ao me sentar no sofá.

   — Você se parece muito com a minha filha. — Ela diz com um sorriso meio triste.

   — Sua filha? — pergunto ao olhar para a Kelly novamente.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora