— O pneu furou mesmo. — Pedro afirma ao apertá-lo.
— Isso não pode estar acontecendo. — Júlia diz ao sair do carro.
Em seguida, saio do carro também.
— Você não trouxe nenhum outro pneu? — Olho para o porta-malas.
— Não, mas não se preocupe, filha. — Ele diz sorrindo. Ele parece estar preocupado, apesar de tentar disfarçar.
— Como vamos nós sair daqui agora, Pedro? — Júlia pergunta com a voz elevada.
— Calma! Ficar histérica não irá resolver nada. — Pedro responde já perdendo a paciência.
— Mas como você quer que eu fique? Estamos perdidos no meio do nada! — Júlia pergunta com o tom de voz ainda elevado.
Fico observando os dois discutirem. Será que eles não percebem que isso não vai levar a nada?
— Eu quero que vocês duas fiquem calmas. Eu vou ligar para o reboque. — Pedro pega o celular e digita alguns números.
— E então? — pergunto ao olhar para o celular e depois para ele.
— Sem sinal. — Ele diz um pouco aflito. — Vamos esperar um pouco aqui, se não aparecer ninguém eu vou procurar ajuda.
+++
O tempo passa e agora são exatamente oito horas.
— Pedro já se passaram três horas e ninguém apareceu. Você precisa fazer alguma coisa. — Júlia diz preocupada.
Não sei porquê, mas estou sentindo que algo ruim vai acontecer.
— Eu vou procurar ajuda. — Ele diz.
— Não vai, por favor. — peço aflita ao me aproximar dele.
Não sei o que está acontecendo comigo. Essa sensação ruim não me deixa em paz.
— Se eu não for, nós não conseguiremos sair daqui, filha. Eu prometo que não irei longe. — Ele sorri ao olhar para mim.
— Pedro, eu estou com um pressentimento ruim. Não vai por favor, ou então me deixe ir com você. — peço ao sair do carro também.
— Não. É melhor você ficar aqui com a sua mãe até eu voltar.
— Deixe ele ir, Eve, só assim nós conseguiremos sair daqui. — Júlia diz de dentro do carro.
Apesar de sentir que algo vai acontecer, eu sei que a Júlia está certa. Se eu não deixá-lo ir, não iremos conseguir sair daqui.
— Tudo bem, mas promete que não vai muito longe? — peço um pouco apreensiva.
— Prometo. — Ele diz sorrindo. — Agora tenho que ir.
Ao dar um beijo em Júlia, ele diz:
— Cuida bem dela. Eu te amo.
Em seguida, ele vem, me dá um beijo e depois me dá um abraço.
— Se comporta, meu amor. Eu também te amo muito.
Eu sorrio para ele.
Após, ele caminha em uma direção até desaparecer.
Entro no carro, pego meu celular e começo a escutar músicas.
— Eve, é melhor você parar de ouvir músicas, nós devemos economizar bateria. — Júlia alerta ao olhar para mim.
— Ai, que saco! — Digo rudemente ao retirar o fone.
Ótimo, agora estou sem nada para fazer.
Fico esperando o Pedro voltar por alguns minutos, mas acabo dormindo.
Quando acordo, olho para o celular e a claridade ofusca a minha visão. Nossa... Já são nove e dez da manhã.
— O Pedro já voltou? — pergunto ao coçar meus olhos.
— Ainda não. — Júlia responde. Ela parece estar preocupada.
— Já se passaram uma hora e dez minutos e ele ainda não voltou?
— Pois é, eu não queria te dizer, mas eu estou começando a ficar preocupada.
Deve ter acontecido alguma coisa... Eu não deveria ter deixado ele ir.
— Eu sabia que iria acontecer alguma coisa ruim. Eu sou uma idiota, eu deveria ter ido com ele. — digo ao tentar segurar as lágrimas.
— Ei! Não aconteceu nada com ele, tá? Ele já deve estar voltando. — Júlia diz quase chorando.
Quando ela termina de falar, decido sair do carro. Se eu ficar aqui, vou acabar pensando em coisas ruins.
— Aonde você vai? — Ela pergunta.
— Preciso respirar um pouco. — respondo ao abrir a porta do carro.
Quando saio, olho para os lados e não vejo ninguém. Isso me dá uma agonia imensa. Eu me sento no chão, me encosto na roda do carro e fico pensando. Depois de um tempo, Júlia sai do carro e se senta do meu lado com um sanduíche.
— Quer um? — Ela pergunta quando termina de mastigar.
— Não. — respondo seriamente. — Como você consegue comer com tudo isso acontecendo?
— Passar fome não vai resolver nada. — Ela diz sorrindo.
Balanço a cabeça negativamente.
Olho para a estrada e vejo um carro preto vindo em nossa direção. Logo quando o vejo, corro em sua direção acenando para que pare e Júlia faz o mesmo. O carro para e dele saem dois homens e uma mulher.
— Vocês precisam de ajuda? — pergunta um dos homens ao olhar para o nosso carro.
Eles estão sorrindo para a gente. Não sei, mas não gostei nenhum pouco deles.
— Sim, o nosso pneu furou. Será que tem como vocês nos ajudarem? — Júlia pergunta.
— Claro que sim. — A mulher responde ainda sorrindo.
Ela tem os cabelos curtos e é um pouquinho alta. Parece ter uns vinte e poucos anos.
— Quais são os nomes de vocês? —pergunto desconfiada.
— Bem, eu sou a Victória, mas prefiro ser chamada de Vick, e esses são Erick e Carlos, meus irmãos.
Carlos é o mais novo, ele parece ter dezoito anos. Ele é alto e seus cabelos são pretos.
Erick tem os cabelos compridos, é alto como o Carlos e aparenta ter vinte e poucos anos, mas no entanto, parece ser mais velho que a Victória.
— Vocês estão sozinhas? — Carlos pergunta.
— Sim. Meu marido foi procurar ajuda. — Júlia responde.
— Isso é ótimo. — diz Erick ao olhar para a Vick e para o Carlos.
Quando ele diz isso, sinto um calafrio se espalhar por todo o meu corpo.
— Pegue a menina, Carlos. — Victória diz olhando para mim.
Quando ela diz isso, até tento correr, mas ele me alcança. Ele me agarra e me segura tão forte que eu não consigo nem me mexer.
— Me solta! Me solta! — grito desesperadamente.
— Solta ela, por favor. — Júlia pede chorando ao tentar se soltar dos braços do Erick.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...