Perdidos no meio do nada. (cap.10)

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   — O pneu furou mesmo. — Pedro afirma ao apertá-lo.

   — Isso não pode estar acontecendo. — Júlia diz ao sair do carro.

   Em seguida, saio do carro também.

   — Você não trouxe nenhum outro pneu? — Olho para o porta-malas.

   — Não, mas não se preocupe, filha. — Ele diz sorrindo. Ele parece estar preocupado, apesar de tentar disfarçar.

   — Como vamos nós sair daqui agora, Pedro? — Júlia pergunta com a voz elevada.

   — Calma! Ficar histérica não irá resolver nada. — Pedro responde já perdendo a paciência.

   — Mas como você quer que eu fique? Estamos perdidos no meio do nada! — Júlia pergunta com o tom de voz ainda elevado.

   Fico observando os dois discutirem. Será que eles não percebem que isso não vai levar a nada?

   — Eu quero que vocês duas fiquem calmas. Eu vou ligar para o reboque. — Pedro pega o celular e digita alguns números.

   — E então? — pergunto ao olhar para o celular e depois para ele.

   — Sem sinal. — Ele diz um pouco aflito. — Vamos esperar um pouco aqui, se não aparecer ninguém eu vou procurar ajuda.

  +++

   O tempo passa e agora são exatamente oito horas.

   — Pedro já se passaram três horas e ninguém apareceu. Você precisa fazer alguma coisa. — Júlia diz preocupada.

   Não sei porquê, mas estou sentindo que algo ruim vai acontecer.

   — Eu vou procurar ajuda. — Ele diz.

   — Não vai, por favor. — peço aflita ao me aproximar dele.

   Não sei o que está acontecendo comigo. Essa sensação ruim não me deixa em paz.

    — Se eu não for, nós não conseguiremos sair daqui, filha. Eu prometo que não irei longe. — Ele sorri ao olhar para mim.

   — Pedro, eu estou com um pressentimento ruim. Não vai por favor, ou então me deixe ir com você. — peço ao sair do carro também.

   — Não. É melhor você ficar aqui com a sua mãe até eu voltar.

   — Deixe ele ir, Eve, só assim nós conseguiremos sair daqui. — Júlia diz de dentro do carro.

   Apesar de sentir que algo vai acontecer, eu sei que a Júlia está certa. Se eu não deixá-lo ir, não iremos conseguir sair daqui.

   — Tudo bem, mas promete que não vai muito longe? — peço um pouco apreensiva.

   — Prometo. — Ele diz sorrindo. — Agora tenho que ir.

   Ao dar um beijo em Júlia, ele diz:

  — Cuida bem dela. Eu te amo.

   Em seguida, ele vem, me dá um beijo e depois me dá um abraço.

  — Se comporta, meu amor. Eu também te amo muito.

   Eu sorrio para ele.

   Após, ele caminha em uma direção até desaparecer.

   Entro no carro, pego meu celular e começo a escutar músicas.

   — Eve, é melhor você parar de ouvir músicas, nós devemos economizar bateria. — Júlia alerta ao olhar para mim.

   — Ai, que saco! — Digo rudemente ao retirar o fone.

   Ótimo, agora estou sem nada para fazer.

   Fico esperando o Pedro voltar por alguns minutos, mas acabo dormindo.

   Quando acordo, olho para o celular e a claridade ofusca a minha visão. Nossa... Já são nove e dez da manhã.

   — O Pedro já voltou? — pergunto ao coçar meus olhos.

   — Ainda não. — Júlia responde. Ela parece estar preocupada.

   — Já se passaram uma hora e dez minutos e ele ainda não voltou?

   — Pois é, eu não queria te dizer, mas eu estou começando a ficar preocupada.

   Deve ter acontecido alguma coisa... Eu não deveria ter deixado ele ir.

   — Eu sabia que iria acontecer alguma coisa ruim. Eu sou uma idiota, eu deveria ter ido com ele. — digo ao tentar segurar as lágrimas.

   — Ei! Não aconteceu nada com ele, tá? Ele já deve estar voltando. — Júlia diz quase chorando.

   Quando ela termina de falar, decido sair do carro. Se eu ficar aqui, vou acabar pensando em coisas ruins.

   — Aonde você vai? — Ela pergunta.

   — Preciso respirar um pouco. — respondo ao abrir a porta do carro.

   Quando saio, olho para os lados e não vejo ninguém. Isso me dá uma agonia imensa. Eu me sento no chão, me encosto na roda do carro e fico pensando. Depois de um tempo, Júlia sai do carro e se senta do meu lado com um sanduíche.

   — Quer um? — Ela pergunta quando termina de mastigar.

   — Não. — respondo seriamente. — Como você consegue comer com tudo isso acontecendo?

    — Passar fome não vai resolver nada. — Ela diz sorrindo.

   Balanço a cabeça negativamente.

   Olho para a estrada e vejo um carro preto vindo em nossa direção. Logo quando o vejo, corro em sua direção acenando para que pare e Júlia faz o mesmo. O carro para e dele saem dois homens e uma mulher.

   — Vocês precisam de ajuda? — pergunta um dos homens ao olhar para o nosso carro.

   Eles estão sorrindo para a gente. Não sei, mas não gostei nenhum pouco deles.

   — Sim, o nosso pneu furou. Será que tem como vocês nos ajudarem? — Júlia pergunta.

   — Claro que sim. — A mulher responde ainda sorrindo.

   Ela tem os cabelos curtos e é um pouquinho alta. Parece ter uns vinte e poucos anos.

   — Quais são os nomes de vocês? —pergunto desconfiada.

   — Bem, eu sou a Victória, mas prefiro ser chamada de Vick, e esses são Erick e Carlos, meus irmãos.

   Carlos é o mais novo, ele parece ter dezoito anos. Ele é alto e seus cabelos são pretos.

   Erick tem os cabelos compridos, é alto como o Carlos e aparenta ter vinte e poucos anos, mas no entanto, parece ser mais velho que a Victória.

   — Vocês estão sozinhas? — Carlos pergunta.

   — Sim. Meu marido foi procurar ajuda. — Júlia responde.

   — Isso é ótimo. — diz Erick ao olhar para a Vick e para o Carlos.

   Quando ele diz isso, sinto um calafrio se espalhar por todo o meu corpo.

   — Pegue a menina, Carlos. — Victória diz olhando para mim.

   Quando ela diz isso, até tento correr, mas ele me alcança. Ele me agarra e me segura tão forte que eu não consigo nem me mexer.

   — Me solta! Me solta! — grito desesperadamente.

   — Solta ela, por favor. — Júlia pede chorando ao tentar se soltar dos braços do Erick.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora